terça-feira, 26 de novembro de 2024

Conselho Raiano debateu o associativismo para reforçar a democracia (jornalista Cindy Tomé)

“O associativismo é a ferramenta mais importante para lutar contra os populismos e reforçar as democracias”, afirmou Francisco Alves, presidente da RIONOR, durante o evento ‘RIONOR: Que Associativismo?’, realizado em Bragança, no sábado, numa oportunidade para discutir o papel vital do associativismo na construção de uma sociedade mais justa.

A associação RIONOR, que está a celebrar 10 anos de atividade, reuniu associados, cidadãos e especialistas para debater um tema que considera essencial para a consolidação das democracias: a participação cativa e cívica por meio das associações.

Francisco Alves ressalvou que, tanto em Portugal como em Espanha, os índices de participação associativa são “alarmantemente baixos” e destacou que a verdadeira força das associações reside no seu impacto direto na sociedade. Segundo disse, o associativismo não se resume a um simples pagamento de cotas. Exige sim um compromisso ativo por parte dos cidadãos. “As pessoas têm de ter consciência da importância da participação cívica para o reforço da democracia, não estar à espera que os outros todos façam tudo”, completou.

No sábado, as questões centrais foram a necessidade de fortalecer as associações e incentivar uma maior participação cívica, promovendo um associativismo que seja democrático, transparente e voltado para o bem comum.

Para Francisco Alves, uma associação não pode ser apenas uma entidade financeira, mas sim um espaço de ação e de propostas concretas. “Uma associação sem atividades morre”, afirmou, explicando que o associativismo deve ter um propósito claro de mudança e alinhar-se com as necessidades da comunidade.

Um dos principais focos foi o modelo de associativismo que se deseja para o futuro. O evento abordou os métodos que devem ser implementados para tornar as associações mais influentes, não só em termos de apoio social, mas também na formulação de políticas públicas. Francisco Alves defendeu um modelo de associativismo que promova a solidariedade, o voluntariado e a participação ativa dos cidadãos. “Tem de haver transparência nas contas, os sócios têm de saber para onde é que vai o dinheiro”, afirmou, dizendo que uma gestão clara e democrática é essencial para garantir a confiança dos membros e a efetividade da associação.

Outro tema fundamental discutido foi a cooperação entre as zonas fronteiriças de Portugal e Espanha, áreas onde o associativismo tem um papel crucial na superação de desafios comuns.

Francisco Alves lembrou que, apesar da falta de comunicação e de recursos adequados, é necessário transformar essas regiões em áreas de oportunidades e afirmou que, embora haja um consenso geral entre os governos sobre a importância dessas áreas, muitas vezes as políticas públicas e os recursos não chegam de forma eficaz aos locais que mais necessitam.

Além disso, a falta de mobilização da população também foi identificada como um obstáculo ao fortalecimento do associativismo. O responsável lamentou que muitas associações enfrentem dificuldades para manter o envolvimento dos cidadãos, especialmente após a pandemia, que, segundo ele, afectou profundamente o associativismo. “Os sócios quase não pagam as cotas, e os que pagam limitam-se a fazê-lo e não aparecem”, terminou.

 

Retirado de www.jornalnordeste.com

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