quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Freixo, Festival Internacional de Literatura 2021 (FFIL)

Decorreu, no passado fim-de-semana, o Freixo, Festival Internacional de Literatura (FFIL), em Freixo de Espada à Cinta, terra natal do poeta Guerra Junqueiro, patrono do prémio  literário  com o mesmo nome.

Tive a honra e o gosto de estar presente na 5ª edição deste Festival.

Fui convidada pela minha amiga Lídia Machado Dos Santos para apresentar o seu livro "As Paisagens Junqueirianas em a Velhice do Padre Eterno", de Guerra Junqueiro. Foi um orgulho fazê-lo.

Cabe-me agradecer à Senhora Presidente da Câmara de Freixo de Espada à Cinta, à Doutora Avelina Ferraz e à sua equipa, a todos os participantes e à Professora Doutora Lídia Machado dos Santos, pelo excelente trabalho realizado sobre a obra de Guerra Junqueiro a que, com certeza, dará continuidade.

Foi um excelente fim-de-semana.





















Estas fotos dão-nos uma ideia das atividades do FFIL. A Lusofonia esteve muito bem representada.

Maria Cepeda  




Ernesto Rodrigues: A terceira margem (Retirado de www.novoslivros.pt)

 


1– O que representa, no contexto da sua obra, o livro A Terceira Margem?

R – Oitavo romance desde A Serpente de Bronze (1989), que anunciava a actual casa comum europeia (desde 2004) e rastreava momentos altos da nossa História, também expandida ao desastre de Alcácer Quibir, A Terceira Margem vai além desse espírito viageiro cosmopolita e remitificação sebástica: debate o fim da pena de morte em Portugal e, sobretudo, a abolição da escravatura no Brasil, sem o que nações, comunidades e indivíduos não darão o salto para a terceira margem, a da dignidade. Por outro lado, irmana-se, aqui, a vertente regional, patente desde a estreia novelística (1980) até ao segundo romance, Torre de Dona Chama (1994), nome da vila transmontana donde sai (além do autor, além do narrador) a linha dos Cabrais que apelida a história entre 1756 e 2022. Adequando o registo discursivo a tempos, lugares e personagens – algumas bem conhecidas no imaginário luso-brasileiro, em que relevo Machado de Assis –, A Terceira Margem é o título-síntese das minhas diligências literárias.

2 – Qual a ideia que esteve na origem deste livro?

R – O narrador, Pedro Álvares Cabral (1956), já comparecia naquele segundo romance, onde também pesava a lembrança de um avô, agora, em A Terceira Margem, figura central (1870-1966) e fonte de informação. Precisava de biografar um alter ego e sua linhagem num período – século XIX, em particular – que, com a independência política do Brasil, conduziu Portugal ao regime demo-parlamentar de hoje, sem termos ainda chegado à plena independência dos indivíduos. Choca-me que, sob formas várias, milhões de pessoas continuem a ser «mercancia», no dizer do padre António Vieira. Sem debelar esta chaga – sendo solução Uma Bondade Perfeita (2016), sexto romance –, a humanidade não é digna deste nome. Lateralmente, na sequência de ficção histórica como O Romance do Gramático (2011) e A Casa de Bragança (2013), faltava-me homenagear cerca de dois séculos e meio, que melhor conheço, enquanto investigador universitário. Era, também, outra forma de revisitar uma cidade de eleição, o Rio de Janeiro.

3 – Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?

R – Donald Trump e outros títeres inspiraram três novelas que se debruçam sobre o Poder – a principal preocupação de 11 peças em 47 anos de Teatro, que acabo de editar. Estão em retoques finais, à atenção de um futuro que se deseja mais responsável.

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Ernesto Rodrigues

A Terceira Margem

Retirado de www.novoslivros.pt

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Adriano Moreira faz, hoje, 99 anos

No dia 6 de setembro, o Professor Adriano Moreira, completa 99 anos de uma vida que, não sendo fácil, foi muito preenchida e cheia de desafios. 

Nascido numa pequena aldeia do Concelho de Macedo de Cavaleiros, Grijó de Vale Benfeito, no Distrito de Bragança,  trouxe consigo a força de ser transmontano. Com os pais, migrou para Lisboa, mas nunca esqueceu as suas origens e todas as férias eram passadas em Trás-os-Montes. 

Dedicou-se com afinco ao estudo para aliviar os pais e a pensar na irmã que é médica. 

Licenciou-se em Direito pela Universidade de Lisboa e doutorou-se pela Universidad Complutense de Madrid e pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP).

À frente do Ministério do Ultramar, para o qual foi chamado por Salazar em 1961, fez uma série de reformas, sendo a mais simbólica a revogação do estatuto do indigenato.

Saiu do Governo em 1963, quando Salazar lhe pediu para mudar de política. Segundo conta o próprio Adriano Moreira, respondeu-lhe: “Acaba de mudar de ministro”.

Passou depois pela presidência da Sociedade de Geografia, onde ficou até 1974, e à frente da qual promoveu o Movimento da União das Comunidades de Língua Portuguesa. E manteve-se à frente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina, atual ISCSP, escola que ajudou a reformar introduzindo o estudo de diversas ciências sociais, até ser demitido pelo Governo de Marcello Caetano em 1969.

Regressou ao ISCSP em 1983, quando foi eleito presidente do Conselho Científico.

Em 1980, voltou à atividade política, integrando as listas do CDS nas legislativas daquele ano a convite de Freitas do Amaral e de Adelino Amaro da Costa. Em 1983 foi eleito presidente do Conselho Nacional do CDS e em 1986 chegou à liderança do partido, à frente do qual se manteve até 1988. No parlamento ficaria 14 anos.

Apesar dos cognomes de “senador” e “histórico do CDS”, Adriano Moreira prefere ser reconhecido como professor.

E, apesar de uma vida muitíssimo preenchida, formou a sua própria família sem nunca descurar as suas obrigações de filho e irmão.

Aqui deixamos os nossos mais sinceros Parabéns, agradecendo mais uma vez, a entrevista que nos deu, na Pousada de São Bartolomeu, em Bragança, em 2019, com 97 anos de idade e uma enorme vitalidade.

Foi uma entrevista, para nós, Marcolino e eu, memorável. Se já o admirávamos como profissional e pelo seu percurso de vida, ficámos encantados por descobrir um ser humano excecional.

Parabéns Senhor Professor! 


Maria e Marcolino Cepeda             

Bragança: novas perspetivas

 Bragança. 

Cidade onde vivo por opção e gosto. Sinto-me bem aqui. 

É uma cidade pequena. O trânsito não é complicado. Levo pouco tempo para chegar ao meu local de trabalho...

Estas fotos apresentam uma nova perspectiva desta bela cidade.  










Fotos de Maria de Jesus Cepeda


quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Prémio literário Guerra Junqueiro homenageia grandes nomes da literatura lusófona (Publicado por Francisco Pinto em Qui, 2021-09-02 11:33)

 


A vila manuelina de Freixo de Espada à Cinta acolhe a 5ª edição entre amanhã e sábado, a quinta edição do FFIL – Freixo Festival Internacional de Literatura, uma iniciativa tida “como uma referência cultural para a literatura em língua portuguesa”.

O poeta Guerra Junqueiro (15 de setembro de 1850 a 07 de julho de 1923), natural de Freixo de Espada à Cinta, é patrono deste evento e dá o seu nome a um prémio que pretende destacar, todos os anos, autores que, de alguma forma, refletem a influência de Guerra Junqueiro, pelo compromisso e pela importância que o escritor e diplomata foi no seu tempo.

"O Freixo Festival Internacional de Literatura - FFIL reflete o ideal que prosseguimos, e a missão que nos cumpre, enquanto administração autárquica, fazedora e mobilizadora de causas. Acresce ainda o cruzamento com todas as nações que têm o português como a sua língua mãe, onde cabe a atribuição do Prémio Literário Guerra Junqueiro para a Lusofonia," revelou a anfitriã em Portugal do FFIL e presidente da câmara de Freixo de Espada à Cinta, Maria do Céu Quintas.

O Prémio Literário Guerra Junqueiro 2021 é atribuído é nesta edição do FFIL à escritora Hélia Correia, também ela uma influência de Guerra Junqueiro tanto na parte literária, na sua poesia e no discurso poético da sua obra, como nas convicções políticas que sempre entusiasmaram estes grandes nomes da literatura nacional.

A vida e obra do poeta freixenista Guerra Junqueiro será o mote para todas as intervenções culturais, com destaque para o uso da língua portuguesa, onde os escritores se reúnem para debater e explorar toda a vivência do seu tempo, sempre atual.

A autora Lídia Machado dos Santos marcará presença no festival literário do Douro Superior com ‘As Paisagens Junqueirianas em A Velhice do Padre Eterno de Guerra Junqueiro’ uma obra que foi a base do seu pós-doutoramento em Literatura Portuguesa e Lídia Praça, outra autora transmontana, levará até Freixo de Espada à Cinta ‘O Eco das Minhas Pátrias’, “uma viagem da autora onde não faltará a exaltação a Guerra Junqueiro”.

“A defesa da comunidade lusófona, quando informada e participativa, apresenta contributos vitais e decisivos para um desenvolvimento tanto a nível individual como coletivo, de uma comunidade em diáspora, se manifesta e desenvolve”, realçam os promotores do festival literário.

Este prémio literário, alargado à Lusofonia, “realça aquilo que deve ser a valorização e defesa da língua portuguesa como veículo e património cultural de uma identidade lusófona”, acreditam os promotores.

 

Retirado de www.mdb.pt (Jornal Mensageiro de Bragança)


terça-feira, 31 de agosto de 2021

Hélia Correia vence Prémio Literário Guerra Junqueiro 2021

Galardão é entregue no Festival Internacional de Literatura de Freixo e distingue ainda mais oito autores da lusofonia

Olga Telo Cordeiro (jornalista)


O Prémio Literário Guerra Junqueiro deste ano vai ser atribuído à escritora Hélia Correia. 



A autora é a quinta distinguida com o galardão instituído pelo FFIL – Freixo Festival Internacional de Literatura, que acontece em Freixo de Espada à Cinta e que tem como patrono Guerra Junqueiro. 

Avelina Ferraz, curadora do prémio literário, explicou que a escolha recaiu em Hélia Correia por refletir a influência do escritor natural de Freixo, tanto na parte literária como no discurso poético da sua obra.

“Encontramos a poesia de Guerra Junqueiro em Hélia Correia. Todos os aspectos poéticos da sua prosa também são identificáveis com Guerra Junqueiro, bem como tudo aquilo pelo qual a literatura de ambos se debate, o aspecto doutrinário e humanista, mas também o lírico filosófico”, sublinhou.

Desde o ano passado, o FFIL também premeia escritores de países lusófonos.

“O legado de Guerra Junqueiro é e continuará a ser uma fonte de inspiração para a formação de muitos poetas e escritores do século XX e XXI. E enquanto assim for, podemos celebrar em pleno a língua portuguesa. O Prémio Literário Guerra Junqueiro, que em 2020 foi alargado à Lusofonia, é um importante contributo para um movimento criador de uma união cultural lusófona e responsável”, reitera Avelina Ferraz.

Depois de em 2020 terem sido agraciados sete autores de países de língua oficial portuguesa, este ano, o Prémio Literário Guerra Junqueiro Lusofonia chega a mais dois países.

“Faltava a Guiné Equatorial e Timor Leste e este ano cumprimos essa missão, de entregar o prémio em todos os países da lusofonia”, afirmou.

Xanana Gusmão é o distinguido em Timor Leste e Agustín Nze Nfumu na Guiné Equatorial. Albertino Bragança de São Tomé e Príncipe, Vera Duarte Pina de Cabo Verde, Abraão Bezerra Batista do Brasil, Abdulai Sila da Guiné-Bissau, Luís Carlos Patraquim de Moçambique e João Tala de Angola completam a lista dos agraciados.

A presidente da Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta e anfitriã do Prémio Guerra Junqueiro

em Portugal, Maria do Céu Quintas, destaca que “ter Guerra Junqueiro como filho da terra é, por si só, motivo de orgulho” e que “perceber que existe uma ligação afectiva e efectiva ao património das letras e da cultura das palavras, torna esta missão cultural ainda mais desafiadora junto das comunidades na diáspora”.


Retirado de www.jornalnordeste.com


A TERCEIRA MARGEM - Ernesto Rodrigues

 

Depois de lermos o último romance de Ernesto Rodrigues, o excelentíssimo "A Terceira Margem", só nos apetece ler mais e mais.
Não conseguimos parar de ler esta "saga" de tantas gerações onde a história ficcional se confunde com a história real.
Só o Professor Doutor Ernesto Rodrigues seria capaz de nos oferecer esta narrativa sem mácula, capaz de nos conduzir pelas suas veredas sinuosas, obrigando-nos a pensar, a ir mais além. 
Ernesto Rodrigues não é linear. Gosta de levar os seus leitores por caminhos difíceis mas apelativos, que nos forçam a seguir a intrincada trama que tão bem desenvolve.

Parabéns Amigo por mais este fabuloso livro.

Maria e Marcolino Cepeda


RESUMO

O presente romance é uma obra que tem por protagonista uma família, os Álvares Cabral, que a coincidência dos apelidos liga ao grande navegador. O romance ficciona sete gerações de uma família luso-brasileira (com pozinhos de Europa Central) e desenrola-se entre o passado distante de 1756 e o futuro já tão próximo de 7 de Setembro de 2022, ano em que se comemorará o bicentenário do grito do Ipiranga.

Nestes 266 anos, ergue-se dinastia com raízes no navegador Pedro Álvares Cabral e em desembargador na Casa da Suplicação centrada no avô (1870-1966) do narrador, em defesa da dignidade humana, margem que recusa a escravatura, a pena de morte, os aljubes do pensamento. Momentos altos e figuras maiores de aquém e além-Atlântico, com a presença especial de Machado de Assis, aproximam-nos de uma História comum que esta prosa singular também celebra.