terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Feliz Ano Novo!


Tão simples!
Tão complexo!
Este ano não sei o que será.
Talvez um pequeno conto
Talvez um romance ao Deus dará

Que seja o que cada um para si desejar
Com amor, saúde e paz e um dinheirinho pra gastar...
Ou um ano de férias num país tropical

Os desejos a cada um pertencem
Cada um sabe os seus
Que se cumpram é a minha vontade

Sempre com aqueles que se amam se deve estar
Aprender a perdoar, perdoando-nos
Esquecer o que não se consegue
Reviver o melhor de 2022 sem viver no passado
O futuro é amanhã, é sempre em frente.

Feliz Ano de 2023! 

Maria Cepeda

sábado, 24 de dezembro de 2022

FELIZ NATAL! (Com saúde, paz e família.)

É Natal!
Recebemo-lo com o carinho devido ao nascimento de um bebé que há 2000 e tal anos nos acompanha, quer acreditemos ou não. 
Vivemos tempos difíceis e inseguros. Não sabemos o que acontecerá amanhã.
Apenas nos compete viver o melhor possível sem descurar os nossos deveres com quem precisa.
É Natal. 
Que todos possam estar com quem amam.

Bom Natal!



      Maria Cepeda
 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Para matar saudades de tempos que já não voltam...

Jorge Morais, Professor recém reformado, da Escola Superior de Educação, do Instituto Politécnico de Bragança, amigo de há muitos anos, enviou-nos esta belíssima fotografia do antigo Mercado da Praça Camões. 
Convém dizer que é um fotógrafo de extrema sensibilidade. Consegue sempre as melhores perspectivas, onde depressa nos localizamos e perdemos em silenciosa reflexão.
Obrigado Jorge, Continua a tirar fotografias de todos nós, de todos os lugares a que pertencemos. Pedimos-te, por favor, que faças uma exposição de algumas das tuas fotografias. 

Aqui deixamos, esperançosamente, a PRIMEIRA. 
Parabéns Jorge.

Maria e Marcolino Cepeda



   Maria Cepeda

quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

ENTREVISTA – GUARDA: TERESA MARTINS MARQUES (Esta entrevista foi-me enviada por Teresa Martins Marques, grande e querida amiga, excelente escritora, mulher com uma enorme capacidade de trabalho, pouco tempo antes do lançamento do seu último livro)



Autora de dois estudos relevantes sobre José Rodrigues Miguéis (fruto da dissertação de mestrado) e David Mourão-Ferreira (resultado de uma tese de doutoramento), um romance que perspetiva a síndrome de donjuanismo (A Mulher que Venceu Don Juan), uma biografia de Amadeu Ferreira, vários contos e múltiplos ensaios sobre grandes nomes da Literatura Portuguesa, a investigadora, conferencista e escritora Teresa Martins Marques é também uma inconformada ativista cultural. Concluiu há uns meses o mandato de Presidente do PEN Clube Português (2019-2022): eis o pretexto para conhecer um pouco mais esta personalidade com raízes na freguesia de S. Pedro do Jarmelo.

PV. - O seu percurso biográfico deixa entrever uma mulher de cultura, de ideais e de causas. Quem teve o privilégio de interagir consigo retém a imagem de uma personalidade forte, determinada, solidária, com espírito de missão, regida por um conjunto de princípios que definem as suas ações culturais e intervenções públicas.

Revê-se neste retrato sumário?

Agradeço-lhe a generosidade do retrato, mas ele favorece-me muito! Diria que tento arduamente desbravar alguns desses caminhos, mas quantas vezes me deparo com a minha incapacidade para atingir tais objectivos.

PV. – Entre 2019 e 2022, exerceu o cargo de Presidente do PEN Clube Português. Que balanço faz do mandato que concluiu recentemente?

Penso poder dizer que o balanço é bastante positivo, porque entre 2019 e 2022 a direcção a que presidi aprovou a entrada de 131 novos associados, após análise dos respectivos currículos literários. Também no plano internacional o PEN Clube Português se distinguiu celebrando o Centenário com a publicação de um volume de 630 páginas que organizei com o título OS DIAS DA PESTE (Gradiva, 2021), o qual reúne 272 autores de 58 países, que escreveram em português, inglês, espanhol e francês.

Neste conjunto de autores tive o gosto de incluir vários guardenses.

PV. – A Teresa tem presença ativa em páginas do Facebook. Partilha reflexões e artigos, lança desafios que visam a produção do conhecimento, questiona temas da sociedade atual, divulga eventos culturais, interage com quem pergunta ou comenta.

Aliás, o romance que publicou em 2014 teve a particularidade de ter sido dado a ler, nos anos 2012 e 2013, na referida rede social como uma narrativa seriada aos seus «seguidores» que, de algum modo, colaboraram, através das suas reações, na escrita do romance. Afinal, sempre há uma via possível para o bom uso das redes sociais?

As redes sociais são excelentes, se forem bem aproveitadas. Para responder com algum rigor, perguntei aos meus leitores do Facebook quais as características da minha página que mais apreciam. Aceitaram de imediato o repto e apontaram as seguintes: diversificação de conteúdos; tratamento inclusivo dos intervenientes; incentivo à pesquisa; colocação de questões que suscitam debate saudável. É este o caminho que desejo prosseguir.

PV. – Enquanto mulher apaixonada pela literatura e pelas ideias, de que lhe serve esse conhecimento no seu dia-a-dia? Ler, escrever, pensar, investigar, divulgar não serão práticas que a afastam da realidade da vida quotidiana, como se estivesse reclusa num mosteiro ou numa torre de marfim? Lida facilmente com os assuntos práticos, tais como gerir património, reclamar de um mau serviço prestado, preencher o IRS, ir ao supermercado, supervisionar a manutenção automóvel, agendar consultas médicas, executar as tarefas domésticas ou acionar um seguro?

Consegue conciliar esses dois mundos?

Considero-me uma pessoa polivalente. Sem esta característica dificilmente teria conseguido dirigir a organização do espólio de David Mourão-Ferreira, na Fundação Calouste Gulbenkian, tendo como resultado final do trabalho 33 metros de caixas, contendo milhares de documentos acondicionados, inventariados e classificados.

Durante sete anos foi necessário comer muito pó, carregar muitos quilos de papel, subindo e descendo de escadotes durante sete anos… Mais do que conciliar os dois mundos tento fundi-los, complementá-los. Deste trabalho resultou a tese de doutoramento de 800 páginas - biografia literária da obra davidiana. E tudo isto passa quase inconscientemente para a minha ficção em osmose. É à vida prática que vou buscar fonte de inspiração para o que escrevo.

PV. – Depois de uma parte significativa da sua vida dedicada ao estudo e à investigação, o que a impeliu a lançar-se na literatura de ficção? Que registos e pressupostos definem a sua voz literária?

Sempre escrevi ficção, embora a sua publicação não seja anterior a 2008. A minha “voz literária”, se é que tal existe, tenta recuperar o registo realista, criando personagens com as quais o leitor se identifica. E talvez por isso a minha escrita tem funcionado em tradução, encontrando eco nos leitores de diferentes níveis etários e sociais.

PV. – Pode explicar como encara a sua escrita de ensaísta e a sua escrita de ficcionista?

A minha escrita ensaísta decorre das necessidades académicas, mas nunca cedi ao jargão. As minhas teses - O Imaginário de Lisboa na Ficção Narrativa de José Rodrigues Miguéis e Clave de Sol – Chave de Sombra. Memória e Inquietude em David Mourão-Ferreira - foram ambas publicadas, com várias edições no caso de Miguéis, sem ter sido necessário adaptar a escrita a um público mais alargado. Entendo que a universidade tem obrigações culturais extra-muros e por isso recuso-me a escrever apenas para ser percebida pelos meus pares.

No que concerne à escrita ficcional, gosto de criar personagens populares, que interagem com outros meios, não raro criando registos humorísticos, mostrando a variedade do mundo dos nossos dias. O importante é não ceder a hermetismos pedantes, que fazem fugir os leitores a sete pés! A escrita pode ser límpida, mesmo quando os temas são duros. Gosto de mostrar as motivações, sobretudo quando desenho psicopatas e as respectivas vítimas. É para isso que serve o monólogo interior, o diário, que implicam reflexividade do sujeito. No fundo, tenho uma imensa curiosidade em eu mesma perceber e dar a perceber ao leitor os enigmas do ser humano.

PV. – Quem a segue no Facebook, sabe que a Teresa Martins Marques está a escrever – e já lá vão alguns anos de pesquisa e de preparação para atingir esse fim – um romance cujo enredo se baseia no sequestro e assassinato de Aldo Moro, em 1978, um episódio tremendo da recente história italiana: porque é que esse intelectual e político a marcou assim tanto? Que nova luz ou visão pretende trazer a este caso já sobejamente tratado por historiadores, jornalistas, escritores e realizadores de cinema?

A verdade do Caso Moro só agora começa a ser contada, 44 anos depois do crime. Os membros das Brigate Rosse contaram a “verità dicibile”, ou seja, carradas de mentiras com as quais reduziram as penas poupando os nomes dos mandantes. A Segunda Comissão Moro, cujos trabalhos decorreram entre 2014 e 2017, contribuiu para que a VERDADE começasse a surgir. Aldo Moro foi um estadista e um ser humano notabilíssimo que os corruptos do governo e da loja maçónica P2 quiseram abater, antes que fosse eleito Presidente da República, o que aconteceria com forte probabilidade, se não o tivessem assassinado. As Brigate Rosse não foram mais do que os idiotas úteis…

PV. – Passou parte da sua infância na aldeia dos Gagos, pertencente à freguesia de São Pedro do Jarmelo, e cursou o 3º ciclo de ensino na Guarda: que memórias gratas lhe ficaram desse tempo? De que é que, nesse período da sua vida, não tem saudades?