“O associativismo é a ferramenta
mais importante para lutar contra os populismos e reforçar as democracias”,
afirmou Francisco Alves, presidente da RIONOR, durante o evento ‘RIONOR: Que
Associativismo?’, realizado em Bragança, no sábado, numa oportunidade para
discutir o papel vital do associativismo na construção de uma sociedade mais
justa.
A associação RIONOR, que está a
celebrar 10 anos de atividade, reuniu associados, cidadãos e especialistas para
debater um tema que considera essencial para a consolidação das democracias: a
participação cativa e cívica por meio das associações.
Francisco Alves ressalvou que,
tanto em Portugal como em Espanha, os índices de participação associativa são
“alarmantemente baixos” e destacou que a verdadeira força das associações reside
no seu impacto direto na sociedade. Segundo disse, o associativismo não se
resume a um simples pagamento de cotas. Exige sim um compromisso ativo por
parte dos cidadãos. “As pessoas têm de ter consciência da importância da
participação cívica para o reforço da democracia, não estar à espera que os
outros todos façam tudo”, completou.
No sábado, as questões centrais
foram a necessidade de fortalecer as associações e incentivar uma maior
participação cívica, promovendo um associativismo que seja democrático,
transparente e voltado para o bem comum.
Para Francisco Alves, uma
associação não pode ser apenas uma entidade financeira, mas sim um espaço de ação
e de propostas concretas. “Uma associação sem atividades morre”, afirmou,
explicando que o associativismo deve ter um propósito claro de mudança e
alinhar-se com as necessidades da comunidade.
Um dos principais focos foi o
modelo de associativismo que se deseja para o futuro. O evento abordou os métodos
que devem ser implementados para tornar as associações mais influentes, não só
em termos de apoio social, mas também na formulação de políticas públicas. Francisco
Alves defendeu um modelo de associativismo que promova a solidariedade, o
voluntariado e a participação ativa dos cidadãos. “Tem de haver transparência nas
contas, os sócios têm de saber para onde é que vai o dinheiro”, afirmou,
dizendo que uma gestão clara e democrática é essencial para garantir a
confiança dos membros e a efetividade da associação.
Outro tema fundamental discutido
foi a cooperação entre as zonas fronteiriças de Portugal e Espanha, áreas onde
o associativismo tem um papel crucial na superação de desafios comuns.
Francisco Alves lembrou que,
apesar da falta de comunicação e de recursos adequados, é necessário
transformar essas regiões em áreas de oportunidades e afirmou que, embora haja
um consenso geral entre os governos sobre a importância dessas áreas, muitas
vezes as políticas públicas e os recursos não chegam de forma eficaz aos locais
que mais necessitam.
Além disso, a falta de
mobilização da população também foi identificada como um obstáculo ao fortalecimento
do associativismo. O responsável lamentou que muitas associações enfrentem
dificuldades para manter o envolvimento dos cidadãos, especialmente após a
pandemia, que, segundo ele, afectou profundamente o associativismo. “Os sócios
quase não pagam as cotas, e os que pagam limitam-se a fazê-lo e não aparecem”,
terminou.
Retirado de www.jornalnordeste.com
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