Autor, também, do Dicionário
Homofonológico da Língua Portuguesa (Porto, 1901), nesta cidade saiu aquele, em
1904. De seu nome completo Augusto Pinto Duarte de Vasconcelos, ele inspira-se,
até na disposição gráfica a duas colunas, no Diccionario de Nomes de Baptismo
comprehendendo mais de quatro mil nomes de ambos os sexos..., por Francisco da
Silva Mengo (Porto, 1889). Divergem no asterisco associado a alguns: em Mengo,
se o asterisco não segue o nome, significa que não são indivíduos «santificados
ou beatificados pela Egreja»; em 1904, os santos e beatos recebem asterisco. Em
1889, a Galliano sucede Gallo; aqui, entre Galliano e Gallo há um Galliciano,
cuja nota de rodapé transcrevo, à atenção dos investigadores:
«S. Galliciano Ovino era
natural de Bragança. Dedicou-se á carreira das armas e taes proezas fez que,
como recompensa aos seus importantes serviços, foi duas vezes elevado á
dignidade de consul. A victoria que alcançou sobre os scytas, julgou-se
exclusivamente devido a um milagre, visto que o inimigo dispunha de innumeras e
valorosas forças. A instancias de S. João e S. Pedro, seus parentes,
converteu-se ao christianismo. Repudiou sua mulher Constancia, filha do
imperador Constantino e recolheu-se ao deserto, onde viveu muito tempo; mas,
subindo ao poder o imperador apostata Juliano, que ordenou rigidas perseguições
aos christãos, foi preso e levado a Alexandria, onde foi martyrisado cruelmente
e morto aos 25 de julho de 362.» (p. 35)
Vejamos de perto. A
informação online é confusa e insatisfatória. Há, todavia, um artigo de Edward
Champlin, “Saint Gallicanus (Consul 317)”, na revista canadiana Phoenix, vol 36
(1982), 1: 71- 76, que ilumina alguns aspectos, sem responder à interrogação do
título.
Ovínio Galicano (Ovinius
Gallicanus), coetâneo de Constantino e, como este, benfeitor das basílicas de
S. Pedro, S. Paulo e S. João Baptista, em Óstia, além de seu general, pediu a
mão da filha e foi mártir sob Juliano. Cônsul 317 e prefeito de Roma, não se
deve confundir com Flávio Galicano (Flavius Gallicanus), cônsul 330, que
primeiramente foi dito São Galicano, o que o articulista vem contrariar.
Reconhece, entretanto, que a linhagem dos Ovinii (nominativo plural) é de
«origem desconhecida».
Entre 293 e 300, dirigiu
Teano (Teanum Sidicinum), comuna no nordeste da Campânia. Dux exercitus Romani,
derrotou o exército persa na Síria e pediu a mão da filha de Constantino. Mas
os citas invadiram a Dácia e a Trácia, ficando combinado que, se os vencesse,
ascendia ao consulado e ao leito de Constância. Cristo apareceu ao pagão, que,
vitorioso em batalha desigual, regressava cristão. Cônsul, vivendo embora no
palácio da sacratissima virgo, não casou com ela. Beneficiou de outros favores
imperiais, quando se inaugurava o Império Romano do Oriente (entre 330 e 1453).
Com o Apóstata no trono, fugiu para Itália, fez-se eremita no Egipto, onde foi
morto por um oficial de Juliano. Este é deposto em 363.
Levantando dúvidas e
mostrando como realidade e ficção podem fundir-se, o ensaísta conclui: «Ovinius
Gallicanus may have been remembered as the first private benefactor of the
church on a large scale. He is certainly the last known member of his family.»
Quanto nos conta o
dicionarista, apesar de algumas imprecisões, joga com a História. Fê-lo
Galiciano, não Galicano, na diferença que vai da Galiza à Gália. Se, além, se
aproximava de Bragança, não vejo onde possa ter-se informado. Mas, sabido que
da Península muitos nomes foram dar cartas em Roma, porque não sairia do chão da
futura Bragança uma personagem como Ovínio Galicano?
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