sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Olá amigos!

Depois de um pequeno interregno, cá estamos nós outra vez.

Em primeiro lugar, com a esperança de que estas festas tenham corrido de feição, com saúde, amor e paz, cercados pelas pessoas que mais amam.

Em segundo lugar, o anseio consciente e profundo de que tenham um 2025 repleto de coisas boas e desejos realizados. Que sejam felizes, plenos de realizações. 

Esperamos contar convosco nesta nossa empreitada. Gostamos de sugestões e de saber que estão aqui com o mesmo propósito que nós temos: TRÁS-OS-MONTES.

Obrigado por tudo. Sejam felizes.

                                                       

Maria e Marcolino Cepeda



terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Jorge Morais - Personagens (9) - Serafim em Janeiro de 1998




Serafim, que criatura interessante. De corpo direito, aprumado até, com cara longa e perfeitamente frontal e paralela à nossa, embora disforme, quando nos mirava de olhos bem abertos numa beatitude desconcertante incutia em nós um misto de empatia e algum receio também em comunicar. Porém era possível essa comunicação. Dizem que num nível quase de criança, uma criança grande. Não sei porquê a mim sempre que ouvi e fotografei parecia-me uma espécie de anjo que conseguia incutir uma vibração positiva, uma paz também que é pouco comum com a maioria dos congéneres humanos. Uma simplicidade que não impelia ao dichote, ao desprezo, ou ao sorriso de rejeição. Por isso não há notícia de alguém o ter molestado como a outros personagens da nossa vivência comum em Bragança como aconteceu com o "Leribau" e outros, até com o "Carlinhos da Sé". Serafim era um ser alegre, que gostava de ir a festas e, se possível, composto na indumentária se o que possuía o permitisse.

Fotografei-o com o seu transístor na festa do S. Lázaro quando esta era apenas popular e ainda pouco conhecida; também frente ao famoso teixo de mais de 500 anos que existe em Bragança no recinto do antigo albergue distrital aonde lhe davam guarida e proteção. Nasceu em Vila Flor e faleceu em Bragança em 2019, aonde passou grande parte da sua vida adulta. Também viveu algum tempo em Benlhevai aonde foi muito acarinhado. Quem quiser saber mais sobre a história e vida do Serafim consulte o bonito texto de José Maria Sousa Fernandes no blogue:

https://www.benlhevai.net/benlhevai.php?id=56&ca=1

Justamente Artur José de Sousa Fernandes, ligado a Benlhevai, escreveu no mesmo blogue, aquando da sua morte em 2019, o seguinte: "A grande paixão do Serafim era a sua terra do coração, Benlhevai. Vivia o ano inteiro a pensar naquelas duas semanas de felicidade, em Agosto, que passava connosco. Todos queríamos que fosse almoçar ou jantar a nossa casa, tínhamos que organizar uma lista". Fica a memória, Serafim, e o mês de Agosto já não vai ser mais o mesmo. Fica a memória dele, porém, gravada num banco de granito finamente elaborado e mandado fazer por essa gente de Benlhevai e que fica justamente situado no largo da aldeia aonde se costumava sentar nessas tardes quentes de confraternização e proteção.

Jorge Morais (Fotografias e texto)


terça-feira, 26 de novembro de 2024

Conselho Raiano debateu o associativismo para reforçar a democracia (jornalista Cindy Tomé)

“O associativismo é a ferramenta mais importante para lutar contra os populismos e reforçar as democracias”, afirmou Francisco Alves, presidente da RIONOR, durante o evento ‘RIONOR: Que Associativismo?’, realizado em Bragança, no sábado, numa oportunidade para discutir o papel vital do associativismo na construção de uma sociedade mais justa.

A associação RIONOR, que está a celebrar 10 anos de atividade, reuniu associados, cidadãos e especialistas para debater um tema que considera essencial para a consolidação das democracias: a participação cativa e cívica por meio das associações.

Francisco Alves ressalvou que, tanto em Portugal como em Espanha, os índices de participação associativa são “alarmantemente baixos” e destacou que a verdadeira força das associações reside no seu impacto direto na sociedade. Segundo disse, o associativismo não se resume a um simples pagamento de cotas. Exige sim um compromisso ativo por parte dos cidadãos. “As pessoas têm de ter consciência da importância da participação cívica para o reforço da democracia, não estar à espera que os outros todos façam tudo”, completou.

No sábado, as questões centrais foram a necessidade de fortalecer as associações e incentivar uma maior participação cívica, promovendo um associativismo que seja democrático, transparente e voltado para o bem comum.

Para Francisco Alves, uma associação não pode ser apenas uma entidade financeira, mas sim um espaço de ação e de propostas concretas. “Uma associação sem atividades morre”, afirmou, explicando que o associativismo deve ter um propósito claro de mudança e alinhar-se com as necessidades da comunidade.

Um dos principais focos foi o modelo de associativismo que se deseja para o futuro. O evento abordou os métodos que devem ser implementados para tornar as associações mais influentes, não só em termos de apoio social, mas também na formulação de políticas públicas. Francisco Alves defendeu um modelo de associativismo que promova a solidariedade, o voluntariado e a participação ativa dos cidadãos. “Tem de haver transparência nas contas, os sócios têm de saber para onde é que vai o dinheiro”, afirmou, dizendo que uma gestão clara e democrática é essencial para garantir a confiança dos membros e a efetividade da associação.

Outro tema fundamental discutido foi a cooperação entre as zonas fronteiriças de Portugal e Espanha, áreas onde o associativismo tem um papel crucial na superação de desafios comuns.

Francisco Alves lembrou que, apesar da falta de comunicação e de recursos adequados, é necessário transformar essas regiões em áreas de oportunidades e afirmou que, embora haja um consenso geral entre os governos sobre a importância dessas áreas, muitas vezes as políticas públicas e os recursos não chegam de forma eficaz aos locais que mais necessitam.

Além disso, a falta de mobilização da população também foi identificada como um obstáculo ao fortalecimento do associativismo. O responsável lamentou que muitas associações enfrentem dificuldades para manter o envolvimento dos cidadãos, especialmente após a pandemia, que, segundo ele, afectou profundamente o associativismo. “Os sócios quase não pagam as cotas, e os que pagam limitam-se a fazê-lo e não aparecem”, terminou.

 

Retirado de www.jornalnordeste.com

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

As nossas entrevistas

Olá! Aqui estou para agradecer quem nos vai acompanhando, seguindo sem se inscreverem o que, de alguma forma, nos deixa um pouco tristes. 

Os seguidores são, para nós, muito importantes. São um incentivo para continuar. As entrevistas que aqui temos deixado, significam muito trabalho e muita dedicação. 

Temos conhecido gente muitíssimo interessante, que gosta muito de Trás-os-Montes, assim como nós gostamos.

Todos demonstraram amor por esta região tão abandonada, tão negligenciada, pela qual todos lutamos. 

Todas as entrevistas são interessantes, umas mais do que outras obviamente... É mesmo assim que tem de ser. 

Entrevistámos pessoas das mais várias áreas do conhecimento e da cultura, desde Adriano Moreira, de todos nós conhecido como uma das figuras mais proeminentes de Portugal, até Felisberto Lourenço, artesão de miniaturas... Alguns, infelizmente, já partiram para a sua última morada, outros continuam a pugnar pelo bem de todos nós. 

Agradecemos que nos vão seguindo. Agradecemos, também, que nos vão dando sugestões de melhoria. As nossas intenções são as melhores, sempre foram.

A este blogue dedicamos muitas horas. Dedicamos muito amor. Somos aprendizes e gostamos de aprender. 

Obrigado por estarem connosco há tantos anos.


Maria e Marcolino Cepeda

   

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Entrevista com Salomão Fernandes, aluno e Maria Antónia Martins, professora


Entrevista com Salomão Fernandes, aluno e, Maria Antónia Pires Martins professora, vencedores do primeiro prémio nas olimpíadas nacionais de ambiente.

Salomão Assis Campos Fernandes nascido a 10 de março de 1992 em Bragança, filho de António Joaquim Fernandes e de Branca Maria Ribeiro de Almeida Campos. Frequentou a EB1 de Nogueira e frequenta o 9º ano da EB2 3 Paulo Quintela. Vive em Nogueira, Bragança. Ocupa os tempos livres com a prática da natação, gosta de ir ao cinema, de ver televisão, de estar com os amigos e, de ouvir música. Ganhou o primeiro prémio da final nacional das décimas segundas olimpíadas do ambiente.

Maria Antónia Pires Martins, natural de Bragança, freguesia da Sé, casada, frequentou a escola do Toural. Escola Preparatória Augusto Moreno, secundária Abade de Baçal do 7º ao 9º ano, secundária Emídio Garcia do 10º ao 12º ano na área de ciências. Concluiu a licenciatura em geografia em 1988, na faculdade de letras do Porto. Foi professora nas escolas Miguel Torga, Emílio Garcia e Carvalhais. Lecciona na escola EB 2 3 Paulo Quintela desde o ano de 1997. Foi a professora responsável pela participação dos alunos da escola nas olimpíadas nacionais do ambiente.

Salomão, a primeira pergunta é para ti. Tu sempre viveste em Nogueira?

Sempre.

E gostas de viver no meio rural?

Gosto por alguns motivos, não gosto por outros. Gosto do contacto com a natureza, o campo. Mas na minha idade gosto da cidade por outras razões. Em Nogueira não há muita gente, os meus amigos vivem todos na cidade e, nas aldeias não tenho tanto contacto com eles.

Tem convenientes e inconvenientes, não é? E neste momento para ti que tens 15 anos?

Preferia viver na cidade.

O que é que no teu entender tem de especial a EB 2 3 Paulo Quintela?

É uma escola boa, tem boas condições. Sim, tem o facto de eu andar lá. Foi lá que eu recebi o prémio.

E isso já é uma marca, não é?

Sim, não me esqueço mais dela.

Agora, professora, comparando a sua infância e juventude com as crianças de hoje, quais são, as principais diferenças?

Bom, o acesso à informação que nós não tínhamos, nomeadamente a Internet, a televisão por cabo e satélite, que dão acesso a informação que nós não tínhamos. Depois, também há outros malefícios, andávamos muito mais à vontade na rua, brincávamos na rua, íamos para a escola sozinhos, coisa que hoje em dia os pais não deixam os filhos fazer.

A sua vida está intimamente ligada à região. Apenas esteve fora durante a licenciatura...

Sim, durante o curso.

Como é que foi esse período?

Não gostei sinceramente. Nunca me adaptei ao Porto, nem ao clima do Porto, nem à vivência do Porto e, sempre que podia vinha a Bragança. Mal acabei o curso, vim para cá trabalhar em 1988.

E porquê a geografia?

Olhe, foi uma professora que me fez gostar de geografia no 9º ano e, nesse ano decidi ser professora de geografia e assim foi. Professora que ainda hoje lecciona na escola secundária Miguel Torga foi minha professora na Abade Baçal e, foi ela que me fez tomar o gosto pela geografia.

Porque escolheu trabalhar em Bragança?

Porque sempre gostei de Bragança. Saí e, se calhar, a experiência fora de Bragança, não foi a melhor. Não me adaptei ao Porto e decidi voltar novamente às raízes. Tinha cá a minha família e acabei por voltar para Bragança.

E sempre quis ser professora?

A partir dessa altura, em que eu gostei de geografia no 9º ano, decidi que queria ser professora e, gosto de ser professora, muito.

Agora vamos falar do concurso propriamente dito. Porque é que vocês os dois e, outros alunos da EB 2 3, porque é que resolveram concorrer?

Salomão: Eu já participei o ano passado, fui logo eliminado na 1ª fase. Gosto destes temas relacionados com o ambiente, acho importante e, nem tinha conhecimento destas olimpíadas antes de chegar à escola e, mal tomei conhecimento decidi participar. O ano passado e este ano outra vez.

Professora: O ano passado decidi inscrever a escola, à volta de Novembro e incentivei os meus alunos, entre eles, o Salomão, a participarem. Este ano voltei novamente a inscrever. O Salomão estando no 9º ano, grande parte do programa do 9º ano é sobre o ambiente, o Salomão está a gostar da matéria e participou, e outros alunos obviamente.

domingo, 17 de novembro de 2024

Entrevista Professora Doutora Maria Joana Fernandes

Nasceu numa pequena aldeia de Vinhais, Fresulfe. Como era ser criança no seu tempo no meio natural e rural?

Bom, suponho que era igual a todas as outras crianças. Estamos a falar de... Há quatro décadas atrás, portanto, era tudo diferente. Estamos a falar de um meio rural. Eu era uma criança como todas as outras, que ia à escola, tinha a sorte de a professora ser a minha mãe. 

Sorte ou azar? (Risos)

Sorte ou azar, sim, talvez, porque tinha de me comportar mais direitinho. Portanto, desse ponto de vista, digamos, talvez não fosse uma criança tão igual como as outras.

E as brincadeiras, nessa altura, como é que eram?

As brincadeiras? Que engraçado, eu não tenho grandes memórias da minha infância. As brincadeiras… o que é que eu me posso lembrar? Eram brincadeiras normais. Por exemplo, na altura não havia bicicletas, não havia televisão, não havia nada disso. Eram as brincadeiras normais, ao esconde-esconde e ao apanha. Já nem me lembro dos jogos, veja lá, eu estou tão velha que nem me lembro dos jogos, do nome dos jogos. Mas eram as brincadeiras normais, entre crianças.

Como foi a sua vida de estudante?

Eu comecei por fazer a escola primária na pequenina aldeia de Fresulfe, onde nasci, até à terceira classe com a minha mãe. Depois, por irónico que possa parecer, a minha mãe achou que eu não teria preparação suficiente, porque ela era regente escolar e não professora primária, digamos, com o diploma normal de professora primária, e que eu deveria ir fazer a quarta classe para Bragança e assim foi. Vim fazer a quarta classe em Bragança. Por acaso, eu cheguei à conclusão que realmente a professora primária, realmente professora com diploma, não sabia mais do que a minha mãe. Mas pronto, fiz aqui a quarta classe. Depois continuei o meu percurso normal, fiz o ciclo preparatório na antiga escola Augusto Moreno e fiz só o primeiro ano no Liceu Nacional de Bragança, na altura Liceu Nacional de Bragança, agora Escola Secundária Emídio Garcia.

Depois tive um pequeno percurso por Braga, que foi muito curto mesmo, e finalmente, a partir do 9º ano, fui para Viana do Castelo, de onde tenho muito boas recordações. Fiz, a partir daí, todo o secundário, até ao, na altura, ano propedêutico. Sou uma cobaia do propedêutico. Em Portugal, os estudos costumam mudar, consta-se muito, muito... Sim, especialmente nessa época. Estamos a falar de poucos anos depois de 25 de Abril, em que fizeram várias experiências, como se continuam a fazer, não é? Mas, na altura, instituiu-se pela primeira vez o ano propedêutico e devo dizer que foi complicado, porque não havia apoio, as aulas eram dadas pela televisão, não sei se terá recordação desses tempos.

Foi um ano interessante, é engraçado, porque apesar das dificuldades, das aulas serem dadas pela televisão, não tínhamos qualquer apoio, a não ser dos professores que, com boa vontade, nos ajudavam. Por exemplo, em Viana do Castelo, na disciplina de Física, havia uma professora ainda bastante nova, que se reunia connosco regularmente para nos tirar dúvidas mas, por exemplo, em Matemática, não havia porque os professores já tinham alguma idade e já não estavam a par daquelas matérias novas que foram introduzidas no ano propedêutico. Por isso, criou-se uma espécie de solidariedade entre os alunos, e eu lembro-me bem, por exemplo, que nos reuníamos no liceu, periodicamente, em que os melhores alunos ajudavam os alunos com mais dificuldades. Lembro-me, perfeitamente, de ter feito conjuntos completos de sebentas, de exercícios resolvidos, que depois eram copiados. Não quer dizer que eles estivessem 100% certos, mas era melhor do que nada. É precisamente nessas alturas de dificuldades que se nota que há mais união e mais solidariedade.

E, continuando a falar de estudos, o seu primeiro amor foi a Matemática, não é?

Eu acho que sim, eu acho que sim. Desde pequenina, queria ser professora de Matemática, talvez porque, enfim, a Matemática era uma área base e eu gostava naturalmente de Matemática. Gostava de brincar com a Matemática. Estudar Matemática não era propriamente um trabalho. Era brincar. Brincar com os exercícios, brincar com os números. Portanto, eu posso dizer que sim, que o meu primeiro amor foi a Matemática, que depois se alterou ligeiramente.

Então, a matemática nunca foi um bicho-de-sete-cabeças?

Não, não é. Eu acho que a Matemática é um pouco... Eu costumo dizer que é um pouco como o pepino, ou se adora ou se detesta. Mas para quem gosta naturalmente de Matemática, trabalhar com Matemática é como brincar.

É uma pena que se incuta desde muito pequenas, às crianças que a Matemática é um bicho-de-sete-cabeças, porque acho que isso é o primeiro passo para elas terem medo da Matemática. É completamente errado. Nota-se até, pela grande participação nacional, todos os anos, dos alunos nas Olimpíadas de Matemática, que há imensa gente em Portugal a gostar de Matemática e a ter um jeito natural para a Matemática. Quando eu digo Matemática, quero dizer, também, as ciências exatas.

sábado, 16 de novembro de 2024

VAZIO

Andava eu, como quem não quer pensar em nada, por este jardim atapetado de folhas de muitas cores.

Parei. 

Não sei porque o fiz. 

Apenas parei a olhar para o infinito, se é que o infinito estava para me aturar o olhar descarado, abusado de quem não se importa.

Roboticamente segui caminho, olhando para a direita e para a esquerda e para trás como quem foge ou se sente perseguido. 

Não sei o que procurava. Nada vi que me pudesse, de alguma forma, atingir a não ser a beleza das árvores, quase despidas, sem pudor. 

O rio corria mais caudaloso, com alguma pressa, que o mar ainda é longe, mas há de lá chegar, nem que seja em fio ou em pequenas gotículas, dádiva das inesperadas nuvens.

Era uma manhã sombria que o jardim tentava animar sem grandes retornos no olhar ou nos olhares de quem lentamente se vai despedindo. 

Sim. Havia pessoas sentadas nos bancos do jardim, tristes, ávidas do vício que não conseguem largar.

Noutros bancos, sentados, o olhar perdido na Capela da Nossa Senhora da Piedade, havia quem fosse lendo um qualquer livro mais ligeiro ou interessante para o leitor ou leitora.

A necessidade tornava-se premente. A hora não tarda. O vício vence, dinheiro não há. Uma moeda para comer alguma coisa, para tomar um café...

Depressa fugiam, uns atrás dos outros, não sei para onde.

Os bancos esvaziavam-se. As sombras deambulavam por caminhos só seus, escondidos ou às claras, para matar a necessidade ou para se matarem a si próprios como náufragos em terra seca.

Era uma manhã de outono, fria, sem coração, sem esperança... Já não existia o vazio nem o caos. Apenas as sombras deambulavam por ali. 


Fotografia e texto de Maria Cepeda