Estão criadas as
maquetes para a elaboração de dois manuais escolares para aprender mirandês.
Este é o resultado de
um estudo feito pelo agrupamento de escolas de Miranda do Douro em parceria com
a Associação da Língua e Cultura Mirandesa, no âmbito do Plano Integrado e
Inovador de Combate ao Insucesso Escolar da Comunidade Intermunicipal das
Terras de Trás-os-Montes (CIM-TTM).
De acordo com a técnica
da CIM-TTM, Elisabete Afonso, vai ser criado um manual para o primeiro e
segundo ano de escolaridade e outro para os terceiro e quatro anos. Os manuais
vão designar-se “Cachapim”. “O nome foi inspirado numa ave que se encontra nas
Terras de Miranda e que se caracteriza por ser curiosa e irrequieta tal como as
crianças”, explicou.
O mirandês foi considerado
a segunda língua oficial portuguesa em 1999, mas não tem manuais escolares. Um
problema que há muito tempo era apontado pela associação e pelo agrupamento de
escolas, onde 70% dos alunos matriculados estão a aprender a língua, leccionada
apenas por dois professores.
“Claro que o ideal
seria aumentar este número de professores, seria criar um grupo docente da
língua mirandesa, que não temos. O ideal seria equipará-la ao ensino das outras
línguas e especificar o ensino por ciclos, que é algo que não temos”, realçou o
director do agrupamento de escolas de Miranda do Douro. António Santos
acrescentou ainda que aguardam a oficialização de uma formação da língua mirandesa
para professores, num protocolo que foi criado entre o Ministério da Educação,
a Universidade de Coimbra, o município de Miranda e o agrupamento de escolas.
O Plano Integrado e
Inovador de Combate ao Insucesso Escolar da CIM-TTM acabou a 20 de Junho. Agora
a Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes aguarda a abertura de
candidaturas da Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Norte
para avançar com a realização dos manuais.
O Mirandês aguarda
ainda a ratificação da Carta das Línguas Minoritárias, uma convenção que visa
promover e proteger línguas regionais ou minoritárias da Europa. Para o
presidente da Associação da Língua e Cultura Mirandesa, Alfredo Cameirão, a
validação da carta pode pôr em prática muitas das medidas que estão definidas,
nomeadamente no que toca à educação.
“Nalguns anos pode
passar a ser uma disciplina curricular, poderia não só aprender-se mirandês,
com matemática em mirandês, e por exemplo num curso profissional o mirandês
funcionar como uma das línguas a serem ministradas, um curso profissional na
área do turismo, que seja dado em Miranda do Douro, faz todo o sentido que uma
das línguas dadas seja o mirandês”, explicou.
Alfredo Cameirão compreende
que há um longo caminho a percorrer, mas a ratificação pode mudar a imagem que
se tem do Mirandês, “de uma visão pouco séria, para uma língua séria e que possa
estar ao lado de qualquer outra língua que se estuda na escola”.
Recentemente um estudo da Universidade de Vigo concluiu que se nada for feito a língua mirandesa pode desaparecer dentro de 20 anos.
Retirado de www.jornalnordeste.com
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