sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

NEGÓCIO DO FUMEIRO VALE CERCA DE 45 MILHÕES SÓ EM MIRANDELA E VINHAIS



Os negócios feitos com base na produção de salpicões, chouriças, alheiras e presuntos movimentam cerca de 45 milhões de euros, só em Vinhais e Mirandela.

Ambos os municípios vão ter feiras de promoção dos seus produtos, o primeiro no início de fevereiro e o segundo no princípio de março.
Só a fileira da alheira, que no concelho mirandelense tem Indicação Geográfica Protegida (IGP) representa à volta dos “30 milhões de euros anuais”. As contas são da presidente do Município, Júlia Rodrigues, que também destaca os “700 postos de trabalho” criados num setor concentrado em “dez indústrias e mais de uma dezena de cozinhas regionais”.
A fileira do fumeiro em Vinhais já representa “entre 12 a 15 milhões de euros anuais”, de acordo com Luís Fernandes, presidente da Câmara Municipal. “No concelho existem cinco fábricas e cerca de 25 cozinhas tradicionais que constituem o ganha-pão dos proprietários”.
Em Mirandela, o fabrico, essencialmente de alheira, tem registado uma evolução muito positiva ao longo dos últimos anos. Não só em termos de quantidade como de qualidade. A Eurofumeiro é uma das maiores indústrias do setor. Garante emprego a 68 pessoas e produz oito a nove toneladas de alheiras por dia. “Tendo em conta que cada uma pesa à volta de 200 gramas dá entre 40 mil e 45 mil alheiras por dia”, contabiliza o sócio-gerente Rui Cepeda.
A Eurofumeiro começou a laborar, há 22 anos, como cozinha tradicional no rés-do-chão da casa de família. Só havia uma funcionária entre sete a oito pessoas ligadas ao negócio. Hoje, com 68 colaboradores, também fabrica linguiças e salpicões de porco bísaro, mas é uma “quantidade residual” quando comparada com os números das alheiras.
Apenas “cinco por cento” vai para o estrangeiro, por força da procura dos emigrantes. “É um produto muito português e, até, muito regional, por isso não é de fácil venda lá fora”, realça Rui Cepeda. Quase toda a produção é consumida em Portugal, que até elegeu a alheira de Mirandela como uma das sete maravilhas da gastronomia nacional. E agora que ostenta o selo de Indicação Geográfica Protegida (IGP) mais famosa, credível e apetecível é. “O padrão de qualidade contribuiu e continua a contribuir para o sucesso das alheiras de Mirandela, mesmo as que não têm IGP, não só nas empresas que as produzem como como nas lojas que as vendem”.
Alheiras com carne de caça, com bacalhau, light e vegetariana são algumas das variedades que a Eurofumeiro também produz para contemplar alguns nichos de mercado e ajudar na sustentabilidade da empresa. “Mas não nos podemos acomodar com o sucesso. A nossa postura é procurar inovar sempre”, garante.

Feiras projectam negócio
Quando as feiras começaram a ser realizadas eram pequenas montras de fumeiro. Tornaram-se grandes eventos, não só gastronómicos, mas também de animação. Ajudaram a projetar tanto o negócio que, atualmente, só já representam uma pequena fatia da globalidade das vendas que se fazem para todo o país e, até, para o estrangeiro.
A de Vinhais vai para a 39ª edição, de 7 a 10 de fevereiro. Das grandes é a mais antiga em Portugal. O autarca, Luís Fernandes, recorda que quando arrancou era “uma pequena mostra e mais rudimentar”. Ao longo dos anos, “muitos produtores fidelizaram clientes para todo ano e vendem muito mais do que o que levam para a feira”, refere, salientando que muitos deles têm “tudo vendido” no final do segundo de quatro dias de certame.
Para o futuro, defende “o aumento da produção mantendo a qualidade”. Para isso conta com a colaboração de alguns jovens que estão a apostar no setor, mas que “têm de ser mais apoiados, quer por parte do poder municipal, quer por parte do poder central”.
A Feira da Alheira de Mirandela realiza-se no primeiro fim de semana de março. Júlia Rodrigues, presidente da Câmara, entende que o modelo no Parque do Império é o que melhor funciona, já que fica numa zona central da cidade. O problema é que há pouco espaço e como habitualmente está mau tempo no início de março, a autarca salienta que “há necessidade de construir um pavilhão multiusos para ter uma feira da alheira com outra dimensão.”

ROTEIRO    
Montalegre
24 a 27 de Janeiro, Feira do Fumeiro
Chaves
1 a 3 de Fevereiro, Sabores de Chaves – Feira do Fumeiro
São João da Corveira (Valpaços)
2 e 3 de Fevereiro, Feira do Fumeiro de S. Brás
Vinhais
7 a 10 de Fevereiro, Feira do Fumeiro
Miranda do Douro
15 a 17 de Fevereiro, Festival dos Sabores Mirandeses
Mirandela
2 e 3 de Março, Feira da Alheira

Escrito por: Jornalista Eduardo Pinto

Sem comentários:

Enviar um comentário