domingo, 12 de novembro de 2017

Outra perspetiva do outono




Pequena aldeia neste Nordeste profundo
vestido de outono, pouco ainda,
mas outono, seco, agreste, árido
mas cheio de amor...

Nunca aqui venho que não queira esquecer-me de ir embora.
Este silêncio, este abandono, este estar e não estar,
consumido, de poucas falas, cheio de solidão,
onde poucos insistem na luta incessante pela sobrevivência do lugar.

Fotos: Maria Cepeda
Escrito por Maria Cepeda

GEORGES DUSSAUD - "A CIDADE E AS SERRAS" - Exposição patente no Centro de Fotografia Georges Dussaud


"O acaso, que em 1980, trouxe Georges Dussaud (1934, Brou, França) a Trás-os-Montes, converter-se-ia, pela importância do lugar, na obra e nos afetos, num cíclico retorno.
Dussaud conhece bem a região que, ao longo dos últimos 37 anos, tem vindo a ser o principal corpo de trabalho da sua obra, feita de incontáveis peregrinações por lugares, tempos e contextos muito distintos.
A convite do Município de Bragança, regressa em 2016 e 2017 com o propósito de realizar, pela imagem, uma narrativa sobre a contemporaneidade deste região, sobretudo no que ela mantém de original e identitário.
O comércio, os rituais e os ofícios, os trabalhos agrícolas e o pastoreio, as artes e a cultura, são alguns dos temas aqui tratados, sublinhando, ao mesmo tempo, a concertação que ainda se mantém entre a preservação das tradições serranas e as transformações impostas pela modernidade citadina.

Curadoria Jorge da Costa"
Retirado de Agenda Cultural da Câmara Municipal de Bragança

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Parabéns Ernesto!




"Uma Bondade Perfeita", perfeitamente escrito, finalmente premiado!
Parabéns Ernesto Rodrigues por este prémio do PEN Clube Português absolutamente merecido, que tardava.
Temos muito orgulho em te ter como amigo, eu há 29 anos e o Marcolino há quase 50 anos.
Conhecemos o teu enorme talento, o teu incontestável valor e o teu trabalho incansável desde sempre. Admiramos a tua inteligência e a tua humanidade.
Parabéns amigo!

Maria e Marcolino Cepeda

"O mais recente livro de Ernesto Rodrigues (n. 1956) é dedicado à memória de Ágata (1972-2010) que para muitos refugiados do Afeganistão era chamada «Santa» Ágata «e cujo sofrimento não cabe nesta ficção» - segundo o autor. Ora a bondade perfeita para Ernesto Rodrigues é a mesma de Séneca na carta a Lucílio: «Sabes o que eu chamo ser bom: ser de uma bondade perfeita, absoluta, tal que nenhuma violência ou imposição nos possa foçar a ser maus.» Entre o Bem e o Mal, a narrativa regista «A máquina do mal estava bem oleada» para afirmar «O mal está nos homens. O ponto de partida é o Mal no Mundo tal como aparece no livro do Génesis: «O Senhor reconheceu que a maldade dos homens era grande na Terra, que todos os seus pensamentos e desejos tendiam sempre e unicamente para o mal. O Senhor arrependeu-se de ter criado o homem sobre a Terra e o seu coração sofreu amargamente». Na página 59 surge uma estratégia de vida («Aprendi em criança a não esbanjar. Não havia muito: para quê deitar fora esse pouco?») e duas perguntas na página 75: «Tem o deserto arrabaldes? Bom seria. E o sofrimento? Também não, que é um deserto maior.» Uma das personagens compara vida e literatura: «simpáticas edições de clássicos cabem num bolso, se a literatura não o distraísse das coisas mais importantes. Quanto á literatura pesada, deixá-la ficar. Dá dores de cabeça e cansa os músculos. Ser mau dá menos.» Outra personagem repete a comparação falando de jornais noutros termos: «Não folheava que a mentira macula os dedos». Logo a seguir outra ideia: «O jornalista inventa quanto pode. Distraído, não explica. Ou deixa-se levar com duas cantigas pelo grupo económico.» Tudo isto para concluir: «A história é longa- - Breve, a vida.» Portugal deixou de ser reino em 1910 mas o livro indica na página 114 «quando se finou o mais velho carrasco do reino» o que não significa que o reino aqui referido seja o português. Um país concreto surge na página 180: «Menigno prestara bons serviços aos aliados no Afeganistão antes de entrar em roda livre, com prejuízo do Ocidente.» Há nesta narrativa uma dupla inscrição: vida e ficção. Metáfora de um tempo cujas coordenadas não são as do nosso tempo pois tudo nesta narrativa oscila entre o real e o imaginado. Dito de outar maneira: esta é uma história com moral dentro do seu lastro. (Editora: Gradiva, Editor. Guilherme Valente, Capa: Armando Lopes)

Autoria e outros dados (tags, etc) por José do Carmo Francisco"


 Para recordar. (Foto - Maria Cepeda)

Ernesto Rodrigues vence prémio PEN clube com o livro "Uma Bondade Perfeita" (03/11/2017)





O escritor transmontano Ernesto Rodrigues foi distinguido com o prémio PEN Clube. O autor natural de Torre de Dona Chama, no concelho de Mirandela, venceu na categoria de narrativa o prémio pelo livro “Uma Bondade Perfeita”.
A distinção foi uma decisão por maioria tomada pelo júri, do qual fizeram parte Teresa Salema, Francisco Belard e Helena Barbas e apanhou de surpresa Ernesto Rodrigues, que nem sabia que o livro tinha sido candidatado ao prémio.
“Recebi com grande emoção, não esperava porque dei a indicação na editora para não concorre a prémios literários o que veio cumprindo nos últimos anos e para surpresa minha candidatou-me a este prémio, foi de facto uma surpresa, felizmente desta vez a minha editora desobedeceu e candidatou-me”, frisou.
As características peculiares da narrativa, a história actual sobre refugiados, bem como a linguagem foram os motivos para a distinção deste livro editado em 2016:
Os prémios PEN Clube Português têm o apoio da Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas e são entregues no dia 21 de Novembro na Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), em Lisboa.
O poeta Fernando Pinto do Amaral, com “Manual de Cardiologia”, venceu a categoria de poesia e “A Situação e a Substância: cinco ensaios sobre a ficção de Virginia Woolf e de Maria Velho da Costa” valeram a Rui Miguel Mesquita o prémio na categoria de Ensaio.

Escrito por Brigantia.
Retirado de: www.brigantia.pt