sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Com a esperança de que o Natal tenha corrido bem...

...aqui estamos mais uma vez para lhes desejar boas festas!

Que a despedida do ano velho se paute por muita alegria, amor, saúde, paz e as pessoas que amamos.

Que 2022 possa gritar bem alto o fim da sars covid 2 ou a sua banalização como se fora uma nova e inofensiva gripe.

Cheios de esperança, desejamos a todos o melhor.

Sejam, por favor, felizes, embora a felicidade seja um conceito difícil de realizar em toda a sua plenitude. 




  Maria e Marcolino Cepeda

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Sem tempo, devagar

Sem tempo, devagar

Apenas aqui te podes demorar

Não penses, não chores.

És um momento

Nas asas de uma gaivota.

Um leve tormento

Na azáfama da lota.

Não és pescador

Na luta inclemente

Tua inocente dor.


Maria Cepeda

Pôr-do-sol


 A beleza está em qualquer coisa e em qualquer lugar. 

Basta que estejamos atentos.

Olhar não é a mesma coisa que ver.

Ver é ato físico. Vejo porque tenho olhos que veem.

Já olhar é interpretar, sentir, guardar...


Maria Cepeda 











domingo, 12 de dezembro de 2021

Sabor Brasil (2)

Em casa estavam a minha mãe com o meu irmãozinho e a tia Joaquina que se afadigava a acabar de arrumar as coisas para a mudança. Entrámos. Os meus primos começaram a mostrar-me os seus brinquedos. Eu estava deslumbrada. Nunca tinha visto nada assim. Os meus brinquedos resumiam-se a uma boneca de trapos

A casa era pequena. Um quarto, uma sala, uma cozinha. Um banheiro fora de casa… A que tínhamos deixado na aldeia tinha quatro quartos, duas salas, uma cozinha enorme e uma casa de banho com banheira. Estranhei.

O meu tio Alfredo e família mudaram-se nesse dia para uma nova residência, deixando-nos a que ficava nas traseiras da lanchonete. O tio Joel viveu, durante algum tempo, connosco. Mudou-se depois de comprar o seu primeiro negócio. Pouco depois casou e foi construindo a sua vida.

O meu pai e o tio Alfredo continuaram sócios até à morte do meu tio.

Não sei se estava preparada para viver noutro país, numa cidade enorme, com usos e costumes tão diferentes dos meus, com uma língua parecida mas não igual… e as pessoas? Felizes, alegres, comunicativas, simpáticas, empáticas, enfim… diferentes.

O meu pai foi matricular-me num colégio perto da lanchonete. Antes de irmos para São Paulo eu tinha acabado o segundo ano de escolaridade. Deveria ser matriculada no terceiro ano. Não foi o que aconteceu. A professora achou melhor que eu frequentasse o mesmo ano. Se eu fosse boa aluna, frequentaria o terceiro.

“Vai ver senhora professora que a minha menina é inteligente. Falamos daqui a um mês. Me vai dar razão.”

“Veremos senhor José… sabe que foi uma mudança muito grande pra menina.”

Eu assistia à conversa deliciada com a maneira de falar da professora, mas o que mais me encantava era o seu aspecto. Alta, cabelo perfeitamente penteado, bem maquiada, batom vermelho nos lábios e umas maravilhosas unhas compridas, também pintadas de vermelho. Nunca, na minha curta vida, vira uma mulher assim. Antes de me apaixonar pela escola, apaixonei-me pela professora.

“Então até amanhã senhora professora.”

“Até amanhã Sr. José. Chau Ana Clara.”


Maria Cepeda