Fotografia e texto: Maria Cepeda
quinta-feira, 27 de março de 2025
Transparência
quarta-feira, 12 de março de 2025
Continuação da entrevista realizada ao Dr. Fernando Calado
(M.C.): Acho que aí está o teatro, não é? (Risos)
(F.C.): O teatro de Milhão, mais o curso de teatro que eu tinha
feito com a Seiva Trupe no Porto.
(M.C.): Ah! A vida é cheia de coincidências. Estava tudo preparado
para calcorrear o caminho. Maravilha!
(F. C.): Encontro o diretor do Magistério Primário e dou-lhe a
informação sobre a minha ligação ao teatro. Ele diz-me que também tenho que
pedir ao Padre Marcelino para ir para o Magistério. Deixo o ciclo, onde dei
três ou quatro horas e fui para o Magistério. Então, essa é a minha vida
profissional com o curso de movimento e drama no Magistério. Entretanto,
comecei no ensino oficial. Corri meio mundo. Um professor no ensino... O
ensino no ciclo preparatório, no ensino secundário. No Penedono, Macedo de
Cavaleiros, Valpaços, Chaves. Meio mundo.
(M.C.): É o que acontece aos professores, não é?
(F.C.): O que aconteceu é que eu estava na escola secundária Abade
de Baçal que se chamava Escola Secundária da Sé e no ano seguinte abriu o
estágio. Comecei a trabalhar no estágio que se chamava Formação em Exercício.
Ao cabo de dois anos, tinha o estágio feito. Pedi uma vaga para professor e
disse ao diretor que se eu fosse para a Escola Secundária da Sé, agora Abade de
Baçal, que eu iria abraçar a profissão de professor, como professor efetivo.
(M.C.): E na sua área?
(F.C.): E na minha área eu seria o mestre. Andei lá vários
anos até que fui convidado a exercer o cargo de Delegado dos Assuntos
Consulares.
(M.C.): E o que é que faz um Delegado dos Assuntos Consulares?
(F.C:): Sobretudo acompanhava as questões da imigração. Os
imigrantes, ao invés de tratarem determinados assuntos nos consulados da
Europa ou nas embaixadas, podiam tratar aqui em Bragança na Delegação
dos Assuntos Consulares.
(M.C.): Podiam fazer o mesmo agora…
(F.C.): Exatamente. E portanto, sobretudo no verão fazíamos
uma ação interessantíssima com algum regionalismo (24:05) na fronteira de Quintanilha. Comprávamos
uma vitela e estávamos lá oito dias recebendo os imigrantes, fazendo
publicidade, dando cartazes, dando informações e oferecendo a carne
assada. (24:24)
(M.C.): Eu recordo-me disso. Falavam sempre na rádio e na
televisão. Foi uma ação extremamente interessante porque os imigrantes sentiam-se
acarinhados, não é?
(F.C.): Era uma organização pequeníssima. Só era eu como Delegado e
uma secretária que funcionava na Almirante Reis. Mas foi importante porque era
um espaço onde os imigrantes podiam tratar, não de todos os assuntos,
mas de determinados assuntos. Entretanto, a Dr.ª Olema que era a
Coordenadora do Centro da Área Educativa de Bragança (CAE) aposentou-se e
convidou-me para aceitar o lugar. Aceitei e estive cinco anos no CAE como
Coordenador. A partir daí voltei ao ensino e fui para a Escola do Magistério onde
estive quatro ou cinco anos como professor de pedagogia. Fui para o
Instituto Piaget também a lecionar durante alguns anos. Acabei por
regressar à escola Abade de Baçal até que me propuseram ir para o Centro
de Formação Profissional (CFP) organizar o serviço. Dar alguma ajuda e eu
aceitei. Só que em vez de ter sido meio ano, foram oito anos como diretor
de uma empresa.
Entretanto, cheguei à fase,
em que, pela idade, me podia aposentar. Regressei à escola secundária
Abade de Baçal onde me aposentei e terminei a minha vida académica.
Portanto, além da atividade como
docente e em várias rádios, também dirigi uma revista que o
Marcolino tão bem conheceu e onde tanto trabalhou, Os “Amigos de Bragança”,
onde colaborei assiduamente no “Mensageiro de Bragança” com artigos de opinião,
enfim… Tive uma boa vida no concelho da Bragança. Enfim, foi uma vida
bastante preenchida, muito rica.
(M.C.): Sem dúvida uma vida muito interessante. Os seus dias deviam
ter mais horas do que os nossos. Foi uma vida bastante intensa. Publicou com assiduidade
artigos de opinião e textos literários em vários jornais e revistas. Participou
em programas de rádio, realizou diversas palestras, conferências, ações de
formação e foi ainda diretor e proprietário da revista cultural e etnográfica
“Amigos de Bragança”. Fale-nos dessa experiência…
(F.C.): De facto, a minha vida literária começou, efetivamente, no “Mensageiro de Bragança”. Na faculdade, publiquei um livrinho pequenino, de poesia “Bragança” que me trouxe alguns dissabores… fui considerado revolucionário para a altura. A doutrina social da igreja, que, efetivamente, na altura, tinha alguma dinâmica que depois chamaríamos… censura(?)Depois disso, colaborei com assiduidade no “Mensageiro de Bragança”, e, mais tarde, fiz os “Amigos de Bragança” que teve uma história interessantíssima e que se perdeu.
CONTINUA...
domingo, 9 de março de 2025
Continuação da entrevista realizada ao Doutor Fernando Calado
(M.C.): Uma fortuna!
(F.C.): Nós ficámos com o cheque, mas ninguém acreditou que aquilo
tivesse algum valor. Só quando vimos o dinheiro na mão é que acreditámos. Portanto,
foi, de facto, a raridade. Portanto, em Trás-os-Montes não havia tantos
grupos de teatro assim, o que significava que era uma raridade. E,
portanto, foi um património importante na aldeia. Ainda hoje, os mais idosos
falam no teatro e na saudade que têm desse tempo do teatro.
Hoje, com o progresso que
temos, com as possibilidades que há, não seria possível manter um grupo de
teatro em vez de uma cadeia? Na altura era uma pequena fortuna. Mas é pena
que não haja quem pegue outra vez na ideia. Aliás, há um organismo
que capitulou e teve uma importância enorme na divulgação do teatro e
da cultura em Trás-os-Montes, que foi o FAOJ (Fundo de Apoio aos Organismos
Juvenis). E o FAOJ foi, de facto, um organismo que criou muitos grupos de
teatro, muitos grupos folclóricos, muitos grupos de leitura, mas não só. Hoje,
praticamente, a dimensão cultural, a divulgação cultural é inexistente nas
nossas aldeias.
O que é que existe? Uma casa do
povo, com um bar, com umas festanças, com umas jantaradas, com um pouco
mais do que isso.
(M.C.): Faz-se a festa dos santos que são os oragos e
mais nada.
(F.C.): O aspecto cultural, praticamente, é inexistente.
(M.C.): O que é uma pena. Era bom que alguém lhe pegasse novamente.
(F.C.): Que lhe incutisse uma dimensão cultural, uma política de
dimensão cultural… Não há. É uma pena.
(M.C.): Continuando. Enveredou
pela Filosofia, como já disse. O que o levou a seguir esse caminho, veio do Seminário?
(F.C.): Sim, sim. Aliás, o seminário tinha três secções. Quando se
entrava para o seminário, fazia-se o curso de humanidades. No sexto
ano passava-se para a secção de filosofia. Portanto, sexto, sétimo,
filosofia. Depois, oitavo, nono, décimo segundo, filosofia. Portanto,
embora a filosofia que se ensinava nos seminários, embora fosse uma
filosofia tomista, ou seja, a filosofia de São Tomás de Aquino, na tradição
aristotélica, mas era levada muito a sério. E não há dúvida nenhuma que, embora
a filosofia fosse inspirada na filosofia grega, mas dava muita
bagagem em termos de formação filosófica. E, portanto, para mim, era mais
do que natural tendo eu o sétimo ano do seminário, que a saída natural seria
ir para a Faculdade de Filosofia de Braga, onde fiz o primeiro ano. Com a
bagagem que eu levava do seminário, consegui fazer num ano, em Braga, dez
cadeiras. O que significa que no segundo ano pedi transferência para o
Porto e a grande maioria das cadeiras da Faculdade de Filosofia do Porto
já as tinha feitas, o que significa que depois passei mais quatro anos no
Porto e vim fazendo umas cadeiras ou seminários, etc.
Mas a minha formação
verdadeira foi o Seminário e a Faculdade Filosofia de Braga dos Jesuítas,
que é onde se aprende Filosofia.
(M.C.): Também os jesuítas. Ora, muito nos ensinou já. Permita-me
que passe à próxima pergunta. A sua vida profissional está profundamente
ligada ao ensino e à coordenação de órgãos diretivos relacionados com
a sua formação académica, mas não só. Fale-nos do seu riquíssimo percurso.
(F.C.): Eu terminei o curso na Faculdade de Filosofia do
Porto. Entretanto, interrompi para ir fazer o Serviço Militar e quando
saí do Serviço Militar, ainda me faltava uma cadeira ou duas para ter
a licenciatura. Já tinha o bacharelado. Portanto, fui terminar a licenciatura e
foi curioso como comecei a minha vida profissional. Estava no Porto a
terminar o curso e apareceu lá o Padre Marcelino, o Diretor do Ciclo
Preparatório que não era capaz de arranjar um professor de música.
CONTINUA
quinta-feira, 6 de março de 2025
Dr. Jorge Ferreira lança dia 13 de março mais um livro...
Jorge José Alves Ferreira nasceu em 18 de janeiro de 1959, na aldeia de Dorna, na freguesia de Póvoa de Agrações, concelho de Chaves.
quarta-feira, 5 de março de 2025
O PÃO BRAGANÇANO (DEIXAR O PÃO FALAR)Texto e fotografias retirados de: www.cm-braganca.pt
O Auditório Paulo Quintela foi
palco, esta manhã (2025/03/03), da Conferência “Pão Bragançano - Deixar o Pão
Falar”, uma iniciativa que reuniu especialistas, padeiros e chefs para debater
o presente e o futuro da panificação em Portugal.
Integrado no Festival do Butelo e
das Casulas & Carnaval dos Caretos, o debate destacou o papel essencial do
pão na cultura e identidade nacional, com particular destaque para a tradição
do pão transmontano.
A sessão de abertura contou com a
intervenção de Miguel Abrunhosa, Vereador da Câmara Municipal de Bragança.
Seguiu-se uma entrevista conduzida por Paulo Amado a Elisabete Ferreira,
recentemente distinguida como “Melhor Padeira do Mundo”, pela União
Internacional de Panificação e Pastelaria, e galardoada com a Medalha Municipal
de Mérito, pelo Município de Bragança. Depois, teve lugar uma apresentação do
investigador e gastrónomo transmontano Virgílio Gomes, sob o mote “O Pão
Bragançano”. Posteriormente, André Magalhães moderou uma conversa com Amândio Pimenta,
membro dos Ambassadeurs du Pain. O
encerramento ficou marcado pelo debate “Pensar o Pão em Portugal”, moderado
pela jornalista Catarina Moura, com um painel de especialistas, composto por
Olga Cavaleiro (investigadora de gastronomia), Luís Afonso (proprietário da
Moagem do Loreto) e Lídia Brás (chefe do Stramuntana, em Vila Nova de Gaia, com
raízes em Miranda do Douro).
A iniciativa procurou reforçar a importância do pão, não apenas como alimento, mas como património cultural, cuja preservação e valorização são fundamentais para a identidade gastronómica das regiões.
terça-feira, 4 de março de 2025
Jorge Morais - Personagens (12) - Carnaval 1997
Acho oportuno regressar a um carnaval de há quase 30 anos aqui em Bragança (exatamente do ano de 1997): São pessoas locais com atitudes ou poses de participação, cansaço ou resignação após uma grande folia.
Uma pessoa também criativa que um dia me abordou e,
delicadamente me entregou um cartão pessoal bem impresso e concebido em que se
apresentava como executor de serviços de "limpa-chaminés". E esta?...
Talvez o primeiro que formalmente se apresentava como tal numa cidade aonde as
procuras e as ofertas neste sector de serviços domésticos a particulares eram
tipo passa-palavra.