sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Lagoaça no centro de um romance histórico



Lagoaça é o palco de um romance histórico, que serrá apresentado na próxima quarta-feira, 7, no Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, em Bragança. As autores, Lídia Santos e Carla Guerreiro, são docentes no Instituto Politécnico de Bragança, e pretendiam “perceber a forma como os Cristãos Novos e os Cristãos velhos viviam”. “Não só o cruzamento no dia a dia mas o comportamento dos cristãos novos entre portas”, sublinha Lídia Santos. Carla Guerreiro, de quam partiu a ideia, até por ter ascendência judaica, acrescenta que outro objetivo era “investigar estas relações numa época mais contemporânea, pois há muita informação da Idade Média e não há nada sobre o século XX”. As autoras garantem que as conclusões “são surpreendentes.

Retirado de www.mdb.pt 

Autarca lamenta atraso com um papel que custa milhões ao concelho



A Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães aguarda há três anos e meio pela aprovação, por parte do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, da carta de riscos contra incêndios. Uma autorização que tem estado a emperrar o aparecimento de investimentos de milhões de euros no concelho.
O lamento foi apresentado, em privado, pelo presidente da Câmara ao secretário de Estado que, indignado com a demora, tratou de o tornar público.
“Temos o Plano Municipal de defesa contra incêndios, do qual faz parte a carta de risco de incêndios que, uma vez feita a revisão do PDM, foi alterada. A atual carta de risco de incêndios permite que haja investimentos em determinadas zonas do concelho que a anterior, ainda vigente, impede que sejam feitos. São investimentos de muito valor. Alguns querem candidatar-se ao Portugal 2020 e o aviso termina no final de setembro.
Não podemos permitir que um organismo emperre e não contribua para o desenvolvimento do nosso concelho”, frisou José Luís Correia.
“O que está em causa é o parecer do ICNF. Todos os autarcas têm uma conceção muito precisa da sua atuação. Mais do que eles, sabemos preservar a natureza e defender os ecossistemas. A primeira preocupação é a sobrevivência do homem e permitir que crie as oportunidades de negócio, riqueza e emprego”, sublinhou ainda.
O secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, mostrou-se indignado com esta demora.
“Fiquei surpreendido com isto porque é para assustar toda a gente. Isto, na próxima semana, tem de ser resolvido. Não é postura deste Governo. Não aceitamos que, por questões burocráticas , se possa emperrar a vida das empresas.
Temos de desbloquear de imediato este processo para que as empresas possam ser financiadas”, disse Jorge Gomes, que enalteceu ainda as candidaturas a fundos comunitários que estão abertas e que podem vir a beneficiar a região.


Por António G. Rodrigues
Retirado de www.mdb.pt

S. Pedro teve a melhor Feira das Cebolas desta década



Nunca S. Pedro dos Sarracenos tinham assistido a uma feira como a do fim de semana que passou. Eram 21 expositores (um recorde) e mais de duas toneladas de cebola vendidas, num certame que vai já na 16ª edição e é o rosto de uma iniciativa pioneira, que tem dinamizado o mundo rural do concelho.
Hoje são já uma dezena as feiras que se vão realizando (Alfaião, Coelhoso, Macedo do Mato, Parada, Rabal, Samil, São Julião de Palácios, São Pedro de Serracenos e na vila de Izeda) no mundo rural.
“Temos tido esta preocupação de ir apoiando estas iniciativas, para estimular a economia local, a participação dos produtores. Esta dinâmica tem funcionado e atrai muita gente às feiras. Dá um contributo para a valorização dessas localidades e do território.
Município tem dado apoio substancial ao mundo rural, quer seja na atribuição de prémios às raças autóctones (ovinos, bovinos, caprinos, cão de gado), o que tem levado a que mais gente participe”, frisa o presidente da Câmara, Hernâni Dias, acreditando que “faz todo o sentido que estes certames se realizem no meio rural, para que entre num projeto de rejuvenescimento”.
Para Humberto Santos, presidente da Junta de Freguesia de S. Pedro, o balanço da edição deste ano foi “bastante positivo”. “Tivemos muita gente, muitos visitantes e vendeu-se o produto todo”, destacou.
Desde que assumiu os comandos da Junta, há três anos, que aboliu o pagamento de aluguer do stand pelos produtores. Isso tem trazido mais participantes.
“É uma forma de incentivar a economia local”, diz. Uma das novidades foi a apresentação do Grupo de Pauliteiros de S. Pedro, que integra cerca de uma dezena de habitantes da freguesia e que recuperam uma tradição antiga.
Foi, ainda, inaugurado um largo que foi recuperado pela Junta e pela autarquia, num investimento de 40 mil euros. “Era um espaço que estava ao abandono e que agora está ao serviço da população”, diz Humberto Santos.
A Junta aproveitou, também, para colocar no sítio os painéis de boas vindas à freguesia, que tinham sido retirados devido à construção do nó de acesso à autoestrada. “Estávamos à espera que a empresa que construiu o nó os colocasse, como se comprometeu. Como não o fez, fizemo-lo nós”, explica.

Retirado de www.mdb.pt 

Informação pimba (Editorial do Jornal Nordeste)



No declínio do verão instala-se uma agonia perturbante, uma quase vontade de vomitar, perante o que é um espectáculo de mediocridade, mesmo  de pimbalhice no que respeita à generalidade dos serviços de informação dos órgãos de comunicação social.
Mesmo os que se reivindicam do espectro das referências, deixam-se levar pelo facilitismo, primo irmão da preguiça, mas também aparentado com a incompetência.
Generalizou-se um modo de entender a estiagem como uma espécie de longa sesta da vida, com o mundo deixado às cigarras, aos ralos e aos grilos, como se fosse possível impor à realidade uma grelha de comodismo que impedisse a complexidade da relação social e garantisse um tempo de paradisíaco esquecimento dos problemas que borbulham perpetuamente nas comunidades.
Parece que o papel reservado à comunicação social, fundamental nos sistemas democráticos é, afinal, entendido de forma distorcida e, se faltam os actores da política imediata, os jornais, as rádios e as televisões não sabem o que fazer, como se a informação, a reflexão, a problematização, o debate não pudessem existir para além de qualquer ribalta e os cidadãos não tivessem o direito e o dever de participar da polis todos os dias, com calor ou frio, ventos ou calmarias, canículas ou geadas.
A comunicação, especialmente na vertente informação, é um dos pilares fundamentais do edifício democrático. Por isso, é confrangedor assistir à degradação da informação até ao nível do ridículo, em nome de uma luta por audiências que é um processo de auto humilhação, confundível com a indignidade, que pactua com o que de mais vulgar caracteriza a cidanania estatística, que vai sacudindo do capote da consciência as pingas incómodas.
Pode-se argumentar que, com folestrias, se chama o povo às pantalhas, numa expressão da vida democrática. Claro que sim, nada melhor do que dar importância às futilidades, fazer delas questões essenciais, para garantir que os interesses inconfessados possam fazer o seu caminho sem perturbações de maior.
É inadmissível que se gastem semanas a fio a alimentar autênticas novelas dos incêndios, das movimentações no mercado do futebol, com directos inenarráveis a toda a hora, dando honras de antena a centenas de emplastros que vomitam baboseiras, num afã de descida heróica ao inferno da boçalidade.
Quando o quotidiano não atinge tal baixeza, lá vêm as reportagens, se assim lhes podemos chamar, com câmaras e microfones de 4 ou 5 cadeias de televisão, praia fora, a recolher declarações sobre o fim das férias, a temperatura da água, os farnéis e o stress do retorno à rotina.
Se fosse só uma televisão a enveredar por este tipo de informação canhestra, vá lá… a vida é assim. Agora, com todas as estações amontoadas, a replicar depoimentos sobre um não assunto, parece que estamos num caminho de retrocesso, com todos os efeitos perniciosos para um modelo que se pretende corresponda ao conceito de democracia.
A função da comunicação social não é ser veículo para tudo, mesmo do que não se eleva da insignificância, contribuindo para cimentar a ilusão de que vivemos mergulhados, como nunca, na informação, quando, realmente, o que fazemos é chafurdar na inutilidade.
As questões fundamentais não adormecem à espera que cheguem os tempos refrescantes de outono. As férias não têm que ser pintadas com as cores da alienação e da inconsciência. Até porque são um direito conquistado com muita coragem e sacrifício.
Apesar deste ambiente de alegre prostração, nós, por cá, tentámos manter-nos despertos para o que, mesmo no preguiceiro verão, continuou a ser decisivo, para o bem e para o mal da nossa região.

Por Teófilo Vaz (Diretor do Jornal Nordeste)

“Não deve ser o produto a mostra-se fora, mas arranjar forma de cativar as pessoas a virem à região”



O chef de cozinha Manuel Bóia, natural de Santulhão, Vimioso, trabalha há três anos no “Bica do Sapato”. O conceituado restaurante foi o local onde realizou o seu estágio de formação, depois de ter frequentado o curso de cozinha na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa. O regresso aconteceu em 2013, tendo trabalhado com Alexandre Silva e assumido o lugar de chef executivo após a sua saída, sendo actualmente responsável por três cozinhas. Na terra natal, falámos com o cozinheiro de 33 anos.


Há quanto tempo se dedicou à cozinha?
Há 15 anos. O percurso começou através de um dos meus irmãos, que é chef de cozinha. Foi um bocado seguir as pegadas dele. Fui incentivado por ele, mas não empurrado.
Nas épocas festivas já costumava ajudar a minha mãe e as vizinhas a fazer doces e isso tudo e foi despertando uma pequena curiosidade. Mais tarde fui tirar um curso de cozinha para Lisboa, onde aperfeiçoei um pouco as técnicas e conhecimento e fui crescendo. Fiz ainda um curso em Nova Iorque e viajei muito pela Europa.

Quais os restaurantes por onde já passou?
Já passei pelo Pestana Alvor, no Algarve, depois vim para o Bica do Sapato, que foi onde comecei, onde estou actualmente como cozinheiro, a seguir fui abrir um hotel 5 estrelas o Grand Real Villa Italia, em Cascais, depois tive uma experiência de dois anos em Nova Iorque, quando regressei vim trabalhar para o restaurante de Lisboa, o 100 Maneiras, onde estive dois anos, e depois tive a proposta de voltar para a Bica do Sapato.

 Como descreveria esse percurso?
 É difícil porque é uma vida instável, mas com o gostar e o querer muito tudo é fácil.

Quais são as suas especialidades?
Não existem especialidades, temos de estar preparados para tudo. Mas, de uma certa forma, sempre tendemos um bocado para as nossas memórias de infância e para a nossa cozinha portuguesa. Ma não tenho especialidades, é uma questão de prática, de trabalhar tudo e mais alguma coisa.

Há pratos tradicionais daqui que cozinha actualmente?
Alguns, mas uso mais ingredientes, como batata, nabiça, legumes. Não é muito comum na zona trabalhar carnes, mas sim grelhá-las ou assá-las.
Ao longo do meu percurso que fiz, de escola e restaurantes, fui pesquisando muito para conhecer e tentar alargar o meu leque de conhecimentos.

E na ementa do seu restaurante, está a utilizar ingrediente da região?
Acho que nesta altura não tenho nada que identifique a minha zona, porque a alimentação daqui é muito mais pesada e nesta altura são procurados pratos mais leves.
Mas já aconteceu ter feijão de casca, pernil de porco, que é muito típico nosso, butelo ou entrecosto assado, como nós fazemos aqui.
Depois os clientes procuram algo mais trabalhado, mais requintado e é difícil trabalharmos algumas raízes daqui.
Normalmente, as pessoas acham que comer bem é ter o prato cheio, mas às vezes não é assim, mas o melhor é tentar ter uma refeição equilibrada.
O que tento fazer é pegar nos pratos originais e trabalhá-los com um toque pessoal meu.
Todos os pratos são um desafio. Neste momento, estou num restaurante em que me é pedido trabalhar a cozinha tradicional portuguesa e a inovação não pode ser tão brusca, porque iria perder a essência do que é a nossa cozinha. Mas já trabalhei em outros restaurantes em que sou livre de criar o que quiser, conjugar sabores.

Como se caracteriza a ementa do restaurante onde está?
É complicado dizer, são 40 pratos e muda de 6 em 6 meses. Caracteriza-se por uma cozinha tradicional portuguesa com uma técnica moderna, é uma cozinha contemporânea portuguesa.
O restaurante tem bastante sucesso há muitos anos, está a trabalhar muito bem e é muito conhecido em Portugal e no estrangeiro e é importante para a minha carreira estar neste restaurante.

Que objectivos tem no futuro?
Continuar a cozinhar. Muitos têm o objectivo de ter um restaurante, a mim não me passa pela cabeça.
Pretendo respeitar muito a base da nossa de cozinha portuguesa e tentar mostrar aquilo que temos de bom em Portugal e das nossas regiões e de onde somos, e mostrar isso ao cliente que não conhece.

Actualmente há mais chefs transmontanos que estão a receber algum reconhecimento. Como vê essa tendência?
É importante. Têm estado a aparecer muitos chefs de Trás-os-Montes e isso é bom porque de uma certa forma mostramos que também sabemos cozinhar, trabalhar e transportar os nossos produtos e as nossas origens para aquilo que a maior parte dos clientes não conhece. Divulgam mais a nossa região e os nossos produtos, que são bons produtos como legumes, caça, porco, vitela mirandesa e maronesa, etc.

Acha que tem de se apostar mais na divulgação desses produtos?
Sim, mas também sinto que tem havido um bom trabalho de muitos produtores que vão a feiras, eu próprio encontro alguns em Lisboa. Acho que estão a fazer um bom trabalho e que é sempre importante fazer cada vez melhor.

Quando regressa à região descobre coisas novas na culinária?
Conheço bem a cozinha, mas há sempre coisas novas, como coisas de outras aldeias que não conheço tão bem. Por exemplo, do lado da Bragança ou Vinhais, são produtos que eu agora uso muito e que quando era mais novo não conhecia. Vim conhecendo através destes pequenos produtores que foram chegando a Lisboa e fui dando mais valor. E de facto temos bons produtos, a começar pelo fumeiro.

De que forma acha que deviam ser dados a conhecer esses produtos?
Acho que não deve ser o produto a ir lá, mas sim tentar arranjar a melhor forma de conseguir cativar as pessoas a virem conhecer o Norte, porque não é só a gastronomia que é boa, mas as paisagens, um bom clima, um bom acolhimento. Os que vêm voltam sempre.

Escrito por Jornal Nordeste