Hoje, 23 de Outubro de 2022,
estamos definitivamente mais pobres. Deixou-nos o Professor Adriano Moreira, um
homem dono de uma sabedoria ímpar e de uma lucidez única. Com 100 anos feitos
no passado dia 6 de Setembro, teve uma longa vida, mas há pessoas que nunca
deviam morrer. É, para nós, um dia de luto.
Tivemos a honra de o
entrevistar há três anos, tinha ele 97. Nessa entrevista, em resposta à
pergunta:
“O Senhor Professor é um
transmontano Radical?”
Ele respondeu: “Sou!”
“E o que é ser um
transmontano radical?”
“Sabe uma coisa? Isso foi
muito benéfico porque escusava de ser radical no resto!”
“Só pelo facto de ser
transmontano já era radical! Muito bem!”
“Sabe que, a experiência é
existência, e nós todos somos, como dizia o Ortega, históricos, fazemo-nos…, e
a circunstância varia e nós enfrentamo-la…”
“Há uma coisa que eu acho importantíssima nos transmontanos. Primeiro, são solidários.”
Este homem, que está na
história do nosso país e do mundo, é transmontano. Nunca deixou de o ser. Era,
como disse, um transmontano radical e solidário porque assim são os que têm a
sorte de nascer em Trás-os-Montes.
Que lições de vida nos deixa
este senhor? Este sábio? Quando seremos capazes de assumir aquilo que valemos,
aqui, em Trás-os-Montes? Será necessário abandonar a região para fazer fortuna,
para ter bons empregos, para viver com qualidade?
Sei que hoje a homenagem é
para Adriano Moreira, advogado, Professor, ministro, presidente de partido,
deputado, vice presidente da assembleia da república… Este senhor e as suas circunstâncias
fizeram de nós melhores pessoas. Portugal deve-lhe muito.
Ontem entrevistámos o Dr.
José Ribeiro, médico Cardiologista do Centro Hospitalar de Gaia/Espinho e,
também, consultor de cardiologia no hospital de Bragança, papel que desempenha há
vinte e quatro anos. Sem estar previsto, veio à baila o Professor Adriano
Moreira. O Dr. José Ribeiro não é transmontano mas considera os transmontanos
solidários. Diz que somos diferentes e que, ao longo de mais de duas décadas, fez verdadeiros amigos. Que coincidência…
Perdemos um grande homem.
Os nossos mais sinceros pêsames
à família e amigos.
Adriano Moreira, na sua
generosidade, entregou o seu espólio intelectual à Câmara Municipal de Bragança
que tem sabido respeitar e valorizar este benefício. Também à autarquia e aos
curadores do seu património, na figura do Engenheiro Jorge Nunes, deixamos os
nossos sentimentos.
Até sempre Senhor Professor!
Maria Cepeda
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