Velho Costa, porque na altura em que comprávamos
“Seis Balas” e “Condor” as cowboyadas
mais em conta para os nossos fundos, ele nos aparecia muito sério e com a sua
voz nasalada, forte e algo ríspida de molde a impor o devido respeito (parece
que alguém também costumaria roubar algo do mostruário dependurado no exterior
do seu quiosque...).
Sei que aquele quiosque, o primeiro da nossa infância e juventude era um elo de ligação livresco ou folhetinesco para o mundo, não só o dos ambientes lamacentos ou desérticos do velho oeste mas também os da música, da arte e das correntes sociais e ideológicas que abanavam os alicerces de um velho estado de coisas, embora veladamente, devido à censura nas revistas fossem elas de música, de cinema ou de história e curiosidades que ali se expunham.
Nesta foto, o senhor Costa confronta com serenidade a máquina de
semblante imperturbável escondendo porém algum interesse e curiosidade. Atrás
dele uma mulher careca que amiúde se fazia notar na cidade pela insistência com
solicitava um donativo para as suas necessidades descobrindo a reluzente
cabeça. Aqui parece aguardar oportunidade para o momento de choque no confronto
com o cliente que se mostra no lado direito da foto. Que tempos neo ou velho-realistas,
mas que era assim e muito mais.
Jorge Morais
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