terça-feira, 7 de julho de 2020

Mais um verão sem comboio nem barco no Vale do Tua


Director do Parque Natural Regional, Artur Cascarejo, diz que a culpa do atraso do Plano de Mobilidade é do Governo


As obras no troço ferroviário entre Brunheda e Mirandela ainda não terminaram. O regresso à linha do Tua foi anunciado em 2017, mas ainda não vai ser este verão que o comboio vai apitar naquela zona. O barco rabelo também está atracado no cais da Brunheda, em Carrazeda de Ansiães. Contrariamente ao que se perspectivava, o Plano de Mobilidade do Vale do Tua está atrasado. A confirmação é dada pelo presidente da Agência Regional de Desenvolvimento do Vale do Tua. Ainda assim, João Gonçalves acredita que as obras na ferrovia estarão concluídas “em meados do próximo mês”. “É um passo muito importante para que a entidade responsável, nomeadamente o IMT, possa desinterditar a linha e prosseguirem os trabalhos necessários para o objectivo final, que é o operador estar em condições de testar material circulante na linha”, disse, sublinhando que estão num “bom caminho” para começar a operar a curto prazo.
O director do Parque Natural Regional, Artur Cascarejo, aponta as culpas dos atrasos para o Governo. Era presidente da Câmara de Alijó quando a barragem de Foz-Tua começou a ser construída. Já lá vão dez anos e diz estar farto de esperar. “Quem tem falhado nisto não somos nós, é mais uma vez a Administração Central. Espero que não falhe agora que estamos na fase final. O que falta é que o Estado licencie a operação e transfira as verbas a que se comprometeu em contratos assinados”, afirmou, salientando que está “na hora de cumprirem o que prometeram”.
O Bloco de Esquerda pronunciou-se sobre o assunto e disse não ter sido apanhado de surpresa relativamente a este atraso. O partido frisou que sempre se mostrou contra a construção da barragem e na defesa da linha e, por isso, este atraso “demonstra o quanto esta decisão foi errada”. “O rio Tua e a população merecem mais do que este empurrar com a barriga de algo que não deveria ser necessário, porque estaríamos muito melhor, neste momento, com uma linha do Tua mais forte e renovada, que satisfizesse os interesses das populações e protegesse a fauna e a flora”, lê-se em comunicado. O BE sublinhou ainda que este plano apenas servirá o turismo e quem explora os recursos, “deixando de fora as populações e os interesses locais”

Jornalista Ângela Pais

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