Era eu estudante em Coimbra quando pela primeira vez ouvi uma morna. Fiquei encantada com a sonoridade, com a ternura, com a delicadeza das mornas.
Cabo Verde é um pequeno país no mapa deste pequeno mundo onde habitamos. Nunca lá fui embora tenha vontade de o fazer mas, neste momento, fica incomensuravelmente mais pobre: morreu a mulher que internacionalizou a sua canção.Cesária Évora era única. Ninguém conseguia ser como ela. A sua voz, absolutamente inconfundível. A sua presença, de uma simplicidade desarmante. Tão mulher, tão humana, com todas as virtudes e vícios que nos fazem ser o que somos.
As mornas que ouvi em Coimbra, cantadas por colegas caboverdianos da faculdade, ainda soam nos meus ouvidos. Nada me fará esquecer aquela sonoridade que se confunde, na minha alma, com o fado de Coimbra e as suas serenatas cantadas ao luar.
Cesária adormeceu num sono sem volta mas, nunca morrerá enquanto existirem as mornas que o seu povo canta.
Até sempre.
Mara Cepeda
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