... para um acontecimento de excepção - o lançamento da obra "Bibliografia do Distrito de Bragança (série Escritores, Jornalistas, Artistas)" - é com imenso prazer que publicamos hoje, uma entrevista realizada em 2006, ao Dr. Hirondino da Paixão Fernandes que, segundo o próprio:
"Foi um prazer estar aqui a conceder uma entrevista a que só a amizade de um velho aluno me poderia obrigar. Foi a primeira vez na vida e, talvez, a última, pois não gosto nada destas coisas."
Não poderíamos deixar de o fazer nesta altura, desrespeitando a ordem a que nos tínhamos obrigado (seria a 50ª entrevista a ser publicada), pois este é um momento de júbilo para todos os transmontanos que têm orgulho de o ser.
Muitos Parabéns Doutor Hirondino!
Lá estaremos para lhe dar um grande abraço (20 de fevereiro de 2012, no Teatro Municipal de Bragança, às 18 horas).
Marcolino e Mara Cepeda
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Aqui está a 32ª entrevista
sábado, 18 de fevereiro de 2012
Bibliografia do Distrito de Bragança
Decorre no dia 20 de Fevereiro de 2012, às 18h00, no Teatro Municipal de Bragança (Sala de Actos do Município), a apresentação da Bibliografia do Distrito de Bragança (série Escritores, Jornalistas, Artistas), de Hirondino Fernandes.
Iniciativa integrada nos 548 anos de Bragança Cidade, inaugura-se, assim, uma série de volumes onde se encontrarão todos os nossos autores e artistas.
Saudamos um trabalho hercúleo, de décadas, que honra o Distrito, e relevamos a sacrificada devoção e generosa entrega à nossa cultura deste sócio honorário da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
Enviado por Academia de Letras de Trás-os-Montes
Entrevista: Procurador Geral Adjunto, Dr. Nuno Augusto Aires

As recordações são as próprias de uma criança, que nasceu, viveu e cresceu numa aldeia onde não havia condições, onde os meninos iam descalços para a escola, apesar de eu já ter direito a uns sapatos, tinha lápis, e tinha as pedras pela circunstância do meu pai ser comerciante. Essa situação facilitava-me a obtenção desses bens e, portanto, atravessei a minha meninice a viver ao lado das crianças pobres da minha aldeia. Desde cedo aprendi o que eram as carências e as misérias, porque ainda me recordo quando eu estava no comércio do meu pai, que as pessoas iam comprar 2 tostões de café, 5 tostões de pimento, 100 gramas de açúcar. As pessoas iam-se abastecer e mandavam assentar no livro, e só ao fim do ano quando vinham das cegadas e conseguiam algum pecúlio a trabalhar intensamente, é que pagavam toda a despesa do ano. Depois, porque era uma aldeia que, do ponto de vista da propriedade, 90% da propriedade estava concentrada em 3 ou 4 famílias, e havia 30 ou 40 casas que eram chamados os remediados. Tudo o resto era uma pobreza que comia e sobrevivia muito mal, com uma auto-suficiência miserável à base de hortaliças e do que o campo dava, sem mais.
A sua juventude foi passada em Trás-os-Montes ou saiu, a exemplo de muitos transmontanos, para estudar?
Quando estava na altura de fazer a quarta classe, os meus pais entenderam que eu devia estudar e fui então, fazer a preparação para o exame de admissão, à terra do meu pai, Gebelim e, aos dez anos fui para o liceu de Bragança. A minha juventude foi passada em Bragança que é uma cidade que eu guardo no coração e foi aqui que vivi toda a minha juventude, pois só ia à Cardanha nas férias.
Custou-lhe muito a mudança para Bragança?
Foi um choque enorme, porque nós, crianças da aldeia com um sistema de vida rural e muito limitado, vínhamos para Bragança que, naquele tempo, quer se queira quer não, era uma cidade, onde havia pessoas, nomeadamente alguns professores, que não sabiam compreender as vivências de uma pessoa da aldeia, que tinham o universo e o mundo limitado, por serem colocados numa cidade, num mundo completamente desconhecido e, alguns professores, pelo menos um, do ponto de vista pedagógico, era a negação do pedagogo. Tínhamos que suportar esse professor três vezes em três disciplinas, à volta de umas doze vezes por semana. Nós entrávamos na sala de aula aterrorizados com esse professor. O método de ensino dele era o pau, ponteiro com dois metros e, quando não sabíamos, descarregava-nos o ponteiro pela cabeça, pelas pernas, por onde lhe apetecia...
Era a negação da pedagogia e do professor propriamente dito mas, por outro lado, havia professores que eram muito atenciosos, muito carinhosos, nomeadamente, a esposa desse professor que era uma ternura e, nunca me esqueço e me esquecerei durante toda a vida, que nos tratava por filhos “- Anda cá meu filho, meu filho isto, meu filho aquilo” e, portanto, o que anteriormente referi, era o único professor que tinha esse comportamento, mas foi uma excepção muito marcante, que causou muitos prejuízos nos alunos do Liceu de Bragança na década de sessenta.
Como muitas pessoas do seu tempo, foi obrigado a ir para o Ultramar. Fale-nos do seu percurso.
Biografia: Dr. Nuno Augusto Aires, Procurador Geral Adjunto
Nasceu em Cardanha, concelho de Torre de Moncorvo, em 18.8.1948.
É Procurador Geral Adjunto no Tribunal Central Administrativo.
Fez os estudos secundários em Bragança e em Chaves.
Cumpriu o serviço militar entre 1969 e 1972, como oficial miliciano. Fez o curso de Comandos em Lamego, foi colocado nos Açores e foi mobilizado para Cabo Verde.
No regresso prosseguiu o curso de direito na Faculdade de Direito de Lisboa, ao abrigo do estatuto de estudante militar e trabalhador.
Entre 1975 e 1977 foi professor do ensino secundário na Escola de Olhão e de preceptor na Casa Pia de Lisboa.
Em 18 de Março de 1977 ingressou no Departamento das Condições de Trabalho da Direcção Geral da Função Pública, onde permaneceu até à sua nomeação para Agente do Ministério Publico, no Tribunal do Trabalho de Beja (1978).
Em 11.9.1979 foi colocado na Comarca de Lisboa, até 1982.
Seguiu se o 5° Juízo Cível de Lisboa e 3° Juízo Correccional de Lisboa (1982). De 22.11.1982 a 31.12.1988 trabalhou no 9° Juízo Correccional de Lisboa e até 17.9.1990 no 4° e 14° Juízos Cíveis de Lisboa.
Em Julho de 1990 foi promovido a Procurador da República. Esteve ligado a alguns famosos processos, como aquele que ficou conhecido por "Primavera Adiada".
Em 9.3.1992 foi transferido, a seu pedido, para os Tribunais administrativos e fiscais, tendo sido colocado no Tribunal Aduaneiro de Lisboa.
Por deliberação de 23.5.1996 foi colocado no Supremo Tribunal Administrativo. E em 17.9.1997 foi colocado no Tribunal Central Administrativo, onde ainda se encontra (2002) em funções.
Mas entretanto foi promovido a Procurador Geral Adjunto. Também foi vogal do Conselho Superior de Justiça da Federação Portuguesa de Andebol, desde 1992, sendo actualmente vice-presidente.
Desde 21 de Março de 2001 é Presidente da Direcção da Casa de Trás os Montes e Alto Douro, de Lisboa. Em 2001, já nessa qualidade, participou e foi eleito Presidente da Direcção da Federação das Casas de Trás os Montes e Alto Douro da diáspora. Igualmente nessa dupla qualidade é Vice-presidente da Comissão Executiva do III Congresso e Presidente da Mesa do mesmo Congresso, realizado em Bragança, entre 26 e 28 de Setembro de 2002.sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
Miranda do Douro – Requalificação dos Moinhos do Parque Urbano do Fresno
No âmbito do Projecto Fluvial – Novas cidades Fluviais do Século XXI, foi realizada uma empreitada denominada ”Requalificação dos Moinhos do Parque Urbano do Fresno”.
Esta obra permitiu a recuperação arquitectónicas dos cinco moinhos existentes na envolvente do Parque Urbano do Rio Fresno.
Esta obra teve o custo total de 35 863,51€ financiados em 75% pelo Feder, com o valor de 26 897,63€.
Para além disso, pretende-se dar uma nova dinâmica naqueles espaços que outrora foram fonte de trabalho dos mirandeses.
Para tal, vai ser recriado o Ciclo do Pão, através de diversos painéis alusivos ao tema, visitas guiadas, demonstração do trabalho agrícola e diversas atividades pedagógicas.
Tudo isto, para enriquecer aquele espaço e ao mesmo tempo recordar e preservar as memórias do povo mirandês.
FONTE: Câmara Municipal Miranda do Douro
Esta obra permitiu a recuperação arquitectónicas dos cinco moinhos existentes na envolvente do Parque Urbano do Rio Fresno.
Esta obra teve o custo total de 35 863,51€ financiados em 75% pelo Feder, com o valor de 26 897,63€.
Para além disso, pretende-se dar uma nova dinâmica naqueles espaços que outrora foram fonte de trabalho dos mirandeses.
Para tal, vai ser recriado o Ciclo do Pão, através de diversos painéis alusivos ao tema, visitas guiadas, demonstração do trabalho agrícola e diversas atividades pedagógicas.
Tudo isto, para enriquecer aquele espaço e ao mesmo tempo recordar e preservar as memórias do povo mirandês.
FONTE: Câmara Municipal Miranda do Douro
Publicada por Hengerinaques no blog "memórias... e outras coisas..."
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