terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Mudar o destino (Editorial do Jornal Nordeste, de 29-12-2020) (Quis o destino que fosse este o seu último editorial)

 

Não foi o destino que nos trouxe até à condição a que chegámos no Nordeste Transmontano. Foram nove séculos de história que não podemos reescrever, mas que devíamos observar com serenidade, para descortinar as razões profundas das dificuldades que nos tolhem o futuro: actividades económicas com peso diminuto, insignificância política e agonia demográfica, a alimentar um círculo vicioso que ameaça tornar-se uma espiral desgraçada, um turbilhão que não poupará sequer a memória. Estaríamos então no inferno absoluto.

A história do reino de Portugal, hoje república de uma nação que tem dado provas de resistir às surpresas que o tempo tece, condicionou o devir destas terras e destas gentes, para o bem e para o mal. Durante muito tempo não se pressentiu que a tragédia se insinuava, porque as fronteiras não surgiam eriçadas, os fluxos humanos e materiais não estavam barrados por proteccionismos decididos por poderes centrais que, deliberadamente ou não, em nome do sucesso nacional, criaram condições objectivas para que extensões amplas do território conhecessem ameaças difusas à sua viabilidade.

Os séculos de oitocentos e novecentos tornaram evidentes as consequências da sobrevalorização do imediatismo que, pelos vistos, pode comprometer irremediavelmente a viabilidade de uma economia, de regiões inteiras, de um país, talvez até de um continente.

Então já fôramos envolvidos pelas malhas tecidas por outros impérios, que nos impuseram dependências e nos tornaram simples instrumentos dos seus objectivos utilitários, desapiedados das misérias que marcavam a vida de gerações inteiras, num mapa crescente da desgraça. O alívio estava sempre prometido noutros lugares, brasis, áfricas, franças e araganças ou, pelo menos, na feira lisboeta de vaidades.

Pouco ou nada foi feito, décadas e décadas, pelas lideranças nacionais, na monarquia constitucional, na breve república e no longo Estado Novo, com a excepção heróica do grande projecto de Camilo de Mendonça para a agroindústria no distrito de Bragança, que morreu às mãos das febres infantis do novo regime democrático, que não tem dado mostras de recuperação do sentido de responsabilidade na gestão do território, das oportunidades económicas, da equidade na relação com os cidadãos, nem de capacidade para conceber uma estratégia de desenvolvimento global e equilibrado do país.

A condição de interioridade, em vez de estar delimitada, alastra continuamente, e qualquer dia 90% do país será constituído por arrabaldes esconsos de um longo areal, também ele sem futuro. O desinvestimento agressivo das últimas décadas anulou muitos esforços, aniquilou esperanças, instalou o desânimo. No entanto, nem todos desistimos ainda, apesar da tempestade histórica perfeita, que pode varrer a vida e a coragem que ainda restam.

 

Escrito por Teófilo Vaz, Diretor do Jornal Nordeste

Retirado de www.jornalnordeste.com

Até sempre Amigo


Faleceu hoje, um amigo de todas as horas. Ainda me custa acreditar que esta notícia possa ser verdadeira. Nada me convence da sua definitiva ausência. Sei que, infelizmente, os dias que se seguem confirmarão a evidência do seu desaparecimento desta existência terrena. 

É difícil, Teófilo, não mais responder às tuas provocações. Não mais ouvir a tua análise rigorosa e lúcida. Não voltar a rir das tuas histórias...

Conhecemo-nos há décadas e, durante todos esses anos, desenvolvemos muitos projetos em prol do desenvolvimento cultural da nossa cidade.  

Acompanhei a tua vida familiar, o nascimento dos teus filhos (em plena Praça da Sé, a tua alegria a anunciar o nascimento do teu filho e, anos mais tarde, o teu embevecimento pelo nascimento das tuas meninas) e o teu desempenho enquanto pai. A tua dedicação, a tua alegria com as suas vitórias. O teu saudável orgulho com as etapas vencidas... 

A tua entrega ao trabalho. O teu gosto em ser professor. O teu profissionalismo...

Mas o que mais recordarei de ti será a tua amizade que nunca me desiludiu. 

Até sempre amigo.


Marcolino Cepeda 

FALECEU TEÓFILO VAZ DIRECTOR DE INFORMAÇÃO DO JORNAL NORDESTE E RÁDIO BRIGANTIA



Ter, 29/12/2020 - 09:50


Faleceu, esta madrugada, o diretor de informação do Jornal Nordeste e da Rádio Brigantia.

Teófilo Vaz tinha 65 anos e acabou por morrer, esta noite, vítima de enfarte. Era professor de História e presidente do Conselho Geral na Escola Secundária Emídio Garcia, em Bragança. Foi membro da Assembleia Municipal e candidato à câmara de Bragança como independente pelo CDS. Desde cedo revelou uma grande capacidade de intervenção cívica, fundamentalmente ligada ao jornalismo e à política. Era diretor de informação do Jornal Nordeste e Rádio Brigantia desde 2015. O funeral acontecerá amanhã.


Jornalista: 
Ângela Pais

Retirado de www.jornalnordeste.com 


terça-feira, 24 de novembro de 2020

À espera do futuro (Editorial do Jornal Nordeste, 24 de novembro de 2020)


Precisamos todos de coragem, cabeça fria, paciência, compreensão relativamente aos outros e capacidade de adaptação a estes tempos povoados de dúvidas, inconsistências, angústias, miséria que sempre marcou a condição humana, apesar dos presumidos que vão fingindo alegrias infindas, que culminam em desespero soluçante ou no vómito paradoxal diante da crueza da ameaça iminente, à flor da pele, a cada passo, em cada olhar, por cada suspiro.

Devíamos ter-nos preparado para o embate com o inimigo traiçoeiro, nunca baixando a guarda, mesmo quando as flores da Primavera e as brisas estivais nos tentaram a esquecer a ameaça e acalentaram a esperança de que não há mal que sempre dure, mesmo se quisermos confundir sempre com um tempo estafante para nós, mas poucochinho para os ritmos da natureza, que não nos têm em mais conta do que a uma qualquer borboleta, fantasticamente colorida, que também se resolve em estrume, cumprindo essa lei de que nada se cria, nada se perde, tudo se transforma, num ciclo imutável, como perscrutou o velho Lavoisier.

Podíamos ter contado com instituições que inspirassem confiança, mais serenas do que precipitadas, mais claras do que artificiosas, com coragem para falar da dureza que nos esperava, em vez de contribuir para a displicência que nos trouxe à amargura sem horizonte.

É o que temos. Cá, como por esse mundo fora, o que nem sequer sustenta a pretensão de que quando o mal é de muitos, comporta o seu quê de alívio.

As medidas a que o país foi sujeito, desde há duas semanas, resultam da evolução descontrolada da situação que vivemos desde Março, quando se esperava que durante oito meses se tivessem desenvolvido análises do fenómeno e estabelecido estratégias, suportadas no conhecimento possível, expressas em regras claras e coerentes, com fiscalização sistemática e apoiadas por logísticas funcionais, o que teria evitado o abismo em que nos sentimos a afundar.

Os efeitos que tendem a agravar a debilitada economia da região já se vão fazendo sentir, desde a produção de castanhas e outros frutos secos, da azeitona e da colocação do azeite, dos produtos de fumeiro que tinham montras importantes nas feiras de Inverno.

Entretanto, o turismo pode ser a maior vítima, quando se observavam dinâmicas de crescimento reconfortantes. A restauração pode sair muito depauperada deste ano de desgraça e a hotelaria com dimensão e qualidade para atrair eventos culturais e empresariais, que durante longas décadas não se instalara no território mas, desde a transição do século, conheceu notório crescimento, pode estar agora sujeita a dificuldades que porão em causa a sua permanência, no que conheceríamos retrocesso dramático, com efeitos difíceis de superar e impactos imprevisíveis no tecido empresarial e na capacidade de atrair novos investimentos.

As medidas governamentais não contribuem, por enquanto, para fazer medrar a confiança, fundamental para encarar o futuro possível no país, muito menos numa região como esta, que tem resistido ao descaso, à discriminação inqualificável, à moleza dos nossos representantes na capital, mas pode estar perante o desafio definitivo da sobrevivência.

Escrito por Teófilo Vaz, director do Jornal Nordeste

Retirado de www.jornalnordeste.com

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

OLÁ AMIGOS!

Depois de larga ausência, cá estamos nós outra vez.

Em tempos de pandemia, mais ou menos confinados, quase sem contacto social, apetece sair e quando se tem a oportunidade, não se deve perder. 

Não podendo ou não devendo circular em centros urbanos, opto sempre pelo campo ou por espaços com poucas pessoas.

Consigo, nesses deambulares, ver paisagens que me cativam e emocionam. 

Estamos no outono, na pequena aldeia de Brito de Baixo, concelho de Bragança, em Trás-os-Montes, Portugal.

Aqui não existem pandemias a assustar-nos, a fragilizar-nos. Esqueço o que se passa lá fora. Aqui, sinto-me eu...


Maria Cepeda 

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Picote desafia população a participar em iniciativa artística (Lusa em Sex, 04/09/2020)

 PROJETO "ARTE EM MEIO RURAL" EM ALDEIA DE MIRANDA DO DOURO


A aldeia de Picote, em Miranda do Douro, desafiou a população jovem para se associar no sábado à "Arte em Meio Rural", iniciativa que pretende decorar a povoação com motivos ligados à avifauna do Douro Internacional.

"Desafiamos a população mais jovem a colocar as mãos na massa e, assim, dar um novo colorido à aldeia que é rica do ponto de vista da avifauna e outros elementos naturais, por estar localizada na área protegida do Douro Internacional, onde nidificam espécies emblemáticas como o abutre, o britango, águia-de-bonelli, entre outras espécies rupícolas", indicou à Lusa o presidente da Junta de Freguesia de Picote, Jorge Lourenço.

Esta é a segunda fase de projeto "Arte em Meio Rural", que começou em julho com a decoração do Posto de Transformação (PT) de eletricidade e de marcos quilométricos e que agora se vais estender a vários pontos desta aldeia do distrito de Bragança.

"No sábado, o desafio passa por pintar em cerca de duas dezenas armários e caixas da rede pública de eletricidade elementos da vida quotidiana e naturais deste território, e assim criar novos roteiros para quem visita a freguesia, bem ao estilo da chamada arte urbana", concretizou o autarca de freguesia.

De acordo com Jorge Lourenço, todos os trabalhos realizados e a realizar foram aprovados após a realização de assembleias participativas que juntaram a comunidade da aldeia e de onde "saíram muitas sugestões que estão a ser aproveitadas".

Outros elementos como figuras zoomórficas (berrões) ou o arqueiro gravado na Fraga do Puio fazem parte das decorações a imprimir em várias ruas e largos da parte mais antiga de Picote e que terão legendagem em português e mirandês.

"Picote é uma freguesia com um importante legado histórico, mas que também gosta de inovar e daí termos iniciado este processo da ‘Arte em Meio Rural’", concluiu.

Um dos objetivos de futuro desta iniciativa passa por integrar a aldeia na Rede de Arte Pública da Fundação EDP, um trabalho que está a ser promovido pelo município de Miranda do Douro e pela Junta de Freguesia de Picote.

Estes trabalhos são executados pelos artistas Miguel Shereck e Pedro Almeida, ambos pertencentes à associação cultural Lérias.

"Este trabalho também tem por objetivo envolver a comunidade mais jovens para que possa olhar para a sua identidade cultural e ambiental. Já praticamos um tipo de arte que é identificativo de cada aldeia por onde deixamos a nossa arte", contou à Lusa Miguel Shereck.

Segundo Pedro Almeida, foi feita uma recolha das espécies da avifauna mais emblemáticas daquele território para agora serem "plasmadas" em algum mobiliário urbano existente em vários pontos da aldeia.

As técnicas a utilizar na "decoração" são simples, bem como os materiais utilizados. Se nas pinturas na PT foram utilizadas tintas plásticas resistentes às intempéries, nos armários será usada a técnica de ‘stencil'.

"Haverá um recorte numa folha de cartolina, em que o espaço vazio será preenchido com tinta aplicada com uma esponja sem recurso a spray", explicaram os dois artistas.

Nesta iniciava foram tomadas precauções de distanciamento social devido à covid-19 e todas as ações serão acompanhadas por técnicos da EDP Distribuição, "para segurança de todos".

Retirado de www.diariodetrasosmontes.com

Trânsito na ponte de Chaves sem evidência de danos mas atual uso pedonal é preferível (Lusa em Sex, 04/09/2020)

 REFERENDO VAI REALIZAR-SE A 13 DE SETEMBRO


Um relatório sobre a ponte romana de Chaves, cuja reabertura ao trânsito será decidida em referendo local, revela não serem evidentes consequências estruturais relevantes da circulação automóvel, mas considera que a atual utilização pedonal é a ideal.

Disponível no sítio oficial na Internet da autarquia de Chaves, no distrito de Vila Real, o relatório da inspeção realizada refere que "a ponte já foi utilizada como via rodoviária e não são evidentes consequências estruturais relevantes que resultem desta situação".

"Neste âmbito, a eventual utilização exclusiva para veículos ligeiros a circular apenas num sentido é também uma atenuante relevante visto que normalmente a magnitude de cargas envolvidas nesta situação não é expressiva", acrescenta.

O documento aponta que, do "ponto de vista estrutural, a utilização atual é a ideal visto que não existem sobrecargas significativas sobre a estrutura nem outros efeitos colaterais associados à passagem de tráfego tal como vibrações e forças horizontais associadas à travagem dos veículos em cima da plataforma viária".

O estudo, elaborado pela empresa Betar Consultores, realça também que, "apesar de não se terem identificado indícios de anomalias de cariz estrutural relevantes, não é possível assegurar com uma mera inspeção visual as condições de segurança da estrutura e sua capacidade resistente a determinadas solicitações, nomeadamente à passagem de tráfego".

O referendo local em Chaves sobre a reabertura ao trânsito da ponte romana, que é pedonal desde 2008 e está classificada como monumento nacional, vai realizar-se em 13 de setembro e terá uma única pergunta de resposta "sim" ou "não", nomeadamente: "Concorda com a reabertura da ponte romana de Chaves ao trânsito de veículos automóveis ligeiros, num único sentido?".

Na secção sobre as principais anomalias identificadas, o documento menciona “a inspeção visual realizada no início de junho não revelou a existência de anomalias que comprometam a sua capacidade resistente”.

Quanto ao seu estado de conservação, é atribuído o nível três (mau) em cinco níveis, sendo o nível zero o mais alto (ótimo) e o nível cinco o mais baixo (crítico).

“Apesar da classificação atribuída, a ponte está em razoável estado de conservação”, lê-se no relatório que acrescenta que, “ao nível dos apoios intermédios, componente estrutural considerado fundamental e que condicionou a classificação atribuída à ponte, detetaram-se algumas cavidades pontuais nas fundações, bem como a ausência ou deslocamento de blocos de alvenaria das proteções das fundações”.

Segundo os técnicos, “este tipo de anomalias poderá ter consequências futuras que poderão ser relevantes em função da potencial evolução das anomalias”.

O presidente da Câmara de Chaves realçou à Lusa que o relatório revela que a ponte “não apresenta nenhuma situação de fragilidade de segurança” para a circulação automóvel.

"Há uma pronúncia técnica que diz que a ponte claramente não apresenta nenhuma situação de fragilidade de segurança que impeça uma solução de trânsito automóvel. O que diz é que se tem de monitorizar esta, como se tem de monitorizar todas para que efetivamente possam fazer os ajustamentos necessários", realçou.

Para Nuno Vaz, o que está em causa é que "claramente, sem falsos argumentos, falácias e mentiras, pode-se dizer aos cidadãos que se podem pronunciar sobre esta matéria".

O presidente da Câmara de Chaves disse ainda que o compromisso para realizar o referendo surgiu na campanha eleitoral de 2017, que continuará sem se pronunciar sobre a sua intenção de voto - para "não influenciar nenhuma das decisões" - e apelou à participação dos cidadãos de todo o concelho.

"É fundamental que as pessoas participem, de forma informada. Tão legítimo é aqueles que pensam que o voto deve ser não como os que dizem que o voto deve ser sim", disse Nuno Vaz.

O referendo é um "momento cívico importante e único no concelho" e que poderá abrir oportunidade para mais referendos sobre "outras matérias relevantes", concluiu.

 

Retirado de www.diariodetrasosmontes.com

domingo, 23 de agosto de 2020

MINA DE VOLFRÂMIO E ESTANHO A CÉU ABERTO PREVISTA PARA A LOCALIDADE ESPANHOLA DE CALABOR (Publicado por Lusa, em 22-08-2020. Retirado de "Diário de Trás-os-Montes")

 


Autarcas e ambientalistas contra mina espanhola junto à fronteira com Bragança

Autarcas e ambientalistas portugueses mostraram-se hoje contra a instalação de uma mina de volfrâmio e estanho a céu aberto prevista para a localidade espanhola de Calabor, junto à fronteira, situada a cinco quilómetros do concelho de Bragança.

"A instalação da mina está prevista para um território de fronteira de grande importância ambiental e que está classificado como Rede Natura 2000, num território que é também de grande importância hidrográfica", disse à Lusa o presidente da associação Palombar - Conservação da Natureza e do Património Rural, José Pereira.

O também biólogo disse que "o principal problema do empreendimento mineiro é a afetação da bacia hidrográfica do Douro através das suas linhas de água".

"Todos os detritos produzidos pela mina serão trazidos para território português, através de cursos de água, que são comuns a Portugal e Espanha", vincou.

O FAPAS (Fundo para a Proteção dos Animais Selvagens) também se mostrou solidário com a posição da associação Palombar (Portugal) e com os ecologistas en Acción de Zamora, (Espanha) e com outras associações de defesa do ambiente que também " deram parecer negativo" ao empreendimento mineiro espanhol.

" O projeto de exploração de volfrâmio e estanho a céu aberto terá consequências negativas para o ambiente, nomeadamente poluição da água subterrânea, uso de explosivos e poluição do ar, entre outros", disse Nuno Gomes de Oliveira, membro da direção do FAPAS.

Esta exploração mineira está localizada perto de Calabor, a cerca de cinco quilómetros da fronteira com Portugal nas proximidades do Porque Natural de Montesinho.

"Vale mais um território conservado que a treta de uma mina a céu aberto. As explorações mineiras podem gerar milhares de euros, e não estamos contra a atividade económica, mas sim a favor da preservação dos ecossistemas e das bacias hidrográficas ", concretizou o ambientalista.

Hernâni Dias, presidente da câmara de Bragança, disse que "este projeto mineiro junto à fronteira terá de ser revisto, bem como o processo de impacto ambiental ".

O autarca lamentou "o facto de não terem sido avaliados os reais efeitos da redução de caudais nas linhas de água transfronteiriças, uma vez que vão ser necessárias grandes quantidades de água para tratar tudo aquilo que vai sair da exploração mineira".

O responsável também se mostrou preocupado com a eventual contaminação das águas superficiais e subterrâneas devidos à maquinaria pesada a ser instalada durante a exploração mineira.

O presidente da União de Freguesias de Avela e Rio de Onor, Mário Gomes, indicou à Lusa que o empreendimento espanhol "de forma alguma se pode concretizar neste território".

"Os principais impactos da exploração mineira serão nas linhas de águas que fazem parte da bacia hidrografia do Douro, principalmente, nos rios Pepim e Igrejas, e um destes cursos de água já se encontra assoreado em alguns quilómetros extensão, resultante da atividade mineira que no passado se desenvolveu nesta região", vincou.

O autarca mostrou-se, igualmente, " preocupado" com o possível impacte visual resultante da exploração a céu aberto, que poderá afetar o turismo de natureza que "está em franco desenvolvimento" nesta freguesia.

O Bloco de Esquerda (BE) criticou na quarta-feira o "silêncio" do Governo perante a exploração mineira a céu aberto prevista para a localidade espanhola de Calabor.

"A Comissão Coordenadora Distrital do BE de Bragança vê e sente com espanto a postura displicente e o silêncio do Governo português perante a exploração mineira a céu aberto que se prevê em Calabor, com evidente e pesado impacto na saúde das populações, assim como nos cursos de água da bacia hidrográfica do Douro e ainda no Parque Natural de Montesinho, podendo mesmo afetar a nível de extinção espécies protegidas de fauna e flora", indicavam os bloquistas, em comunicado enviado à Lusa.

Na opinião do BE de Bragança, o Governo "não pode ser conivente e permitir abusos junto à fronteira, de cujos resultados advenham consequências gravosas para o ambiente e a população portuguesa".

O Bloco exige ao Governo "uma tomada de posição oficial na defesa destas populações e destes territórios".

Aquela força política acrescenta que, o próprio Estudo de Impacto Ambiental (EIA) "aponta para resultados severos, sendo que o efeito mais óbvio é produzido pela destruição do habitat [de várias espécies] ", causando "prejuízos na fauna e na flora".

Também o CDS questiona Governo sobre exploração de volfrâmio e estanho a dois quilómetros do Parque de Montesinho

O deputado do CDS João Gonçalves Pereira quer saber se o Ministro do Ambiente e Ação Climática está a par do projeto de extração de volfrâmio e estanho previsto para a região transfronteiriça de Bragança, a cinco quilómetros de Rio de Onor e a dois do Parque de Montesinho, e se foi estabelecido algum tipo de contacto por parte do Governo espanhol, ou de qualquer outra entidade pública, no sentido de conjuntamente ser negociado e analisado o referido projeto.

O prazo de consulta do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do projeto mineiro espanhol termina hoje.

 

Foto: trabalhos de preparação : A. SAAVEDRA

Retirado de: www.diariodetrasosmontes.com


Entrevista com o escritor A. M. Pires Cabral (Publicada em 18/08/2020 no Jornal Nordeste)

 


“Gosto da minha terra e estou profundamente ligado a ela”

“ENQUANTO TIVER VIDA E SAÚDE ESPERO NÃO DEIXAR DE ESCREVER, ESPERO MORRER COM A CANETA NA MÃO”

António Manuel Pires Cabral tem 79 anos e é natural de Chacim, concelho de Macedo de Cavaleiros. Começou a sua carreira profissional como professor, mas foi a literatura que lhe trouxe as maiores felicidades. Estreou-se em 1974 com o livro de poesia “Algures a Nordeste”, mas também se dedica aos romances, ficção e teatro. Há muitos anos que vive em Vila Real, mas é no Nordeste Transmontano que encontra a sua inspiração

Licenciou-se em Filologia Germânica e Ciências Pedagógicas e esteve a leccionar aqui na região, em Torre de Moncorvo e Bragança.

Comecei a minha vida profissional em Macedo de Cavaleiros. Nasci no concelho, em Chacim e a família vivia aqui. Frequentei aqui o colégio, na altura chamava-se Externato Trindade Coelho, que hoje já não existe. Nesse mesmo externato vim depois a ser professor quando terminei o curso em 1965. Fui convidado a ficar aqui a dar aulas e estive aqui durante três anos. Depois comece i a pensar que Macedo, na altura, era um ambiente um bocado provinciano. Eu gosto da província e sou um provinciano nato, mas parecia-me demais. Entretanto tinha casado e os filhos começaram a chegar e pensei que era preciso navegar daqui para fora. Fui para Bragança, onde estive dois anos, depois fui para o Porto onde fiz o estágio pedagógico e depois fui colocado em Vila Real. Antes ainda estive em Torre de Moncorvo a dirigir a escola Industrial e a Preparatória. A minha carreira de professor terminou em Vila Real. Quando foi no 25 de Abril, era eu director em Moncorvo, os directores foram dispensados e então eu tive que regressar à Industrial e depois nos primeiros anos deste milénio aposentei-me.

A vida encaminhou-o para Vila Real e por lá ficou. Porquê?

Vila Real teve os argumentos suficientes para me prender. Uma cidade com algum progresso, com uma universidade que, na altura, tinha sido criada e estava a dar frutos, que tinha uma vida cultural que já mexia e que me agradava. Pensei que em Vila Real estava bem e em Vila Real fiquei até hoje.

Mas podemos dizer que o amor da sua vida surgiu em 74 quando lançou o seu primeiro livro de poesia?

Se é o grande amor da minha vida não posso responder, porque felizmente sou um homem de amores, tenho muitos amores incluindo a família. A minha carreira literária começou de facto em 74 com um livro pequenino chamado “Algures a Nordeste”. “Quem pega na bussola vê/ oito direcções de mundo,/ oito métodos de estar./ O oitavo é o Nordeste”, de alguma forma este pequeno poema condensa a minha visão do que é o Nordeste e todo este sentimento de gratidão que eu tenho para com a terra que me viu nascer e me deu tudo aquilo que eu tenho espiritualmente e para a qual sinto que tenho uma dívida que vou pagando aos poucos com livros.

Vem sempre à sua terra, em regresso às origens. De que maneira é que isso o influencia na sua escrita?

Eu venho aqui porque me sinto aqui bem, mas também porque sinto necessidade de retemperar esta minha costela nordestina. Porque Vila Real já é um distrito diferente já é uma gente diferente também. De facto sinto uma necessidade, de quando em quando, de vir aqui acima beber e retemperar as minhas raízes.

O que acaba por influenciar as suas obras…

Naturalmente. Dos 60 e tal livros que já publiquei, uma boa percentagem tem por tema a realidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, mas escrevi muito pouco sobre o Douro. Eu não sou um homem do Douro. A natureza e a paisagem que me atraem e dizem alguma coisa profundamente são mesmo estas do Nordeste Transmontano.

Também lhe traz inspiração quando está aqui?

Chego-me a essa varanda (de casa) vejo a Serra de Bornes e imediatamente começo a desenvolver um poemazinho. Sinto-me sempre inspirado aqui em Trás-os-Montes, nem que sejam as nuvens do céu, dá impressão que são diferentes de Vial Real, Porto, seja de onde for.

Escreveu também prosa, teatro, ficção... como foi a experiência?

Digamos que eu sou aquilo que se costuma dizer “um homem orquestra”, um homem que faz várias coisas. A poesia não era suficiente para mim. Hoje em dia o que faço mais é poesia e gosto muito de fazer poesia. Mas houve uma fase da minha vida que senti a necessidade de variar um pouquinho. Publiquei um primeiro romance, que foi premia - do com o Prémio Circulo Leitores e daí para diante publiquei mais quatro romances, quatro ou cinco livros de contos, também tenho publicado teatro, nomeadamente uma peça que é um autêntico best seller junto dos grupos amadores de todo o país, que se chama “O Saco das Nozes”. Mas se me pergunta se o teatro me preenche da mesma maneira que me preenche a ficção ou a poesia, não preenche, é uma coisa aparte. Há outra actividade relacionada com a literatura que é a organização de antologias. Digamos que é uma actividade literária ou paraliterária que me dá tanto gosto fazer como a poesia ou a ficção.

Cada livro é especial no sentido em que cada um resulta de uma experiência própria?

Cada livro é uma entidade irrepetível, cada um tem as condições em que foi gerado, em que foi escrito. Neste momento, no cantinho de literatura, em Grijó, estou a trabalhar em poesia. Não esqueço os meus poemas, nem os arrumo num canto. Gosto de quando em quando voltar a eles e ver se me dão ou não o prazer que me deu escrevê-los.

Tem ainda outras paixões, nomeadamente a pintura e a fotografia…

Gosto de facto de pintura, mas tudo isso que eu faço, em aguarela, digamos que é um trabalho amador, o mais amador possível. Não tive qualquer preparação técnica para ser pintor, nem sou. Quanto à fotografia é também uma paixão que tenho de longa data. Tenho no computador milhares de fotografias, justamente de Trás-os-Montes, os costumes, as paisagens, as gentes, os animais, portanto a fotografia também me cativa bastante.

Estamos a falar de três artes completamente diferentes, em que as ideias são expostas de maneira completamente diferente… qual é o sentimento em cada uma delas?

Sendo realmente tipos de arte totalmente diferentes umas das outras, mas são as três coisas que me proporcionam prazer estético e isso é comum a todas. O impulso que me leva a fazê-lo é justamente a busca da beleza.

Já recebeu vários prémios, qual foi o mais especial? Já recebeu o prémio D. Dinis, entregue pelo Presidente da República, na altura Cavaco Silva…

Sim, penso que foi esse, pela projecção que esse prémio tem, que é a nível nacional. Mas também o prémio de Poesia Luís Miguel Nava, também é um prémio de expressão nacional. Felizmente, tenho recebido prémios que dizem alguma coisa a quem está actualizado nesse sentido. São prémios com peso e isso dá-me muito gosto e enche-me de algum orgulho.

A última distinção foi exactamente aqui na sua terra, em Macedo de Cavaleiros, com a Biblioteca a que dá nome.

Digamos que é uma deferência e homenagem para com a minha pessoa, que me dá muito gosto. Ter o meu nome associado a um sítio de cultura e literatura como é uma biblioteca, tem que ser sempre uma honra muito grande. É, se calhar, de todos os prémios e distinções que tenho recebido aquele que me preenche mais o ego.

Certamente que vamos encontrar lá as suas obras.

Espero que sim. Infelizmente algumas delas estão absolutamente esgotadas, mas para cima de 60 livros estão lá. Estou a juntá-los já para oferecer. É o mínimo que posso fazer.

O seu filho também é poeta…

Também é um poeta de expressão nacional. Infelizmente a vida dele é tão presa que não pode ligar tanto quanto queria à poesia. Ele é tradutor e tem que traduzir muito para ganhar a vida.

E é um orgulho para um pai ver o filho seguir as suas pisadas?

Imenso. A gente ver que algo daquilo que é nosso fruto ficou num filho é, de facto, um prazer muito grande.

O facto de ele ter assistido ao seu percurso, influenciou-o também?

Eu penso que sim, ele começou por ler as minhas coisas e suponho que tenham sido essas leituras que ele fez que foram fazendo nascer o interesse e a vontade de vir a publicar livros. Naturalmente não basta isso para ser escritor, é necessário ter um ADN que o puxe para a literatura e isso herdou-o de mim.

A escrita, para si, não acabará até ao último momento?

Bem gostaria de dizer que sim, mas estamos nas mãos de Deus como se costuma dizer. Mas enquanto tiver vida e alguma saúde espero não deixar de escrever, espero morrer com a caneta na mão ou com o computador.

Como é que vê o futuro da região?

Não o vejo muito cor-de-rosa. Esta aldeia onde estamos (Grijó) há 30 anos estava cheia de gente. Agora não tem uma escola primária. Já não há gente e se não há gente não podemos considerar que seja um futuro risonho. O livro “A Gaveta do Fundo”, que publiquei há três anos, é profundamente pessimista em relação a isso. É um livro em que se vai constatando pormenor por pormenor, como a vida está a acabar, aqui no Nordeste. Oxalá que apareça alguém ou algum fenómeno que dê a volta a isto. Eu ainda me lembro de há 30 anos Grijó estar cheio de gente, viam-se crianças a brincar na rua, gente que passava com os carros de bois, com os tractores, até com as vacas. Fervilhava de vida. Hoje não se vê nada disso.

Sente nostalgia desses tempos?

Sinto, porque eu gostaria, se fosse possível, de revivificar esta região.

O que é que falta para isso?

O que falta é criar condições. Aquilo que digo em relação a Grijó digo em relação a Macedo. Macedo em Agosto, por causa dos emigrantes, parece uma cidade. Mas se for em Dezembro, Janeiro, Fevereiro… não vê praticamente ninguém, é uma cidade praticamente morta. Tudo isto me dá uma angústia.

Quando fala na sua terra o que é que diz?

Digo que gosto da minha terra e estou profundamente ligado a ela. Em Chacim já não tenho ninguém, às vezes vou lá porque quando era adolescente passava lá férias, mas hoje em dia quando falam em Chacim diz-me relativamente pouco. Diz-me muito mais Alvites (concelho de Mirandela) que é a terra onde os meus pais estão sepultados e onde também passei férias. Aí sim tinha família, hoje ainda tenho, mas só uma pessoa ou duas. Grijó é a terra da minha mulher e adoptei-a e também gosto muito de vir a Grijó. De todas, Grijó é aquela que de longe me tem proporcionado mais inspiração para escrita. Tenho um livro de crónicas de Grijó, um dos últimos livros de prosa que publiquei tem também alguns capítulos dedicados a Grijó. Nunca Grijó foi tão falado como nos meus livros e ainda bem.

As pessoas que leiam os seus livros ficam a conhecer melhor o Nordeste?

Eu procuro de facto, de alguma forma, dar uma visão genérica do Nordeste. Quer através de poemas, tenho muitos poemas sobre o Nordeste, quer através de crónicas, quer através de romances, alguns deles passam-se aqui nesta zona, quer a publicação de um dicionário de língua popular, chamado “Língua Charra”. São dois volumes com 20 e tal mil palavras recolhidas aqui com os respectivos significados. É a recolha de linguagem popular mais completa que se fez em Trás- -os-Montes e Alto Douro.

Jornalista: Ângela Pais

Retirado de www.jornalnordeste.com 


terça-feira, 7 de julho de 2020

A dureza do mau ano (Editorial do Jornal Nordeste, 7-7-2020)


Que vida, meus caros! Maus anos sempre os houve, com sangue, suor, lágrimas, suspiros, desânimos, angústias, mas este, que já vai em pleno verão, está a revelar-se de uma dureza que sentimos agravar-se a cada dia que passa, mesmo quando tentamos abrir as janelas da esperança.
Embora saibamos que é fundamental manter a serenidade, começa a faltar o discernimento, porque se multiplicam as ameaças à saúde pública, à economia, à dignidade, aos equilíbrios sociais, aos valores que a humanidade logrou atingir, num esforço enorme de gerações sem conta, sujeitos outra vez a ficar em cacos, uma verdadeira miséria.
Naturalmente, as surpresas más, recorrentes neste calvário de quase meio ano, empurram para a prostração, que nunca nos levará a bom porto. A questão é que não deveria tratar-se de surpresas, porque as lideranças políticas tinham a obrigação irrecusável da verdade possível, cercada de incertezas, mas expressão autêntica da lealdade que merecemos.
Também se impunha clareza nas decisões e firmeza na sua aplicação, sem manobras ilusórias, porque não se trata de entreter basbaques com um número de circo patético, quase só esgares e vozearia, que não ajuda a encontrar o fio da história.
Roçou-se o ridículo quando o país mergulhou na melancolia, depois da quase euforia do bom desempenho proclamado durante a primavera, porque, afinal, vários outros países deram sinais de desconfiança, recusando entrada aos portugueses, até que os velhos amigos bretões se permitiram impor quarentena aos que por cá passassem.
Não se chegou à recuperação da versalhada da “Portuguesa” original, que nos queria a marchar contra eles, mas não faltou tudo. No entanto, também foram surgindo lusas vozes que contribuíram para repor as coisas no devido lugar.
Os defeitos que nos conhecemos não se haviam desvanecido, continuávamos desorganizados, displicentes, dissimulados, enganando-nos a nós próprios, convencidos de que os outros não perceberiam o que estava a acontecer.
Entretanto já se fizera o número das finais da liga dos campeões de futebol, verdadeiro gozo para os sisudos da Europa do norte e já não foi possível recuar na encenação pífia da reabertura das fronteiras em Badajoz e Elvas.
A indústria das praias do sul vai-se ficando por gemidos e ais e o restante sector, por todo o país, também não vê chegar as sobras que lhe calhariam, enquanto, em Lisboa, o verão se pode tornar no maior descontentamento das últimas décadas.
Quanto a nós, deste território obtuso, que também alimentávamos um engano ledo e cego de dias mais tranquilos, será melhor que nos preparemos para ter precauções com o que aí vem em Julho e Agosto, das europas ou da faixa costeira, para que a tragédia não atinja muita desta rapaziada, que já não tem idade para as festarolas da dança do vírus.
Lembremo-nos que o Alentejo, tranquilo e pachorrento, apareceu durante meses como um refúgio a ter em conta. Mas, as últimas semanas trataram de, também por lá, semear a desilusão.

Escrito por Teófilo Vaz, Diretor do Jornal Nordeste

Mais um verão sem comboio nem barco no Vale do Tua


Director do Parque Natural Regional, Artur Cascarejo, diz que a culpa do atraso do Plano de Mobilidade é do Governo


As obras no troço ferroviário entre Brunheda e Mirandela ainda não terminaram. O regresso à linha do Tua foi anunciado em 2017, mas ainda não vai ser este verão que o comboio vai apitar naquela zona. O barco rabelo também está atracado no cais da Brunheda, em Carrazeda de Ansiães. Contrariamente ao que se perspectivava, o Plano de Mobilidade do Vale do Tua está atrasado. A confirmação é dada pelo presidente da Agência Regional de Desenvolvimento do Vale do Tua. Ainda assim, João Gonçalves acredita que as obras na ferrovia estarão concluídas “em meados do próximo mês”. “É um passo muito importante para que a entidade responsável, nomeadamente o IMT, possa desinterditar a linha e prosseguirem os trabalhos necessários para o objectivo final, que é o operador estar em condições de testar material circulante na linha”, disse, sublinhando que estão num “bom caminho” para começar a operar a curto prazo.
O director do Parque Natural Regional, Artur Cascarejo, aponta as culpas dos atrasos para o Governo. Era presidente da Câmara de Alijó quando a barragem de Foz-Tua começou a ser construída. Já lá vão dez anos e diz estar farto de esperar. “Quem tem falhado nisto não somos nós, é mais uma vez a Administração Central. Espero que não falhe agora que estamos na fase final. O que falta é que o Estado licencie a operação e transfira as verbas a que se comprometeu em contratos assinados”, afirmou, salientando que está “na hora de cumprirem o que prometeram”.
O Bloco de Esquerda pronunciou-se sobre o assunto e disse não ter sido apanhado de surpresa relativamente a este atraso. O partido frisou que sempre se mostrou contra a construção da barragem e na defesa da linha e, por isso, este atraso “demonstra o quanto esta decisão foi errada”. “O rio Tua e a população merecem mais do que este empurrar com a barriga de algo que não deveria ser necessário, porque estaríamos muito melhor, neste momento, com uma linha do Tua mais forte e renovada, que satisfizesse os interesses das populações e protegesse a fauna e a flora”, lê-se em comunicado. O BE sublinhou ainda que este plano apenas servirá o turismo e quem explora os recursos, “deixando de fora as populações e os interesses locais”

Jornalista Ângela Pais