domingo, 31 de julho de 2011

Aqui está a 3ª entrevista do "Nordeste com Carinho"

Esta é a 3ª semana de existência do nosso blogue. Temos um entrevistado com provas dadas no mundo académico e na vida da região, possuidor de ideias excelentes, algumas convenientemente aplicadas,  outras que, se o fossem, poderiam mudar a face desta região para melhor.
Professor Doutor Francisco Terroso Cepeda que muitos conhecem, carinhosamente, por Chico Cepeda, aqui deixamos a sua entrevista para deleite de todos aqueles que nos acompanham.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Olá e boas férias para quem pode tê-las está a precisar delas...

Amigos,

Estamos a chegar ao fim-de-semana. O tempo corre veloz e, quando damos por ele, já passou mais uma semana. É quase estonteante a forma como a vida passa, sem nos dar tempo para nos apercebemos que é necessário vivê-la o melhor possível.
Esta voracidade faz com que nos esqueçamos, por vezes, do mais importante: a família, os amigos, nós próprios.
Os nossos pequenos prazeres, como a leitura, o cinema, um copo com a malta... passam para segundo plano.
Aproveitemos as férias para recuperar o tempo perdido.
Boas férias, mas não deixem de nos visitar. A próxima entrevista será publicada no domingo e o entrevistado é o Professor Francisco Terroso Cepeda.
Até já. 

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Entrevista com Teófilo Vaz

À entrevista de Teófilo Vaz demos-lhe o nome de “À procura da irreverência”.

Com tenra idade acompanhou os seus pais na ida para Angola regressando depois de completar o quinto ano. Que recordações guarda desse tempo?


Não guardo grandes recordações do continente Africano. Isto é, o continente Africano para mim não constitui nenhum fascínio especial. Vivi numa zona tropical húmida que não me era muito agradável. Desde a minha infância, fui para lá ainda não tinha cinco anos mas, ao fim de pouco tempo sentia a falta de referências, provavelmente não tinha consciência delas mas tinham a ver com o contexto em que nasci e em que gerações anteriores a mim cresceram e viveram. Portanto, de facto, África e, neste caso, Angola e o Norte de Angola, ao contrário do que acontece com a generalidade das pessoas que por lá estiveram, não constitui para mim um tempo gratificante. Foi um tempo que…

Faltavam-lhe raízes?

Faltavam-me referências, as coisas pareciam-me estranhas. Isto é, o clima, a cor da terra, a vegetação eram-me sempre estranhas, portanto, eu não me sentia propriamente no meu ninho. Sentia que estava bastante distanciado do que era autêntico para mim, daquilo que me suportava. Portanto tive sempre aquilo que eu chamo saudades do desconhecido, no fundo, pelo menos conscientemente desconhecido. E a primeira vez que vim passar férias, aos dez anos, senti desde logo que o meu espaço era efectivamente este.

Era aqui que queria voltar mais tarde?

Sim! Foi o que aconteceu. Com16 anos vim deliberadamente para Bragança….

Era uma diferença… bastante frio… lá calor, cá frio, havia essa diferença que também se notava.

Já escrevi uma vez que o ambiente, vamos lá, eu sentia o ambiente como um ambiente apodrecido em África. A humidade era muita, de facto, durante nove meses chovia todos os dias e o céu estava plúmbeo permanentemente, ou quase e de facto, não celebrava aquela presença, sentia-me deslocado.

Era um hábito que o corpo não queria, durante esse tempo todo.
                                         
Sim, de facto, eu também era atreito a muitas, como é que lhe havemos chamar? Muitas doenças, digamos assim, aquele espaço e aquele clima, também um clima muito propicio a determinado tipo de infecções, e por aí fora, e eu durante essa minha infância de três em três meses estava doente. Enfim, não foi de facto, um tempo gratificante.

Não foi um tempo que recorde com especial carinho?

Não! Não foi. No fundo, a minha família foi para Angola para melhorar, naturalmente a vida e proporcionar um futuro melhor para os filhos. O que é verdade é que aceitando isso e reconhecendo que a África ajudou a que eu pudesse fazer um percurso eventualmente mais cómodo do que a generalidade das pessoas da minha aldeia e da minha região. Não foi uma coisa que me deixasse grandes saudades.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Agradecimento

Amadeu,
Permita-nos que publiquemos a pequena/grande (a qualidade do poema é indiscutível) graça do seu enorme sacrifício (500 km para cá, 500 km para lá), só para nos apoiar no lançamento do blogue.



mil quilómetros por um abraço

puode parecer un açago

de quilómetros para tan pouco,

mas nin estes son de mais

i aquel ye quanto bonde
.

Estamos muitíssimo agradecidos pela sua presença no lançamento do nosso blogue. O seu abraço foi dos abraços mais importantes e significativos para nós.
Cumo quien bai de camino, continuamos sem palavras para agradecer este quilométrico abraço. Muito obrigados e até qualquer dia que esperamos próximo.

domingo, 24 de julho de 2011

O prometido é devido. Aqui está a 2ª entrevista do "Nordeste com Carinho"

Teófilo Vaz é o segundo entrevistado do "Nordeste com Carinho".
É um transmontano que podia, se quisesse, correr mundo e em qualquer lugar marcaria presença. Ele não passa despercebido e não deixa ninguém incólume.
Algo polémico, gosta de alimentar a polémica. Faz parte da sua natureza irrequieta e "atrevida".

É amigo de quarenta anos do Marcolino.

Domingo

Apesar do vento, Bragança acordou hoje cheia de sol e de calor. Tudo convidava a um passeio sem horas. Nada de pressas, apenas o embeber a alma na natureza, sempre tão pródiga em pequenos e grandes detalhes, em belas paisagens, em perfumes simples e naturais. 
Podemos apreciar o belo azul do céu, para mim, o mais belo azul do mundo inteiro. Quem me dera poder transportar nos olhos este azul para onde fosse, mesmo que a alma e o coração estejam tristes e enevoados. Mesmo que a chuva caia insistentemente qual garoa paulistana, tão aniquiladoramente frustrante, como o sonho mais íntimo que não conseguimos realizar.
Trás-os-Montes brilha em todo o seu esplendor. Começamos a receber os imigrantes que por este mundo labutam, sem nunca esquecerem a terra que os viu nascer.
Pertencemos ao sítio onde nascemos. É qualquer coisa inexplicável ou que a genética talvez explique. Faz parte de quem teve a sorte de aqui iniciar uma vida.
O nosso desejo é que este sentimento inexplicável que nos faz regressar sempre, possa, de alguma forma, repercutir-se a bem da nossa região.
Contamos consigo.

Mara Cepeda

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Estamos quase no final da semana...

É sexta-feira, 22 de julho, quase agosto. Quem não está de férias está perto de as gozar. Quase já não apetecem grandes complicações, grandes trabalhos. Temos sede de praia, de mar, uma cervejinha numa esplanada...
Tudo o que acima referimos é verdade para alguns de nós, no entanto, queremos que continuem ligados ao nosso blogue e que façam comentários, que colaborem. O nosso objectivo é que se fale da nossa região e que se lancem novas ideias que possam colocar-nos no mapa desta Europa que se quer unida e única.
No domingo postaremos a entrevista de Teófilo Vaz.
Obrigados por nos seguirem.


quinta-feira, 21 de julho de 2011

Entrevista com Augusto J. Monteiro

Não posso deixar de começar por aqui, na sequência da sua opinião sobre o III Congresso de Trás-os-Montes, publicada na revista Brigantia, “vai-se à terra à procura do osso que aí deixamos guardado, enterrado”. Neste reino que será talvez maravilho que osso vem procurar sempre que a Bragança se desloca?

Antes de responder à sua pergunta, queria deixar um grande abraço para o Marcolino Cepeda e para a Mara, a companheira dos trabalhos e dos dias. Eles são bem a alma pater e a alma mater de todas estas iniciativas.

Quanto ao osso de que fala, a expressão não é minha. É, segundo penso, do escritor Lobo Antunes. De facto venho à procura do osso que deixei enterrado. Um osso que pode ter uma semântica riquíssima, que pode ter significados vários, é um osso apelativo. Vem-se aqui à procura dos amigos, à procura de vivências, à procura de recordações… 


É como uma busca de sentimentos perdidos?

Vem-se à procura de momentos, de um cheiro, de um sabor... Vem-se à procura das raízes, das origens. Jorge Luís Borges dizia que é um mau costume ter pátria, mas que é um costume necessário. Se onde se lê pátria lermos mátria, a expressão faz mais sentido. É que a terra onde nascemos acaba por ser o ninho mátrio, em especial, quando as recordações são boas (porque há quem as não tenha...)


E mais tarde vai querer voltar? 

Costumo dizer que quero passar aqui o resto da eternidade. Depois de me reformar (estou praticamente às portas da reforma) penso regressar. Pelo menos vir mais e com mais tempo... 


De que forma e o facto de ter nascido nesta cidade ou nesta região o marcou? 

Marcou-me muito. Talvez venha a propósito lembrar que ocorre uma homenagem, em Moncorvo e no Felgar, ao Afonso Praça, um homem com um roteiro de vida notável: jornalista e escritor. Quando as pessoas lhe diziam que era do norte, ele retorquia: “Eu não sou do norte, sou transmontano”. Marcou-me esta terra com todas as suas circunstâncias. Ainda bem que me calhou esta. Não é perfeita, mas é a minha. Marcaram-me estas gentes e marcou-me a ruralidade de toda esta região. Acresce que fiz a escola primária numa aldeia perto de Bragança. Sou ainda do tempo em que era muito marcante uma rica civilização da oralidade: as pessoas viviam muito do ouvir dizer e do ver fazer. Aliás, algumas das coisas que escrevo tem que ver com a aprendizagem que fiz nessa civilização da oralidade. Marcou-me esta Bragança, ainda harmoniosa, dos anos 50 e dos anos 60, que era uma cidade sonolenta e pacata, com facetas rurais. Dava a impressão de que as muralhas, que cercavam a vila, tinham vindo por ali abaixo e que cercavam toda a urbe. Era um espaço fechado: pouco entrava e pouco saía... (É a sensação que agora tenho). Mas a cidade acabava por funcionar como um espaço securizante, em que nos sentíamos bem. Gostávamos de nos perder e de nos encontrar na cidade (e nos arredores). Na pequena Bragança, toda a gente se conhecia. Dava-nos a impressão de que as pessoas que aqui viviam tinham um coração muito grande... 

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Olá

Se o tempo não para e as estações inexoravelmente acontecem... 
Se os dias que nos couber viver, são os que têm de ser. 
Vamos colaborar para fazer este blogue crescer e frutificar. 
A todos pedimos colaboração para que o mundo fale de Trás-os-Montes. 
Venham daí!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Quem é o entrevistado desta semana?

Este é um dos livros que Augusto J. Monteiro publicou. É muito agradável de se ler e cheio de humor como o seu autor. 

Olá amigos

Estamos no terceiro dia de existência do nosso blog. Ainda estamos à espera das vossas participações.
Colaboração é a nossa palavra de ordem.
Se queremos fazer a diferença temos de dar as nossas opiniões e sugestões.
Nada se faz sem esforço. Sei que estamos todos a necessitar de férias e elas passam tão rapidamente que quase nem conseguimos saboreá-las.
A leitura dos nossos textos faz-se rapidamente e a entrevista de Augusto J. Monteiro merece uma leitura atenta e descontraída.
Queremos a vossa participação/colaboração.
Até já.

Mara Cepeda (Maria de Jesus Cepeda)

domingo, 17 de julho de 2011

Lançamento do blogue

Decorreu ontem, 16 de Julho, pelas 17h30m, no Museu Abade de Baçal, o lançamento do nosso blogue. Contámos com muitos amigos que abdicaram do seu fim-de-semana para nos apoiar.  
A Directora do Museu, Dr.ª Ana Afonso, sempre simpática e disponível foi uma anfitriã de excelência.
Algumas das personalidades entrevistadas brindaram-nos com a sua agradável presença. Destaco o Dr. Amadeu Ferreira que veio de Lisboa para nos dar o seu apoio, o Eng. Sérgio Videira que se deslocou do Porto, o Dr. Manuel Barroco que fez o favor de vir de Mogadouro, o Dr. António Afonso, de Macedo de Cavaleiros. Sabemos que com as obras em decurso na auto-estrada transmontana não é tarefa fácil chegar a Bragança. Não referirei aqueles que, vivendo em Bragança, nos deram a honra da sua presença, por temer esquecer-me de alguém.   
Contámos, também, com a presença de familiares, alguns vindos expressamente de Lisboa, de Esposende e, da pequenina Inês com 2 meses e meio, filha da nossa sobrinha Raquel e do Ricardo, grande portista, vindos de Vila do Conde.
Contámos, ainda com a presença da linda e meiguinha Maiumi que pela primeira vez se deslocou à nossa cidade e que vai levar, esperamos, boas recordações para Inglaterra.
Na próxima terça ou quarta-feira contamos postar algumas fotografias do acontecimento.

Recordações - escrito por Teófilo Vaz

Em 1972 o fim da Primavera veio áspero, especialmente para um rapaz que passara uma década nos húmidos remansos dos trópicos, seguida de ano e meio na temperada Lisboa.
No Janeiro anterior, com céus nocturnos de cobalto, que fascinam o mais distraídos dos viventes, eu viera a aconchegar-me às raízes depois de uns dias aventurosos em fuga de desígnios paternos que me impunham voltar a vida ordenada e proveitosa, que descuidara em nome de um mundo que havia para mudar.
No país dormente, quando noutros horizontes se celebravam amanhãs de felicidade prometida, a cidade de Bragança aparecia, aos meus olhos atrevidos, como uma mater dolorosa da resignação sem futuro.
Convicto das capacidades renovadoras da interpelação, da provocação, dos abanões às consciências, em pleno Maio, fui ao jornal diocesano propor a publicação de uma página que queria de intervenção, voltada, dizia eu, para uma juventude que notoriamente precisava de ânimo.
O então padre Manuel dos Anjos Sampaio, director do semanário, acolheu com entusiasmo a iniciativa e a página, designada “Participação”, começou a ser publicada em Junho.
O tom não era o habitual. Os textos eram claros nas intenções, naturalmente evitando os excessos que fariam cair o traço azul sobre as provas tipográficas levadas, ao longo da semana, ao quartel da GNR, onde um tenente se encarregava de decidir o que poderia ser escrito.
Chegavam reacções de leitores por carta, outros de viva voz, de jovens, mas não só, umas entusiásticas, outras desconfiadas. Um belo dia, o director entregou-me uma carta que aplaudia a novidade da página no Mensageiro de Bragança e se oferecia para colaborar. Vinha assinada por Marcolino Cepeda, um jovem de dezassete anos como eu.

Razões transmontanas

Aqui estamos, neste espaço sagrado de sabedoria, história e cultura que tanto nos enobrece e entusiasma, Aqui sentimos pulsar a nossa ancestralidade, reflectida no presente e que, com certeza, nos adubará o futuro.
É nosso dever retirar ilações de todo este legado de valor incalculável. O Museu Abade de Baçal é o reflexo perfeito dos seus fundadores e da alma pater que o imaginou, o Abade Francisco Manuel Alves. Sem ele, provavelmente não estaríamos aqui hoje. O Abade é, sem dúvida, uma das figuras mais notáveis deste país e uma das personalidades incontornáveis da cultura da nossa região. Somos verdadeiramente privilegiados por sermos herdeiros desta obra excepcional.
É um privilégio e uma honra aqui estar. Desde o primeiro momento contámos com a disponibilidade e simpatia da Dr.ª Ana Maria Afonso, directora do Museu a quem agradecemos encarecidamente.

sábado, 9 de julho de 2011

Colaboração

Para uma verdadeira expansão dos sentimentos.
Para uma real amostragem da vida.
Para uma efectiva independência das opções políticas, progressistas e solidárias.
Porque entendemos que a sensibilidade é naturalmente livre. Diz respeito a cada um e todos a deverão sentir.
Porque entendemos que a participação tem de ser superior e ultrapassar toda a manipulação, coberta sob qualquer pretexto.
Porque mostrar a verdade quotidiana é uma necessidade visceral da vida.
Entendemos que assim, a palavra COLABORAÇÃO atingirá a sua verdadeira dimensão e significado.
Esta é a forma de hoje começarmos a falar vida.
Este é o cartão de visita de uma região em esquecimento.
A continuação de um estudo do que é possível fazer no Nordeste transmontano, onde para além da verdade quotidiana, se pensa em termos de sensibilidade.
Sensibilidade sem a qual não se pode pensar em progresso, que não é comício nem panfleto.
Que papel caberá neste momento a esta ideia ou outras que se formem no Nordeste?
Uma pergunta que é perfeitamente lógico colocar-se, ao pensarmos que Trás-os-Montes é agitado por um vendaval amplamente discutível e indefinido. Caberá um papel essencialmente de informação honesta e fundamentada, a abertura do diálogo franco, sempre possível.
Pretendemos actuar tendo em linha de conta a experiência, o conhecimento, a vivência exacta das personalidades convidadas. Sabemos da importância do amor que nutrem pela sua terra, mas também sabemos que nos tempos que correm existem preocupações mais prementes e essenciais, onde as incertezas dos dias que virão incomodam e desassossegam novos e velhos, cultos e menos cultos, ricos e pobres…
Não queremos com isto ser pretensiosos, pensar que somos nós que vamos fazer a diferença, mas queremos ter a pretensão de poder transmitir esperança a quem quase já não a tem. Transmitimos apenas o resultado do nosso esforço. Da forma como o orientarmos e no-lo receberem, assim será considerado.
Queremos, sequentemente, um programa interventivo, dinâmico e que revolte as águas deste marasmo em que nos encontramos.
Queremos a nossa quota-parte na luta pela caracterização verdadeira dos factos e evolução consciente dos mesmos.
Estamos aqui porque não queremos estar isolados. Teremos todo o gosto em que fiquem ligados a nós. Só assim nos sentiremos bem. Queremos o intercâmbio com aqueles que têm basilarmente os mesmos objectivos. Esta região não merece o abandono a que está votada.
Que este seja um pequeno contributo para nos pôr, definitiva e realmente no mapa desta Europa que se quer unida e única.

Marcolino José Cepeda