Estudo da
Universidade de Vigo conclui que o Mirandês vai desaparecer porque apenas 2%
dos jovens usam a língua.
Por Fernando
Pires, 06 Março, 2023
O mirandês, reconhecida há 24 anos como a segunda língua
oficial de Portugal, pode vir a desaparecer dentro de 20 anos devido ao
abandono a que foi votada por parte de entidades públicas e privadas.
É pelo menos esta a conclusão a que chegou um estudo efetuado
pela Universidade de Vigo, em Espanha, que aponta o dedo ao estudo da língua
nas escolas por considerar que foi um fracasso.
A solução para inverter esta tendência, diz o mesmo estudo, é
a ratificação da Carta Europeia das Línguas Minoritárias e a necessidade de uma
nova Lei do Mirandês, atualizada de acordo com ações e medidas planificadas.
De acordo com o Xosé Henrique Costa, professor catedrático da
Universidade de Vigo, que coordenou o estudo "Presente e Futuro da Língua
Mirandesa", o mirandês está a cair em desuso, principalmente entre os
jovens. Estima em cerca de 3.500, o número de pessoas que conhecem a língua,
com cerca de 1.500 a usá-la regularmente. "Acontece por duas coisas,
primeiro há uma queda brutal do uso. Entre a geração dos maiores o uso da
língua está por volta dos 70 ou 80%, entre a geração os mais novos está nos 2%.
Neste momento há 1 ou 2% dos falantes com menos de 18 anos. A língua não tem um
futuro garantido", salientou.
O investigador considera que o estudo da língua nas escolas
foi "um fracasso" e para que se salve é preciso haver um compromisso
de toda a gente, principalmente do Governo. "Uma ou duas horas da semana
para uma língua minoritária não é nada, tem que ser pelo menos metade da
adolescência. Se se quer salvar a língua, têm que se comprometer a sério, um
compromisso do aluno, dos pais do aluno, sobretudo da classe política, que são
os que têm que tomar medidas e têm que aprovar os orçamentos necessários para
levar a cabo essas campanhas, inclusive medidas fiscais", disse.
Por isso defende a criação de uma lei para a língua, uma vez
que o despacho de 1999, que reconheceu o mirandês como segunda língua oficial
de Portugal, "não é de todo suficiente".
Para Xosé Costa, "o despacho é muito vago, indica apenas
que se reconhecem direitos à comunidade linguística mirandesa, e que podem
receber ensino mirandês, mas não diz sequer quantas horas, quantas matérias,
não especifica nada", diz.
Este estudo teve por base 350 inquéritos feitos à população
do concelho de Miranda do Douro, no distrito de Bragança, por uma equipa de
alunos da Universidade de Vigo, designada por Brigada da Língua. Contou ainda
com o apoio da Associação da Língua e Cultura Mirandesa.
Retirado de www.tsf.pt
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