terça-feira, 27 de dezembro de 2022
Feliz Ano Novo!
sábado, 24 de dezembro de 2022
FELIZ NATAL! (Com saúde, paz e família.)
segunda-feira, 19 de dezembro de 2022
Para matar saudades de tempos que já não voltam...
quarta-feira, 7 de dezembro de 2022
ENTREVISTA – GUARDA: TERESA MARTINS MARQUES (Esta entrevista foi-me enviada por Teresa Martins Marques, grande e querida amiga, excelente escritora, mulher com uma enorme capacidade de trabalho, pouco tempo antes do lançamento do seu último livro)
Autora de dois estudos relevantes sobre José Rodrigues Miguéis (fruto da dissertação de mestrado) e David Mourão-Ferreira (resultado de uma tese de doutoramento), um romance que perspetiva a síndrome de donjuanismo (A Mulher que Venceu Don Juan), uma biografia de Amadeu Ferreira, vários contos e múltiplos ensaios sobre grandes nomes da Literatura Portuguesa, a investigadora, conferencista e escritora Teresa Martins Marques é também uma inconformada ativista cultural. Concluiu há uns meses o mandato de Presidente do PEN Clube Português (2019-2022): eis o pretexto para conhecer um pouco mais esta personalidade com raízes na freguesia de S. Pedro do Jarmelo.
PV. - O seu percurso biográfico deixa entrever uma mulher
de cultura, de ideais e de causas. Quem teve o privilégio de interagir consigo
retém a imagem de uma personalidade forte, determinada, solidária, com espírito
de missão, regida por um conjunto de princípios que definem as suas ações
culturais e intervenções públicas.
Revê-se neste retrato sumário?
Agradeço-lhe a generosidade do retrato, mas ele favorece-me
muito! Diria que tento arduamente desbravar alguns desses caminhos, mas quantas
vezes me deparo com a minha incapacidade para atingir tais objectivos.
PV. – Entre 2019 e 2022, exerceu o cargo de Presidente
do PEN Clube Português. Que balanço faz do mandato que concluiu recentemente?
Penso poder dizer que o balanço é bastante positivo,
porque entre 2019 e 2022 a direcção a que presidi aprovou a entrada de 131 novos
associados, após análise dos respectivos currículos literários. Também no plano
internacional o PEN Clube Português se distinguiu celebrando o Centenário com a
publicação de um volume de 630 páginas que organizei com o título OS DIAS DA
PESTE (Gradiva, 2021), o qual reúne 272 autores de 58 países, que escreveram em
português, inglês, espanhol e francês.
Neste conjunto de autores tive o gosto de incluir
vários guardenses.
PV. – A Teresa tem presença ativa em páginas do
Facebook. Partilha reflexões e artigos, lança desafios que visam a produção do
conhecimento, questiona temas da sociedade atual, divulga eventos culturais,
interage com quem pergunta ou comenta.
Aliás, o romance que publicou em 2014 teve a particularidade
de ter sido dado a ler, nos anos 2012 e 2013, na referida rede social como uma
narrativa seriada aos seus «seguidores» que, de algum modo, colaboraram, através
das suas reações, na escrita do romance. Afinal, sempre há uma via possível
para o bom uso das redes sociais?
As redes sociais são excelentes, se forem bem aproveitadas.
Para responder com algum rigor, perguntei aos meus leitores do Facebook quais
as características da minha página que mais apreciam. Aceitaram de imediato o repto
e apontaram as seguintes: diversificação de conteúdos; tratamento inclusivo dos
intervenientes; incentivo à pesquisa; colocação de questões que suscitam debate
saudável. É este o caminho que desejo prosseguir.
PV. – Enquanto mulher apaixonada pela literatura e
pelas ideias, de que lhe serve esse conhecimento no seu dia-a-dia? Ler,
escrever, pensar, investigar, divulgar não serão práticas que a afastam da
realidade da vida quotidiana, como se estivesse reclusa num mosteiro ou numa
torre de marfim? Lida facilmente com os assuntos práticos, tais como gerir
património, reclamar de um mau serviço prestado, preencher o IRS, ir ao
supermercado, supervisionar a manutenção automóvel, agendar consultas médicas,
executar as tarefas domésticas ou acionar um seguro?
Consegue conciliar esses dois mundos?
Considero-me uma pessoa polivalente. Sem esta característica
dificilmente teria conseguido dirigir a organização do espólio de David
Mourão-Ferreira, na Fundação Calouste Gulbenkian, tendo como resultado final do
trabalho 33 metros de caixas, contendo milhares de documentos acondicionados,
inventariados e classificados.
Durante sete anos foi necessário comer muito pó, carregar
muitos quilos de papel, subindo e descendo de escadotes durante sete anos… Mais
do que conciliar os dois mundos tento fundi-los, complementá-los. Deste
trabalho resultou a tese de doutoramento de 800 páginas - biografia literária
da obra davidiana. E tudo isto passa quase inconscientemente para a minha
ficção em osmose. É à vida prática que vou buscar fonte de inspiração para o
que escrevo.
PV. – Depois de uma parte significativa da sua vida
dedicada ao estudo e à investigação, o que a impeliu a lançar-se na literatura
de ficção? Que registos e pressupostos definem a sua voz literária?
Sempre escrevi ficção, embora a sua publicação não
seja anterior a 2008. A minha “voz literária”, se é que tal existe, tenta
recuperar o registo realista, criando personagens com as quais o leitor se
identifica. E talvez por isso a minha escrita tem funcionado em tradução,
encontrando eco nos leitores de diferentes níveis etários e sociais.
PV. – Pode explicar como encara a sua escrita de
ensaísta e a sua escrita de ficcionista?
A minha escrita ensaísta decorre das necessidades
académicas, mas nunca cedi ao jargão. As minhas teses - O Imaginário de Lisboa
na Ficção Narrativa de José Rodrigues Miguéis e Clave de Sol – Chave de Sombra.
Memória e Inquietude em David Mourão-Ferreira - foram ambas publicadas, com
várias edições no caso de Miguéis, sem ter sido necessário adaptar a escrita a
um público mais alargado. Entendo que a universidade tem obrigações culturais
extra-muros e por isso recuso-me a escrever apenas para ser percebida pelos
meus pares.
No que concerne à escrita ficcional, gosto de criar
personagens populares, que interagem com outros meios, não raro criando registos
humorísticos, mostrando a variedade do mundo dos nossos dias. O importante é
não ceder a hermetismos pedantes, que fazem fugir os leitores a sete pés! A escrita
pode ser límpida, mesmo quando os temas são duros. Gosto de mostrar as
motivações, sobretudo quando desenho psicopatas e as respectivas vítimas. É
para isso que serve o monólogo interior, o diário, que implicam reflexividade
do sujeito. No fundo, tenho uma imensa curiosidade em eu mesma perceber e dar a
perceber ao leitor os enigmas do ser humano.
PV. – Quem a segue no Facebook, sabe que a Teresa
Martins Marques está a escrever – e já lá vão alguns anos de pesquisa e de preparação
para atingir esse fim – um romance cujo enredo se baseia no sequestro e
assassinato de Aldo Moro, em 1978, um episódio tremendo da recente história
italiana: porque é que esse intelectual e político a marcou assim tanto? Que
nova luz ou visão pretende trazer a este caso já sobejamente tratado por
historiadores, jornalistas, escritores e realizadores de cinema?
A verdade do Caso Moro só agora começa a ser contada,
44 anos depois do crime. Os membros das Brigate Rosse contaram a “verità
dicibile”, ou seja, carradas de mentiras com as quais reduziram as penas
poupando os nomes dos mandantes. A Segunda Comissão Moro, cujos trabalhos
decorreram entre 2014 e 2017, contribuiu para que a VERDADE começasse a surgir.
Aldo Moro foi um estadista e um ser humano notabilíssimo que os corruptos do
governo e da loja maçónica P2 quiseram abater, antes que fosse eleito
Presidente da República, o que aconteceria com forte probabilidade, se não o
tivessem assassinado. As Brigate Rosse não foram mais do que os idiotas úteis…
PV. – Passou parte da sua infância na aldeia dos Gagos,
pertencente à freguesia de São Pedro do Jarmelo, e cursou o 3º ciclo de ensino
na Guarda: que memórias gratas lhe ficaram desse tempo? De que é que, nesse
período da sua vida, não tem saudades?
domingo, 27 de novembro de 2022
Entrevista realizada ao Doutor José Ribeiro
Entrevista realizada ao Dr.
José ribeiro, natural de Celorico de Basto, nascido a 23 de novembro de 1963 a
viver no Porto.
Médico cardiologista a
desempenhar as funções de Diretor da Unidade de Tórax e Circulação desde 2018 e
Chefe do Laboratório de ecocardiografia desde 2001 no Centro Hospitalar de Vila
Nova de Gaia/Espinho e Consultor de cardiologia na Unidade de Saúde Local do
Nordeste - Hospital de Bragança desde 1998 (há 24 anos, mais de duas décadas).
Esta entrevista foi
realizada na unidade hospitalar de Bragança, no dia 22 de outubro de 2022,
sábado, perto das dezanove horas, depois das consultas do Doutor José Ribeiro.
Enquanto eu colocava o
material necessário à entrevista a postos, fomos conversando. O Dr. José
Ribeiro é um grande conversador, dono de uma personalidade única, alegre e
atento a todos os detalhes e nuances.
Maria
Cepeda (M.C.): Boa tarde senhor Doutor José Ribeiro. É uma
honra poder entrevistá-lo. Consideramo-lo quase um transmontano já que nos
cuida dos corações há mais de duas décadas. O seu curriculum é impressionante.
Dr.
José Ribeiro (DR.J.R.): Esta entrevista também significa que há
a motivação de conhecer um pouco mais e procurar perceber um pouco melhor
algumas coisas que já conhecemos e foi o resultado da nossa interação ao longo
destes anos em que vou seguindo, como médico, o senhor Marcolino; já não sei
quantos anos, mas já são alguns.
(M.C.): Já
são alguns, sim senhor, talvez dez. Uma vez marcámos, até nem sei se foi o
doutor que marcou, uma consulta em Gaia/Espinho e uma colega sua, de que não
recordo o nome, consultou o Marcolino e depois da consulta, chamou por si que
estava, casualmente, no corredor, e disse: “Ó Zé, este é para ti. Vais vê-lo lá
em Bragança.” E assim tem sido. (Risos)
(DR.J.R.):
Esta
foi, para mim, uma semana dura, mesmo para esquecer. Além de toda a actividade
clínica e na gestão… hoje vinha por aí acima a conduzir e pensei “Bragança
custa um bocadinho porque é muito trabalho e tudo isso, mas senti um certo
alívio de deixar para trás aquela pressão toda em Gaia e vir tratar os doentes
aqui a Bragança. É caricato não é? Foi o alívio de vir trabalhar.
(M.C.):
(Risos) Sim. O alívio de vir trabalhar. Por acaso. Eu acredito…
(DR.
J.R.): É engraçado não é?
(M:C:): É
muito interessante…
(DR.J.R.):
Portanto, há coisas que têm esse lado relativo. Esse percurso em Bragança não
foi premeditado. Foi, um bocadinho, o somatório de várias coisas e foi também,
talvez, o corolário de uma determinada forma de estar na vida. Depois a gente
acaba por ter algum apego às pessoas, aos doentes e tudo culminou com isto.
(M.C.): Depois
deste preâmbulo, vamos dar início à entrevista propriamente dita. É natural de
Celorico de Basto, nascido a 23 de novembro de 1963, a viver no Porto. Médico
cardiologista, a desempenhar as funções de Diretor da Unidade de Tórax e
circulação, entre muitas outras, como está plasmado no seu curriculum.
Como é natural, começaremos
pelo princípio. Fale-nos brevemente da sua infância e juventude.
(DR.
J.R.): Falar da minha infância é um pouco remeter-me à minha
origem na família onde nasci e cresci. Eu tenho cinco irmãos. Uma família de
classe média. Filho de um gestor comercial e de uma comerciante. E desde muito
cedo passei a ser, não só como irmão mais velho, mas também porque a situação
assim o impunha, numa altura em que não havia grandes preconceitos em relação
ao trabalho infantil e coisas do género, a ser um ajudante importante para a
família e tive contacto com a loja que a minha mãe tinha, um contacto comercial
no qual eu passava muitas horas. Era um estabelecimento que estava aberto sete
dias por semana, em horário alargado.
Claro
que, a minha infância não se resume apenas a isso, mas uma boa parte do meu
tempo foi passado na ajuda desse tipo de atividade a ponto de, como adolescente,
a ter assumido, um pouco, como minha tarefa.
Portanto, tive esta
experiência que me somou competências importantes em termos da relação com os
outros; em termos da capacidade da comunicação. Teve algum enviesamento no meu
crescimento porque não fui muito criança. Como eu costumo dizer, sempre fui
desajeitado a jogar à bola porque não tive grande oportunidade de jogar à bola
como compreendem.
A minha infância foi uma
infância feliz, própria de quem tem muitos irmãos. Uma infância de responsabilidade
precoce de quem é irmão mais velho e é obrigado, também, a trabalhar e depois
há aqui um efeito da própria personalidade.
Personalidade porquê? Porque
a pessoa que mais me marcou em termos educacionais foi a minha avó. A avó
Camila que é o meu ídolo desde criança. Era uma senhora com uma visão muito
católica e até um tanto aristocrática, em que as regras eram muito bem definidas.
Em que ninguém podia dizer aquilo que lhe apetecia, sem perguntar aos outros se
não estava a importunar. Em que, quando nos sentávamos à mesa, ninguém falava
até que ela desse a ordem de que se podia falar. Foi uma educação desse género,
que achei que me tinha moldado mais do que aquilo que eu, hoje, sou capaz de
admitir. Portanto, nós somos aquilo que realmente somos e isso dita muito do
nosso percurso.
(M.C.): Sem
dúvida nenhuma, sim. Já agora, pergunto-lhe se sempre quis fazer medicina e
porquê a cardiologia?
(DR.J.R.):
Essa é uma boa pergunta porque eu nunca pensei ser médico até escolher a
medicina. Curiosamente queria ser engenheiro químico. (Risos)
(M.C.):
Pois. É igualzinho. (Risos)
(DR.J.R.): Eu
queria ser engenheiro químico. Preparei-me para isso. Estudei e muito. Sei,
ainda, muito de química. Até ao dia em que fiz a candidatura em que era preciso
escolher a faculdade e o curso e aí pus medicina em primeiro. Entrei em
medicina porque tinha boa nota. Não me pergunte o porquê desta decisão porque
eu não sei responder. Sei que não fiquei triste e sei que os meus pais ficaram
contentíssimos por eu ter entrado em medicina. Mas até aí foi tudo a pensar em
química.
Estudei os últimos três anos
na escola secundária em Amarante. Fiz quimicotecnia. Aprendi imenso de química,
até processos químicos sabia. Havia algo para além do meu gosto quase inato
pela astronomia. Havia também, algum gosto pela física atómica, química… algo
desse género. Sempre achei o átomo e o sistema solar como algo muito parecido
em termos dinâmicos.
(M.C.):
Sim… A astronomia, todos os dias temos uma notícia nova e a química também. Não
sei se tem acompanhado…
(DR.
J.R.): Tenho acompanhado. Hoje, se estiver a dar algo na
televisão sobre esses assuntos, fico atento imediatamente. Sempre fui muito
proativo, ia à procura de coisas novas, sempre gostei imenso de ler. Tinha a
sorte de, na minha adolescência, somar histórias fantásticas. Tinha uma vizinha
que me emprestava livros de cowboys. Cheguei a ler nas férias, novecentos e
cinquenta livros.
Lembro-me da amizade que fiz
com algumas pessoas que eram testemunhas de Jeová… não queria saber muito de religião,
mas tinham livros e davam-me os livros de graça que eu lia. Desde a amizade que
eu tinha com dois senhores que eram irmãos e tinham uma tipografia que editava
o jornal da terra e que moravam na minha rua; eu não saía de lá porque me
proporcionavam leituras. Cheguei mesmo a estar inscrito na embaixada da União
Soviética em Lisboa porque esses meus vizinhos eram comunistas e me
influenciaram, só porque, assim, me proporcionavam livros que eu sempre lia de
uma forma crítica. Portanto, sempre gostei de ler, tinha sede do conhecimento.
O meu gosto pela química,
por exemplo, levou-me a ter montado na cooperativa de vinhos onde o meu pai
trabalhava, um laboratório de análise de vinhos. Aprendi, com isso. Pus o
laboratório a funcionar, através do qual os sócios da cooperativa classificavam
as uvas e recebiam de acordo com a qualidade do seu vinho analisado através do
mosto.
(M.C.): Com
que idade?
(DR.J.R.):
Tinha os meus dezasseis anos, dezassete.
(M.C.):
Puxa! E entrou para medicina com os dezoito da praxe. Incrível!
(DR.J.R.):
Sim. Nessa altura eu não sabia muito disso, mas já tinha alguns conceitos.
Aquilo também não era muito difícil. Montei o laboratório que assentava em duas
técnicas. Arranjei um espectrofotómetro que media no vinho mosto o teor de
glicose e conforme a glicose que tinha… quanto mais tivesse, mais álcool ia ter
depois de fermentado e, portanto, era mais ou menos simples. Arranjei umas
tabelas e aquilo funcionou e creio que ainda hoje, o laboratório funciona e
bem, se calhar com alguns métodos mais sofisticados.
Na altura, eu ganhava algum
dinheiro e pagavam-me algumas horas no tempo das vindimas e com isso financiei
alguns dos livros mais caros que eu tinha. Ainda no secundário tinha alguns
livros em espanhol porque em Portugal não havia grande coisa e depois os livros
de medicina que eram muito caros.
(M.C.):
Então, foi uma inspiração, digamos assim, que o fez colocar o X na medicina.
Estou a brincar obviamente mas, alguém que queria ser químico, de repente virou
e fez medicina… E agora pergunto: Porque Cardiologia? Porque essa
especialidade?
(DR.J.R.): Fiz
o curso de medicina de uma forma muito fundamental, aprendendo de uma forma
muito sequiosa todo o conhecimento desde a anatomia à fisiologia, mas a
fisiologia… ainda hoje os meus colegas me dizem que em fisiologia eu me
distingo de uma forma especial, tal como na imagem médica. Mas isso tem a ver
com a minha curiosidade de saber porque é que as coisas acontecem. Tudo tem uma
lógica. A cardiologia tem um pouco isto tudo. A cardiologia não é propriamente
a ciência de apenas um órgão, o coração, que tem uma função dinâmica e que
compreende muita coisa. Desde a dinâmica dos fluidos, porque funciona como uma
bomba e faz circular o sangue obedecendo às leis da física, porque exerce uma
força. Se nós pensarmos que o coração trabalha de uma forma espontânea devido a
um impulso elétrico que se gera espontaneamente e que há como que uma pilha
natural que faz o coração trabalhar… Isto tudo é genial.
(M.C.): É
genial realmente.
(DR.J.R.):
Portanto, tudo isso me fascinou e, a dada altura, tornou-se uma escolha lógica.
Já que estou na medicina, isto consegue congregar alguns desses meus interesses
de vária ordem, numa mesma disciplina: Cardiologia.
(M.C.):
Veja senhor Doutor, nós conhecemo-lo há alguns anos, mas não o conhecemos de
todo porque, quem vê um médico competentíssimo a fazer o que tem de fazer e
mais ainda, vimos a descobrir uma pessoa que poderia ter sido tudo o que
quisesse, porque em qualquer área por onde enveredasse, seria notável.
(DR.J.R.):
Possivelmente isto tem a ver, com o nosso empenhamento. A grande força motriz é
a nossa curiosidade e o nosso gosto por uma ou outra área, o que nos leva,
também, a procurar mais e mais. Depois, há aqui, um fundo comum que é o
trabalho. Eu costumo dizer que ninguém pode ser um bom cirurgião se operar apenas
uma vez por mês. Não estou a dizer que seja mau. Digo que não consegue. Há aqui
esta lógica: a gente que faz muito e faz muitas vezes tem uma maior
probabilidade de vir a ser muito bom nisso.
(M.C.): Tenho na mão o seu curriculum.
São doze páginas resumidas e acaba por ser muito técnico para mim. Sou
professora. Não sou da medicina. O que eu comprovo, sem dúvida, é o enorme
trabalho em que se meteu e em que todos os dias se mete. É impressionante o que
faz e como tem tempo para fazer. E eu, por mais viciada em trabalho que seja,
ainda me custa compreender como tem tempo para tudo. E fico extremamente
admirada ao ponto de dizer “Caramba! Será que sou capaz de entrevistar este
senhor?”
(DR.J.R.):
Talvez, o segredo esteja, por um lado, na minha capacidade de trabalho e esta
curiosidade permanente e ainda, a capacidade de congregar à minha volta,
determinadas pessoas.
Eu tive a oportunidade de
conhecer um pouco do mundo, pela minha curiosidade. Sair do país foi também à
procura disso. Estive algum tempo na Bélgica, onde contactei com situações
muito diferentes. Estamos a falar de há quase três décadas, num hospital muito
mais evoluído, já com uma experiência enorme em transplante cardíaco. Foi na
altura em que, em Portugal, pouco se falava desse assunto. Depois disso estive
algum tempo em Londres, aonde contactei, na Universidade de Londres, com
algumas coisas sobre investigação.
Todas estas experiências
deixaram em mim mais do que um fascínio. Deixaram em mim uma responsabilidade
de trazer para cá qualquer coisa. Mais uma vez, vem ao de cima, a minha característica
de irmão mais velho que, habituado a lidar com os mais novos, nos traz, ao
longo da vida, algumas vantagens na relação entre pares, na capacidade de
dinamizar equipas. Tudo isto é o corolário dessa capacidade.
(M.C.):
Depois da especialidade não se deu tempo para descansar. Quer falar-nos do seu
percurso académico e profissional?
quarta-feira, 16 de novembro de 2022
“A MINHA APOSTA É FAZER DO MUSEU DO ABADE DE BAÇAL UM MUSEU DE ELITE PARA TODOS” (Entrevista publicada em www.jornalnordeste.com)
Jorge da Costa é o novo director do Museu do Abade de Baçal e da Domus Municipalis
Tornar o Museu do Abade de Baçal acessível a toda a gente,
mas proporcionar uma
“experiência fantástica” a quem o visite, onde a qualidade
seja o cartão de visita, é a grande
missão de Jorge da Costa, que neste primeiro dia de Novembro
se estreia no papel de director
do emblemático espaço brigantino. Com 53 anos, esteve, nos
últimos 15, à frente do Centro de
Arte Contemporânea Graça Morais, também ele em Bragança. O papel
de director também o
assumiu no Centro de Fotografia Georges Dussaud, que fica,
igualmente, nesta cidade. Jorge
da Costa vai ser também agora o director da Domus
Municipalis e, em entrevista ao Jornal
Nordeste, revela que quer dinamizar este espaço, dando a
conhecer a história que carrega a
todos quantos o visitem. Jorge da Costa ganhou, com mais de
19 valores, o concurso público
que o coloca à frente de dois espaços que, segundo promete,
muito nos vai apetecer visitar.
Porque é que decidiu que queria partir para esta aventura?
Que homem é este que agora
chega à direcção do Museu do Abade de Baçal?
O que me fez aventurar neste concurso? Há várias razões!
Estava à frente do centro de arte
desde o início, 2007, ainda estava ele em obras. Eu tinha um
projecto e senti que, 15 anos
passados, o tinha cumprido. Estou muito feliz e muito
satisfeito com as exposições que realizei,
quer da pintora Graças Morais, quer dos artistas que
convidei, quer das grandes colecções,
quer, sobretudo, de colecções de instituições como a
Gulbenkian, Serralves, Culturgest, que ali
passaram. Também no Centro de Fotografia Georges Dussaud
foram realizadas inúmeras
exposições. Para além das exposições, ficam também duas
fantásticas colecções, uma de arte
contemporânea, no centro de arte, e outra grande colecção,
no centro de fotografia,
sobretudo das obras de Georges Dussaud. Foram publicados
inúmeros livros e catálogos.
Portanto, produziu-se muito conhecimento e isso é uma grande
satisfação. Por outro lado,
senti que era interessante agarrar num novo desafio: dar
também o meu contributo ao Museu
do Abade de Baçal, aproveitando a minha experiência. Gostava
de levar agora um novo
projecto ao museu da minha cidade e da minha região.
Antes de falarmos desse contributo... o centro de arte
deu-lhe muita visibilidade, pelo
menos, a nível nacional. É triste deixá-lo?
Não. Não é nada triste. Saio plenamente satisfeito. Foi um
percurso difícil, de muita luta e
trabalho e, felizmente, o centro de arte é hoje uma referência,
pelo menos, a nível nacional.
Não é por acaso que instituições de referência querem
trabalhar com ele. Assim como muitos
artistas nacionais e estrangeiros querem também ali expôr.
As pessoas acham que o meio
artístico não está atento a Bragança, mas está e isso tem
sido muito satisfatório. Há também
algo que para mim é interessante. Para além de dizer que
sinto que o meu projecto está
concluído, a verdade é que defendo que os lugares não devem
ser eternos. É necessário que
venha gente nova, sangue novo. A pergunta que agora toda a
gente me faz é quem vai dirigir o
Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, mas não estou
preocupado com isso porque sou
muito positivo e acredito que vem aí alguém com outras
ideias, que pode levar o centro ainda
mais além. O mais difícil já foi construído. Agora é só
melhorar.
As pessoas começam a ter mais interesse em conhecer o que
têm no território ou passa-nos
muito ao lado? Que sentiu nestes 15 anos?
Creio que ainda há muito a fazer. O centro de arte investiu
muito nessa questão e tentou dar
resposta a essa diversidade de pessoas que podem visitar um
centro de arte ou um museu. Os
brigantinos têm respondido positivamente. A grande questão
que se colocava, quando o
centro abriu, era: como é que os brigantinos iriam reagir à
arte contemporânea? E a verdade é
que foi muito fácil. O centro teve esse sucesso imediato
junto do público e fidelizou-o
rapidamente. Há hoje em Bragança um público consumidor de
arte. Acredito que, com as
propostas que os museus podem apresentar, possam ser cada
vez mais atractivos. Dou o
exemplo do Museu do Abade de Baçal. Se calhar há muitos
brigantinos que nunca o visitaram,
mas também há muitos que nunca foram ao teatro ou ao centro
de arte... mas há muita gente
que conhece bem as colecções fantásticas que o Museu do
Abade de Baçal tem. É, sobretudo,
um museu com uma colecção permanente, mas é preciso tentar
dar a volta a essa colecção,
enriquece-la, trazer coisas novas.
É muito acarinhado na cidade, sobretudo, por causa deste
mundo das artes. Portanto, o que
é que pode dar de novo ao museu? Falava de sangue novo, que
acredita que quem chegue
agora ao centro de arte trará novas ideias... então também
as tem para o museu. Quais são
essas ideias?
Esta decisão foi muito pensada. Por isso, apresentei um
projecto muito detalhado daquilo que
pretendo fazer. O museu precisa, sobretudo, que a colecção
seja enriquecida. Precisa também,
por exemplo, que seja dada mais atenção à figura do Abade de
Baçal porque, para além de
alguns retratos e bustos, não temos muito o que nos mostre
quem era exactamente. A sala do
Abade de Baçal vai ser o meu primeiro contributo. Pretendo
que quem entre no museu fique
logo a perceber quem foi esta figura extraordinária.
Pretendo também criar relações com
museus, sobretudo nacionais, como o Museu Soares dos Reis,
que tem uma colecção
fantástica do naturalismo, que o Museu do Abade de Baçal
também tem. Muitas vezes, estes
museus nacionais têm obras nas reservas que, por falta de
espaço, não são mostradas. Porque
é que não podem ser mostradas em Bragança, se há uma
relacção com essa mesma colecção?
Isto é uma forma de trazer novas obras mantendo os núcleos
muito importantes que aqui
existem. O mesmo acontece com as obra do Almada Negreiros.
Porque é que não podem
existir obras novas, que sejam emprestadas por outros
museus? A minha aposta também vai
ser muito forte no que toca à divulgação do museu. Muitas
vezes, as coisas ficam fechadas
dentro dos espaços museológicos. É preciso trazê-las para
fora. Sabemos que a comunicação
social está muito atenta ao que se passa em Lisboa e no
Porto e, se calhar, menospreza um
bocadinho o que se passa no resto do país. Isto é um
trabalho de fundo mas que pode ser feito
e que pode, realmente, acontecer.
É possível atrair os jovens? Parece que se interessam mais
por espaços como o centro de
arte...
O Museu do Abade de Baçal tem um número de visitantes penso
que, quando comparado com
o Centro de Arte Contemporânea, não seja muito diferente.
Aliás, o museu tem uma estratégia
de serviço educativo e esta relação com as escolas é muito
activa. É preciso torná-la ainda
mais. Temos que nos socorrer de um conjunto de estratégias
para continuar a levar os
brigantinos ao museu. Também a Domus Municipalis será uma
grande aposta, pois precisa de
alguma dinâmica. É preciso mostrá-la. Na Primavera/Verão,
haverá uma exposição sobre ela,
dentro da própria Domus. Muitas vezes, quem chega e quem
visita o monumento desconhece
que existe uma cisterna e até a própria história da
reconstrução daquele monumento. Há
muitas coisas, nomeadamente fotografias do Abade de Baçal no
monumento, antes de este
ser reabilitado. Há muito a mostrar. Isto pode resultar
também numa estratégia canalizadora
de visitantes da Domus para o museu. A minha aposta é fazer
do museu, parafraseando uma
expressão do director do Teatro de São João, mas alterando-a
um bocadinho, “um museu de
elite para todos”. Quero que seja acessível a toda a gente.
Falarmos de elitismo é falar de
qualidade. O público procura a qualidade e não podemos
dar-lhe qualquer coisa. Isso é muito
importante. Quero que quem lá vá saiba que vai gostar da
visita. Quero que as pessoas saiam
do museu e sintam que a visita valeu a pena. Quero que quem
entre no museu tenha uma
experiência extraordinária.
Esta vontade de dar o seu contributo ao Museu do Abade de
Baçal já estava planeada há
algum tempo ou foi algo que surgiu recentemente?
Já ia sendo pensada há algum tempo. Não foi uma coisa
momentânea.
Já falou do que pretende dar àquele espaço, mas o que acha
que o museu lhe pode dar a si?
Estou muito feliz, mas sobretudo muito motivado. Aquilo que
tenho em projecto só será
possível com a colaboração da equipa do museu. Quero
partilhar estas ideias todas e motivar a
equipa. Valorizo muito as relações pessoais e quando há uma
boa relação e há empatia tudo
corre melhor. A tal ideia que, vulgarmente, chamamos de
‘vestir a camisola’... eu quero que a
equipa vista a camisola porque eu já a vesti. Acredito que a
equipa a vai vestir comigo. Isso é a
grande expectativa que tenho para o começo do meu trabalho
no Museu do Abade de Baçal.
Realizada pela jornalista Carina Alves
3ª Edição do Prémio Literário da Lusofonia Professor Adriano Moreira
produção e a criatividade literárias, no âmbito da temática
da Lusofonia, valorizar as relações
culturais entre Instituições Culturais de Países de Língua
Oficial Portuguesa e contribuir para a
divulgação e prestígio da obra de autores que cultivam a
diversidade dos valores culturais e
identitários dos Povos da Lusofonia.
A identificação do Prémio com um nome associado, com
reconhecimento no meio científico e
académico da Lusofonia, no sentido de prestigiar a
iniciativa, garantir a aceitação e
envolvimento da comunidade cultural e científica dos países
de língua portuguesa, levou ao
nome de um dos mais ilustres transmontanos, o Professor
Adriano Moreira, académico,
estadista e estudioso de assuntos de política internacional.
O fundamento desta decisão teve presente, de entre o seu
extenso e valioso currículo, o
relevante contributo na temática do Prémio, que agora se
institui, que se resume:
“O Prof. Adriano Moreira foi, como Presidente da Sociedade
de Geografia, quem organizou o I
Congresso das Comunidades Portuguesas no Estrangeiro, em
1964, o II Congresso na Rota de
Vasco da Gama, em 1966 e a criação da Academia Internacional
da Cultura Portuguesa. Foi o
introdutor da Antropologia Cultural no Instituto de Ciências
Sociais e Políticas da Universidade
de Lisboa. Como Ministro do Ultramar, durante o Estado Novo,
estabeleceu o Ensino
Universitário em Angola e Moçambique, fez abolir o Estatuto
do Indigenato. Foi o proponente,
no Recife, no Instituto de Gilberto Freyre, do Instituto
Internacional da Língua Portuguesa. Os
Títulos Universitários que lhe foram conferidos no Brasil,
em Cabo Verde, e a Condecoração de
Timor, com a indicação dos motivos que a inspiram e constam
da Fotografia do Diploma que
está na Biblioteca de Bragança são importantes: «pelos
serviços prestados a Timor, aos
Direitos do Homem, e à Humanidade». A bibliografia em que
defende o lusotropicalismo
sustenta que a Pátria não se ama a benefício de inventário,
mas sobretudo pela contribuição
dada para o património imaterial da humanidade”.
Assim, é elaborado o presente Regulamento para vigorar no
Conselho de Curadores da
Biblioteca Adriano Moreira, em Bragança.
Regulamento
Artigo 1.º
Definição de objetivos
A Comissão Executiva Permanente de Curadores da Biblioteca
Adriano Moreira (CEPC), a 23 de
junho de 2018, decidiu criar o Prémio Literário da Lusofonia
Prof. Doutor Adriano Moreira, que
se pretende como distintivo e de prestígio, no âmbito da
temática da Lusofonia, assim como
valorizar a Língua Portuguesa e a sua interculturalidade,
incentivando a Criação Literária como
veículo de comunicação e liberdade de expressão ao serviço
dos povos da Lusofonia.
Artigo 2.º
Calendarização
O Prémio Literário da Lusofonia Professor Adriano Moreira é
atribuído de dois em dois anos,
em cerimónia pública. O prémio da 3.ª edição será atribuído
no mês de outubro, no âmbito do
encontro LUSOCONF 2023 – V Encontro Internacional da Língua
Portuguesa e Relações
Lusófonas.
Artigo 3.º
Prémio
O Prémio Literário da Lusofonia Professor Adriano Moreira
será atribuído sob a forma de um
diploma e de um troféu, executados pelo escultor
transmontano António Nobre, e de um valor
pecuniário de cinco mil euros.
Artigo 4.º
Âmbito
O Prémio destina-se a distinguir trabalhos inéditos,
originais, não publicados em formato papel
e/ou em plataformas digitais, nem concorrentes a outro
concurso, na modalidade de poesia,
cuja temática incida sobre a Lusofonia, territorialmente de
dimensão abrangente ou mais
restrita. A obra, integrando vários poemas, deve ter entre
50 e 100 páginas.
Artigo 5.º
Entidade dinamizadora do Prémio
A entidade dinamizadora do Prémio é a Academia de Letras de
Trás-os-Montes, em
colaboração com a Comissão Executiva Permanente de Curadores
da Biblioteca Adriano
Moreira, a Câmara Municipal de Bragança, a Diocese de
Bragança-Miranda e o Instituto
Politécnico de Bragança.
Artigo 6.º
Prazos
O prazo do concurso decorre entre 10 de setembro de 2022 e
termina a 30 de abril de 2023,
data limite para entrega dos trabalhos.
Artigo 7.º
Participantes e formas de participação
O Prémio é aberto a cidadãos de nacionalidades portuguesa,
lusófonas ou outra nacionalidade,
maiores de idade, podendo cada concorrente participar com o
máximo de dois trabalhos,
subordinados às seguintes normas:
O conjunto de poemas é obrigatoriamente redigido em língua
portuguesa, utilizando o
tipo de letra Times New Roman e tamanho 12.
Os trabalhos originais devem ser dirigidos à Academia de
Letras de Trás-os-Montes,
remetidos dentro de um sobrescrito, onde conste o pseudónimo
do autor e a
indicação de que se trata de trabalho concorrente a este
Prémio Literário, por correio
registado, para a sede da Academia de Letras de
Trás-os-Montes, no seguinte
endereço: Academia de Letras de Trás-os-Montes, Centro
Cultural Adriano Moreira,
Praça Camões, 5300-104 Bragança.
Juntamente com os originais, que deverão ser apresentados
em cinco cópias em papel,
no formato A4 e acompanhados de uma gravação (pen) em
formato digital, deverá ser
enviado ou entregue um sobrescrito fechado, de forma a
garantir a respetiva
inviolabilidade, contendo no seu interior os dados de
identificação, residência do
concorrente, endereço eletrónico e contacto telefónico e
ostentando, no seu exterior,
o pseudónimo escolhido e o título do trabalho apresentado.
Neste envelope fechado interior, deve, ainda, constar uma
declaração assinada pelo
participante com a menção de que a obra apresentada a
concurso é original e inédita,
não ter sido apresentada a nenhum outro concurso com decisão
pendente, nem
publicada em papel e/ou em plataformas digitais.
Em caso de entrega pessoal, só serão aceites os trabalhos
recebidos nos serviços da
Academia de Letras de Trás-os-Montes, até à data fixada.
Em caso de envio pelo correio, só serão aceites os
trabalhos expedidos até à data
referida no art.º 6.º, sendo a expedição comprovada pela
aposição do carimbo dos
serviços postais.
Em caso de dúvidas, podem ser pedidos esclarecimentos para
o seguinte endereço de
correio eletrónico: academiadeletrasosmontes@gmail.com
Artigo 8.º
Critérios de avaliação
Constituem critérios de avaliação dos trabalhos a concurso:
- Qualidade da temática
desenvolvida, na ótica dos objetivos do Prémio; - Domínio da
língua portuguesa e correção
linguística; - Coerência literária da modalidade escolhida;
- Contributo previsível em termos de
divulgação pública de valores culturais e identitários dos
Povos da Lusofonia.
Artigo 9.º
Constituição do júri
O júri será constituído por cinco elementos: um indicado
pela Academia de Letras de Trás-os-
Montes; um indicado pela Câmara Municipal de Bragança; um
indicado pelo Instituto
Politécnico de Bragança; um indicado pela Diocese de
Bragança-Miranda. Um, indicado pela
Comissão Executiva Permanente de Curadores da Biblioteca
Adriano Moreira, elemento que
presidirá ao júri.
Artigo 10.º
Prazo de decisão
A proposta de decisão do júri será tomada no prazo máximo de
120 dias, contados a partir da
data fixada para a entrega dos trabalhos. Das decisões
tomadas não haverá recurso. O júri
lavrará uma ata sobre o resultado do concurso, sendo a mesma
assinada pelos elementos que
o constituem, que ficará anexa à ata da decisão da CEPC,
assim como a documentação relativa
à atribuição do Prémio.
Artigo 11.º
Atribuição ou não do Prémio
A deliberação do júri será tomada por unanimidade ou por
maioria simples, tendo o
Presidente do júri voto de qualidade. O júri poderá
considerar a não atribuição do Prémio, caso
ajuíze que os trabalhos apresentados não reúnam condições de
qualidade que o justifiquem,
propondo o resultado da atribuição ou não atribuição, para
decisão da Comissão Executiva
Permanente de Curadores da Biblioteca Adriano Moreira.
Artigo 12.º
Edição dos trabalhos
O autor do trabalho premiado pode usar livremente, em edição
do trabalho, a referência ao
Prémio obtido. No caso de o autor pretender editar, em
colaboração com a Câmara Municipal
de Bragança e ou com a Academia de Letras de Trás-os-Montes,
nos termos a acordar entre as
partes, caberão à Câmara Municipal de Bragança os direitos
de edição. Esta procederá à edição
do trabalho premiado, se o autor, no prazo de 90 dias, por
escrito, expressar essa vontade
junto da CEPC da Biblioteca Adriano Moreira.
Artigo 13.º
Devolução dos trabalhos
Os originais de trabalhos não premiados serão devolvidos aos
respetivos autores, desde que
estes o solicitem, no prazo de 60 dias contados a partir da
data da decisão final do júri,
cabendo aos autores o custo dos portes de correio.
Artigo 14.º
Casos omissos
Os casos omissos ou as divergências na interpretação do
presente regulamento serão
resolvidos pela CEPC, sob parecer do júri.
Retirado de www.cm-braganca.pt