quarta-feira, 24 de julho de 2024

Herman José abre as Festas da Cidade e Xutos & Pontapés no arraial

Publicado por AGR em Sex, 2024-07-19 

Os Xutos & Pontapés são os cabeça de cartaz das Festas da Cidade de Bragança e tocam na madrugada de 21 para 22 de agosto, o dia principal das festividades em honra de Nossa Senhora das Graças, a padroeira da cidade.

De acordo com o cartaz divulgado pela autarquia esta sexta-feira nas redes sociais, os concertos no parque do Eixo Atlântico começam no dia 18, domingo, com a atuação de Herman José, a convite da Banda Filarmónica da cidade, que habitualmente atua na abertura e convida um artista para se juntar a si. A noite termina com DJ Pascoal.

Dia 19 é a vez de Zíngarus subirem ao palco principal, seguido de Ivandro, que convida Bárbara Bandeira e Mariza Liz. A noite termina, novamente, com DJ Pascoal.

Dia 20 cabe a Bruno Sendas abrir a noite de espetáculo, seguido dos Quatro e Meia. DJ Pascoal encerra novamente.

No dia 21, dia do arraial, Xutos & Pontapés e Banda Norte animam a noite.

As festividades encerram com a eucaristia solene, no dia 22, às 17h00, na Catedral, seguida da procissão.

Nota ainda para o dia 03 de agosto, em que se realiza a festa Verão Bragança, no centro da cidade, com vários palcos, concertos e videomapping.

As festas arrancam no dia 26 de julho, com as verbenas, concertos na praça Camões, que se prolongam até ao dia 13. A partir de 14 de agosto, e até ao dia 17, a Festa da História anima o Castelo.


Retirado de www.mdb.pt 

quinta-feira, 18 de julho de 2024

JORGE MORAIS: PERSONAGENS (4)

    Germano Cauteleiro

Mudo, não, não era mudo. Contrariamente a um cauteleiro que nos 60 e 70 provinha com alguma regularidade de Mirandela na motora da manhã e apregoava pelas ruas e cafés, particularmente no Chave D´Ouro e Cruzeiro, a sua mercadoria abanando-a e folheando-a como um harmónio colorido frente a clientes interessados ou não, Germano permanecia quase estático, quase sempre nos mesmos lugares chave da Praça da Sé, ora frente aos Coelhos, hora frente à farmácia na borda do lajedo da eira.

Quase impercetível, quase mudo, digo, com um trejeito muito próprio de lábios finos franzidos, uma mão segurando o ramalhete de cautelas e a outra metida na aba da gabardine curta e puída de longos anos. Sapatos grandes e bicudos, calças curtas de perna e estreitas de forma.

Era de Babe, foi gaseado, ao que consta, na fatídica primeira Grande Guerra. Ficou assim, nunca o vi sorrir, mas olhava o mundo à sua volta com uma certa penetração, talvez com espanto por ver o mundo rodopiando ainda vivo. Não apregoava, colorida e espalhafatosamente o seu artigo.

Estranhamente recordo-o quase sempre na borda dos passeios ou da eira, talvez que pronto a largar para um outro lugar, ou então, porque, simplesmente, tímido, não querendo meter-se no torvelinho de vida que era essencialmente dos outros, não quereria sobressaltar. De vezes em quando abanava levemente o leque do seu molho de cautelas e esperava, apenas.



 

Texto e fotografias de Jorge Morais

segunda-feira, 15 de julho de 2024

INOCÊNCIA

Dançava?


Sim. Como uma flor levada pelo rio.

Sorria?

Sim. Como um lírio.

O lírio nadava?

Não. Tinha medo e frio.

Afogou-se?

Não. Apenas mergulhou.

E o que foi que aconteceu?

Será que morreu?

Não. Apenas boiou no cisne amarelo.



Maria Cepeda
 

domingo, 7 de julho de 2024

VERÃO 2024


7 de julho de 2024. O verão ainda é novo mas já está maduro. Faz calor não fora o seu tempo aqui, onde me encontro.

Biliões de seres humanos habitam este, já exausto, planeta, de verões e invernos, de primaveras e outonos.

Não sabemos quantas estações passarão, quantos calores virão, quantas chuvas torrenciais nos matarão, quanto gelo, quanta neve nos soterrarão. Somos, apenas, vírgulas, a quem é permitido pontuar as histórias das nossas vidas.

Somos insignificâncias que conseguem tornar-se portentos quando se trata de poluir oceanos, alterar climas, potenciar guerras, viver delas e nelas, desrespeitar a vida de todos os seres existentes nesta nossa casa que é única.

Estamos a matar aos poucos este belo resort que o universo nos deu. Não sabemos se ainda vamos a tempo de salvar a casa das gerações futuras.

Haverá gerações futuras?

Grande parte da população portuguesa está a gozar as suas bem merecidas férias. Aproveitem, divirtam-se, protejam, na medida do possível, o planeta e sejam felizes.

Não tenho pretensões de ensinar seja quem for sobre o nosso futuro no planeta Terra. Apenas não me quero esquecer que milhões de anos, geologicamente falando, são meros segundos de vida neste paraíso perfeito.

 

Maria Cepeda        

JORGE MORAIS "PERSONAGENS" (3)

Carlinhos em plena eira da Sé antes de uma corrida de bicicletas que se organizou localmente.

 

Esta presenciei-a eu pelos idos anos de 71 mais ou menos e integrando um pequeno grupo de rapazes que costumava frequentar mais com as costas do que com os livros, as paredes do comércio dos "Coelhos" em plena Praça da Sé, junto à pancarta dos filme a exibir no Cine Teatro Camões. O seguinte passou-se, não sei porque cargas de água, fora dessa circunscrição, ou seja, na esquina do então Banco Nacional Ultramarino em frente aos Correios.

- Carlinhos, canta-nos uma cantiga! - A moeda de duas coroas relampejante e atrativa na sua mistura de prata e alpaca, rodopiava no ar uma, duas... três vezes, lançada por um dos rapazes do grupo que demonstrava a sua perícia impulsionando-a entre o indicador e o polegar servindo de mola e assim lançava o apetecido isco. Carlinhos parecia passear para a frente e para trás no passeio levemente desnivelado. Ia ficando cada vez mais interessado embora o não demonstrasse por aí além. Pelo canto do olho inspecionava. Os rapazes insistiam. De repente ao passar mesmo em frente ao grupo, Carlinhos intercetou a moeda no ar e mandou-lhe esta: - "Bá botai cá a moeda", e, de seguida, com a sua voz nasalada mas boa dicção e erguendo o pescoço e tremelicando levemente como quem apura a voz de cantoria: "No alto daquela serra está uma rolinha a rolar com o bico cheio de m.... para quem me mandou cantar".

Virou costas e seguiu rua Cinco de Outubro abaixo e a malta de boca aberta. Um ainda dizia: - Eu bem vos disse, eu bem vos disse... ficaram sem o escudo que naquela altura estava reservado para umas partidas de matraquilhos no "Guto", uns gelados de máquina no Almeida ou um "Seis Balas" e um "Condor" no Costa do quiosque. Tudo gorado.

 

Jorge Morais