sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Parabéns Ernesto!




"Uma Bondade Perfeita", perfeitamente escrito, finalmente premiado!
Parabéns Ernesto Rodrigues por este prémio do PEN Clube Português absolutamente merecido, que tardava.
Temos muito orgulho em te ter como amigo, eu há 29 anos e o Marcolino há quase 50 anos.
Conhecemos o teu enorme talento, o teu incontestável valor e o teu trabalho incansável desde sempre. Admiramos a tua inteligência e a tua humanidade.
Parabéns amigo!

Maria e Marcolino Cepeda

"O mais recente livro de Ernesto Rodrigues (n. 1956) é dedicado à memória de Ágata (1972-2010) que para muitos refugiados do Afeganistão era chamada «Santa» Ágata «e cujo sofrimento não cabe nesta ficção» - segundo o autor. Ora a bondade perfeita para Ernesto Rodrigues é a mesma de Séneca na carta a Lucílio: «Sabes o que eu chamo ser bom: ser de uma bondade perfeita, absoluta, tal que nenhuma violência ou imposição nos possa foçar a ser maus.» Entre o Bem e o Mal, a narrativa regista «A máquina do mal estava bem oleada» para afirmar «O mal está nos homens. O ponto de partida é o Mal no Mundo tal como aparece no livro do Génesis: «O Senhor reconheceu que a maldade dos homens era grande na Terra, que todos os seus pensamentos e desejos tendiam sempre e unicamente para o mal. O Senhor arrependeu-se de ter criado o homem sobre a Terra e o seu coração sofreu amargamente». Na página 59 surge uma estratégia de vida («Aprendi em criança a não esbanjar. Não havia muito: para quê deitar fora esse pouco?») e duas perguntas na página 75: «Tem o deserto arrabaldes? Bom seria. E o sofrimento? Também não, que é um deserto maior.» Uma das personagens compara vida e literatura: «simpáticas edições de clássicos cabem num bolso, se a literatura não o distraísse das coisas mais importantes. Quanto á literatura pesada, deixá-la ficar. Dá dores de cabeça e cansa os músculos. Ser mau dá menos.» Outra personagem repete a comparação falando de jornais noutros termos: «Não folheava que a mentira macula os dedos». Logo a seguir outra ideia: «O jornalista inventa quanto pode. Distraído, não explica. Ou deixa-se levar com duas cantigas pelo grupo económico.» Tudo isto para concluir: «A história é longa- - Breve, a vida.» Portugal deixou de ser reino em 1910 mas o livro indica na página 114 «quando se finou o mais velho carrasco do reino» o que não significa que o reino aqui referido seja o português. Um país concreto surge na página 180: «Menigno prestara bons serviços aos aliados no Afeganistão antes de entrar em roda livre, com prejuízo do Ocidente.» Há nesta narrativa uma dupla inscrição: vida e ficção. Metáfora de um tempo cujas coordenadas não são as do nosso tempo pois tudo nesta narrativa oscila entre o real e o imaginado. Dito de outar maneira: esta é uma história com moral dentro do seu lastro. (Editora: Gradiva, Editor. Guilherme Valente, Capa: Armando Lopes)

Autoria e outros dados (tags, etc) por José do Carmo Francisco"


 Para recordar. (Foto - Maria Cepeda)

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