Helicóptero
tem maior dimensão, o que impede que aterre nos heliportos dos hospitais de
Bragança, Mirandela e Maçarelos, no Porto
O helicóptero do INEM, sediado em Macedo de Cavaleiros, não
pode aterrar em alguns heliportos, nomeadamente nos dos hospitais de Bragança,
Mirandela e Massarelos, no Porto, usado para helitransportes para o Hospital de
Santo António, naquela mesma cidade. A aeronave foi substituída, pelo INEM, e
tem até mais autonomia, mas tem maiores dimensões, o que significa que estes
heliportos não estão certificados para a sua aterragem. No dia 1 de Janeiro
entrou em vigor o contrato entre o INEM e a Avincis, empresa que detém o contrato
de operação dos helicópteros de emergência médica e, nessa data, foi alocado a
Macedo este helicóptero que, até então, estava na base de Évora. A
transferência aconteceu porque a Avincis entendeu colocar duas das bases do
país, Évora e Viseu, a trabalhar apenas 12h, ao invés das 24 que, até ali,
cumpriam. Desta feita, as duas que fazem serviço em permanência, a de Macedo de
Cavaleiros e a de Loulé, ficam também responsáveis pela área não assegurada
durante o período nocturno pelos helicópteros das outras bases. Toda esta
situação está a potenciar algo que, de todo, não se queria, “brincar com a
saúde da população”, segundo considera o presidente do Sindicato dos
Profissionais da Aviação Civil, Tiago Lopes, uma vez que os tempos de
transporte de doentes entre hospitais demora, agora, em alguns casos, bastante
mais que o normal. Refira-se que, neste momento, uma transferência entre
Bragança e o Porto demora mais 50 minutos do que o habitual e de Bragança para
Vila Real demora mais 40 minutos. Uma entrega em Bragança, após um acidente
grave, demora mais 20 minutos. “A população corre o risco de não ser socorrida
devidamente. Por enquanto ainda não aconteceu nada, mas poderá implicar uma
morte”, rematou, dizendo que depois será necessário, caso isso mesmo venha a
acontecer, apurar culpas. “Alguém vai ter de assumir essa responsabilidade
porque nós já alertámos para isso e não há a desculpa de que não sabiam.
Estamos a brincar com o segurança da população, tudo com o dinheiro do Estado”,
assinalou ainda. 80% dos doentes socorridos pelo helicóptero sediado em Macedo
de Cavaleiros passam por Bragança e 90% dos transportes que têm como o destino
o Porto são para Massarelos, dois dos heliportos onde a actual aeronave não
pode aterrar. Agora, em Bragança, por exemplo, a aterragem tem de ser feita no
aeródromo, que fica a cerca de 11 quilómetros da unidade hospitalar. O que
Tiago Lopes não entende é que a empresa está a receber mais este ano e a
prestar um serviço inferior. “Saiu do Conselho de Ministros que iria fazer este
ajuste directo por seis milhões de euros porque o concurso foi muito em cima da
hora. Mas esse ajuste directo tinha de manter os serviços do contrato actual da
altura, que eram quatro helicópteros 24h. Agora a empresa recebe os seis
milhões, como se estivesse a fazer um serviço a 100%, quando na realidade está
a fazer um serviço a 75%. Ganha mais dinheiro e serve menos a população, isto
tudo com o erário público”, lamentou. Segundo esclareceu ainda, conforme terá
dito o presidente do INEM, quando abriu o concurso concorreram duas empresas
mas quanto à outra que concorreu não sabe qual foi o desfecho.
Autarca
de Bragança afirma que socorro está comprometido
O presidente da Câmara Municipal de Bragança não tem dúvidas
de que não foi acautelado o socorro da população. Hernâni Dias mostrou-se
preocupado com a situação, uma vez que a nova aeronave tem agora de aterrar no
aeródromo da Bragança, a 11 Km do hospital da cidade, ficando “seriamente
comprometido” o socorro. “O socorro deve ser garantido imediatamente quando há
necessidade de o fazer e por isso é que se trata de um transporte aéreo, que é
para chegar muito mais rápido aos locais. Neste caso concreto há, de facto,
esta falha enorme porque sabemos que um segundo salva-vidas ou deixa que as
vidas desapareçam”, afirmou. Segundo o autarca, foi pedido para o helicóptero
aterrasse no estádio municipal, logo ao lado do hospital. No entanto, Hernâni
Dias explicou que o estádio, no Inverno, “está completamente encharcado e
qualquer aeronave vai enterrar-se completamente e vai provocar danos
gravíssimos na infra-estrutura”, além de não ter “uma estrutura montada que
permita abrir o estádio e ligar as luzes à noite para garantir a segurança da
operação”. “Se o heliporto estava certificado para um helicóptero mais pequeno
não permite que aterre lá um helicóptero maior que diremos de um estádio
municipal que nunca teve certificação para nada. Se é por falta de certificação
não faz sentido nenhum o argumento”, vincou. Depois de o Sindicato dos
Profissionais da Aviação Civil ter alertado que, com esta situação, o tempo de
transporte de doentes entre hospitais demore mais 50 minutos e pode mesmo
resultar em mortes, o presidente da câmara de Bragança quer que seja encontrada
uma solução rapidamente. “Eu não sou especialista nem tenho conhecimentos
técnicos para a apontar uma solução, mas espero que haja alguma que garanta,
pelo menos, o mesmo nível de socorro à população que já existia e que não
fiquemos prejudicados”, concluiu. A juntar-se a isso, desde 1 de Janeiro, dois
dos quatros helicópteros de emergência médica ao serviço do INEM passaram a
operar apenas 12 horas por dia, quando antes o faziam 24 horas.
Foto: Rádio Onda Livre
Jornalistas: Carina Alves/Ângela Pais
Retirado de www.jornalnordeste.com
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