sábado, 5 de novembro de 2016

Bragança reclama título de Capital da Castanha



Reivindicação feita na Norcaça, Norpesca e Norcastanha pelo presidente do município
Bragança vai a partir de agora adoptar o título de capital da castanha. O presidente do município, Hernâni Dias, reclamou para Bragança este estatuto na Norcaça, Norpesca e Norcastanha, já que o concelho é o maior produtor deste fruto seco no país.

“Não temos vindo a usar essa terminologia, mas se nós temos 50 por cento da produção de castanha na Terra Fria Transmontana, as maiores áreas de produção, o maior número de produtores, as empresas que trabalham o sector, uma instituição de ensino superior que faz a componente de investigação, só nos falta dizermos às pessoas as coisas que nós fazemos, que estão cá e à vista, que devem ser promovidas dessa forma”, referiu. “Perante estes argumentos não poderíamos deixar de reclamar este título, porque ele é merecido”, explica o autarca.
Ainda que haja outros concelhos que possam reivindicar este estatuto, como o caso de Vinhais ou de Carrazedo de Montenegro, no distrito de Vila Real, Hernâni Dias não tem dúvidas de que Bragança consegue marcar a diferença no que toca à produção de castanha.
“O nordeste transmontano tem cerca de 32 mil hectares de castanheiros plantados, só Bragança representa mais de 7 mil hectares dessa área”, sustenta.
O autarca mostrou ainda a sua preocupação em relação à entrada de castanha estrangeira na região, quer da Ásia quer de países europeus e pede ao governo um controlo mais apertado para a entrada deste produto em Portugal.
“Isso tem inconvenientes do ponto de vista económico e da qualidade porque a nossa castanha é de uma excelente qualidade e quando há outra castanha que vem, para cá e depois é vendida como sendo de cá, se a qualidade for inferior prejudica obviamente os produtores locais”, explica.
A 15.ª edição da Norcaça, Norpesca e Norcastanha decorreu entre os dias 27 e 30 de Outubro no pavilhão do Nerba com exposição e venda de produtos, conferências, apresentações de livros, desfiles de moda e demonstrações de culinária, sendo que a grande novidade foi a presença do maior aquário móvel da Europa. Houve ainda montarias, concursos de caça e pesca, a prova de Santo Huberto e uma chega de Touros.
A organização da Norcaça, Norpesca e Norcastanha acreditou que esta foi uma das melhores edições dos últimos anos, apesar de não ter ainda divulgado qual o número de visitantes que passou pelo certame.


Zona de caça da lombada

Por mais um ano, a Zona de Caça Nacional da Lombada, situda no concelho de Bragança, foi um tema debatido na edição deste ano.
O presidente do município de Bragança aproveitou a presença secretário de Estado Adjunto e do Ambiente na abertura da feira para reiterar a preocupação com a gestão da zona de caça nacional da lombada e afirmou que “é uma perda enorme para a região o facto de não estar a ser devidamente aproveitada”.
O secretário de Estado José Mendes garantiu que o governo está empenhado em discutir alterações ao sistema de gestão e deixou a promessa de transmitir as preocupações à tutela.
“Levo a questão devidamente sinalizada para a colocar à minha colega, a secretária de Estado do Ordenamento do Território e Conservação da Natureza, porque entendermos que os activos e recursos endógenos locais, devem merecer do Estado, o devido enquadramento para serem explorados no sentido da criação de valor na região”, garantiu.
A zona de caça foi o tema do debate que reuniu especialista e contou com a presença de Armando Loureiro, director do Departamento de Conservação da Natureza e Florestas do Norte.
O responsável reconhece que “há trabalho para fazer para mudar e melhorar muitos aspectos da gestão da Zona de Caça Nacional da Lombada”. Uma das reclamações prende-se com a falta de fiscalização. Problemas que Armando Loureiro acredita que se podem resolver, mas com a actuação das autoridades fiscalizadores. “A autoridade fiscalizadora da caça e da pesca cabe à GNR”, sublinha, recordando que aquando da extinção dos serviços de guardas florestais e venatórios, as competências foram transferidas para essa força de segurança.
O ICNF tem ainda algumas competências de fiscalização e tem um corpo de vigilantes da natureza, no entanto, o responsável da estrutura acredita que não pode ser ela a combater a caça furtiva.
O director do ICNF Norte agendou um conjunto de encontros de trabalho para discutir metas e objectivos para alteração da gestão com as entidades locais.
O presidente da União de Freguesias de São Julião de Palácios e Deilão, algumas das localidades abrangidas por esta zona de caça, mostra-se satisfeito com a abertura do ICNF em aceitar negociar as alterações à gestão da zona de caça.
Altino Pires refere que os responsáveis locais autárquicos reclamam “um outro tipo de gestão, que implique um maior envolvimento dos locais, não só das juntas de freguesias, das comissões de baldios, caçadores e proprietários dos terrenos”.
O autarca considera que quase não existe caça menor, “não tem sido feito quase nada para sua manutenção, há caçadores que conhecem a zona de caça e depois de lá caçar saem defraudadas”. Quanto à caça maior, falta alimentação o que leva a que haja prejuízos nos campos agrícolas.

Escrito pela jornalista Olga Telo Cordeiro

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