terça-feira, 20 de setembro de 2016

Fotógrafo brigantino foi à descoberta do Pólo Norte



Pedro Rego é um fotógrafo brigantino que se aventurou à descoberta do Pólo Norte, para um registo fotográfico ímpar. Registou os efeitos do degelo, que este ano surpreendeu os cientistas pelos efeitos prolongados. Uma viagem que só foi possível graças a uma iniciativa de crowdfunding (donativos feitos pela internet). Pedro Rego aceitou fazer o relato da viagem na primeira pessoa de uma viagem que incluiu diversas peripécias e acabou prolongada mais alguns dias devido a uma avaria do quebra-gelo.
 

A chegada a Longyerbyen foi uma descarga de adrenalina e alguma emoção. Olhar em redor para aquelas montanhas cheias de neve e gelo em Junho e começar a viver uma aventura que há tanto ansiava e planeava, obviamente tinham que despoletar algo cá dentro. Foram cerca de 6 meses de preparação e planeamento para que tudo corresse bem! Começava a minha aventura na terra do gelo e dos Ursos Polares.

Por vezes perguntam-me o porquê  deste projeto. Porquê o Pólo Norte? Por 3 razões.
A 1ª porque desde há já algum tempo que o problema do aquecimento global e das alterações climáticas me tem preocupado, creio que num futuro não muito longinquo será um dos maiores problemas com que o Homem terá que lidar. Pois nada melhor que dirigir-me ao local do globo que está a ser mais afetado com estas alterações para poder ver e relatar a situação do Ártico. A 2ª pelo aspeto conservacionista, não só do Ártico em si, mas de um animal que também sempre me impressionou, o Urso Polar. É um dos animais mais ameaçados neste momento, correndo mesmo algum perigo de extinção. A 3ª razão é uma razão mais pessoal. Sempre foi um objetivo/sonho meu poder pisar as áridas terras do Ártico, navegar pelo mar gelado em direção ao Pólo Norte e estar perto de um urso polar. Felizmente tudo correu bem e consegui, mas não sem haver algumas peripécias pelo caminho.
O primeiro dia em Longyerbyen foi passado a recolher imagens da localidade e pouco mais deu, cheguei ao meio dia e, entre arranjar as coisas para a expedições dos próximos dias e o cansaço acumulado de mais de 30 horas de viagem, entre 4 escalas de avião, esperas no aeroporto e viagem de automovel para madrid, venceram o corpo e o cansaço era bastante. Tinha que recuperar energias pois os próximos dias não iam ser fáceis.
No dia seguinte saí em direção ao Norte e ao mar gelado. Quanto mais a norte íamos mais fascinado ficava com a paisagem! Enormes picos de neve, nuvens envolvendo esses picos e línguas glaciares de puro gelo com décadas de existência, mergulhavam no mar. Não demorou muito até ver o primeiro urso polar, uma fêmea percorria a costa com o seu filhote.
A aproximação era impossível para a recolha de imagens, pois estavam a viajar e a andar com alguma velocidade. Mas más noticias...pela observação ambos se encontravam num estado de subnutrição e, ou a mãe arranja uma boa quantidade de alimento, ou a cria não irá sobreviver ao próximo inverno. Continuámos para Norte e quando estávamos a fazer uma aproximação a outro urso, o pior aconteceu.
O motor do barco partiu e ficámos à deriva em pleno oceano Ártico.

(Artigo completo disponível para assinantes ou na edição impressa. Texto e fotos: Pedro Rego)
Por: AGR
Retirado de www.mdb.pt

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