O
Instituto Politécnico de Bragança (IPB) vai instalar 21 campos experimentais em
todo o Norte de Portugal para transferir para o terreno os avanços científicos
no combate às pragas do setor da castanha, foi ontem anunciado.
Trata-se
de uma das ações do projeto "TRANFER+.TEC.CASTANHA", que foi ontem
apresentado ao setor, em Bragança, e que foi contemplado com meio milhão de
euros do programa Norte 2020 para a "transferência de conhecimento
científico e tecnológico da fileira da castanha para o setor empresarial",
a partir da região onde se concentra a maior parte da produção nacional deste
fruto seco, concretamente nos concelhos de Bragança e Vinhais.
Uma
das ações previstas de maior envergadura, como explicou hoje o responsável,
Albino Bento, é a instalação, em propriedades agrícolas particulares, de 21
campos experimentais, desde o Minho a Trás-os-Montes, que vão fazer
demonstrações das técnicas e tecnologia que existem ao dispor dos agricultores
e simultaneamente controlar as pragas do castanheiro, como a vespa, tinta ou
cancro.
"Esses
campos experimentais vão ser instalados em propriedades de agricultores e preveem
a aquisição de meios como o parasitóide contra a vespa, produtos contra o
cancro, aplicação de medidas de luta contra a doença da tinta, contra o bichado
e gorgulho da castanha", explicou.
Estes
campos, que vão já começar a ser instalados, "servirão para atividades de
demonstrações para nas ações de formação também se poderem mostrar (as
técnicas) e ao mesmo tempo ajudar a controlar as pragas", segundo ainda o
responsável.
"São
campos de demonstração das práticas: como se devem fazer o tratamento contra o
cancro do castanheiro, contra a tinta, vão servir como campos de demonstração
para depois os agricultores poderem copiar e fazer igual", concretizou.
O
politécnico de Bragança promoveu hoje o seminário de lançamento do projeto que
visa a "transferência de conhecimento e tecnologia para as empresas"
e que "abrange toda a fileira da castanha, com foco nas doenças e pragas,
mas também na conservação e transformação da castanha".
O
projeto contempla também outras atividades como o levantamento das necessidades
das empresas agroindustriais e do setor agrícola e "63 ações de
disseminação do conhecimento dirigidas para os agricultores".
"Vamos
andar nos próximos dois anos pelas aldeias, pelos municípios, fazendo ações de
sensibilização e formação para os agricultores", indicou Albino Bento,
apontando o início das mesmas para março.
De
acordo com o investigar, que é também presidente do Centro Nacional de
Competências dos Frutos Secos, sediado em Bragança, "os agricultores
normalmente participam" nestas ações e o projeto vai "contar com um
conjunto de parceiros que vão mobilizar os agricultores", nomeadamente as
juntas de freguesia.
O
presidente do IPB, Sobrinho Teixeira, lembrou que "muitas vezes a queixa
que há entre o mundo do conhecimento e da investigação e o mundo real é que não
há ligação" e "este projeto vai exatamente fazer isso".
"Vai
procurar fazer com que aquilo que foi investigado possa agora ser implementado,
em conjugação com as associações de agricultores e com os próprios
investigadores", sustentou.
Da
parte dos produtores, o presidente da Cooperativa Agrícola de Vinhais, Carlos
Silva, notou que nos últimos anos "o ensino superior tem estado mais
virado para a comunidade, o politécnico tem desenvolvido vários projetos com as
associações, com os agricultores".
Observou
ainda que os problemas que o setor enfrenta, desde as pragas às alterações
climáticas, levam também a que por parte dos produtores haja uma maior
predisposição para acolher o que a comunidade científica oferece.
Ainda
assim, reconhece que "é sempre muito difícil mudar os fatores culturais,
principalmente no meio rural onde a população está envelhecida".
A
cooperativa tem mais de 300 sócios e recentemente criou uma secção dos frutos
secos com 17 produtos, cuja média de idades ronda os 40 anos.
Retirado de www.diariodetrasosmontes.com
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