Durante sexta, sábado e domingo Torre de Moncorvo parece ter recuado no tempo até à época Medieval, onde o ferro era a alma da vila.
A música alegrava as gentes que por ali
passavam, em mote de curiosidade, para ver e apreciar as várias encenações,
espectáculos, desfiles e também comércio. Desde o curtidor de peles, a artesãos
e ferreiros, os ofícios daquela época estavam ali retratados. Na pele de
ferreiro estava Francisco Esteves, de Valpaços. Apesar de esta arte não ser o
seu ganha-pão, é ainda uma ocupação. Todos os dias trabalha o ferro e admite
que já não há quem se dedique a este ofício. “Está praticamente extinto”,
afirmou. Ainda assim, houve quem não ficasse indiferente às demonstrações de
Francisco Esteves, que muitas vezes ouviu da boca dos visitantes “era assim que
se fazia”.
Já Artur Fernandes entretinha as mãos a
curtir peles. Um trabalho que, hoje em dia, é feito em fábricas e são “poucos”
ou “quase nenhuns” os que ainda o fazem manualmente. “De novo aprendi a
curtir peles e sempre mantive este trabalho. Agora divulgo um bocadinho nas
feiras e ensino quem quiser aprender”, sublinhou. Já não é a primeira vez que
participa em demonstrações na Feira Medieval de Torre de Moncorvo e disse
gostar de o poder fazer.
Durante três dias, a vila regressou ao século
XIII, quando D. Dinis governava. Por isso, um rei e uma rainha também não
faltaram. António Faneca e Camila Vieira, alunos do agrupamento de escolas de
Torre de Moncorvo, vestiram a pele do rei Dom Dinis e da rainha Santa Isabel.
Um trabalho que precisou de pesquisa, mas que dizem estar orgulhosos por
poderem fazê-lo. “É também uma grande responsabilidade”, disse António Faneca.
Já Camila Vieira realçou ter sido “uma experiência incrível”. Devido à
pandemia, a Feira Medieval não acontecia há dois anos. Para o presidente da
Câmara Municipal é um motivo para “festejar” e é o “regresso da alegria”,
porque as pessoas têm oportunidade de “conviver”, mas também porque os produtos
endógenos foram colocados no “topo do mapa”, já que estão a ser dados a
conhecer, dando assim um “incremento socioeconómico” às associações e às freguesias.
“Esta Feira Medieval não é contratar artistas, mas sim toda a população ser o
incremento desta feira, onde o ferro é a alma da terra”, afirmou Nuno
Gonçalves.
O evento custou ao município 150 mil
euros.
Jornalista: Ângela
Pais
Publicado em www.jornalnordeste.com
Sem comentários:
Enviar um comentário