terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Mudar o destino (Editorial do Jornal Nordeste, de 29-12-2020) (Quis o destino que fosse este o seu último editorial)

 

Não foi o destino que nos trouxe até à condição a que chegámos no Nordeste Transmontano. Foram nove séculos de história que não podemos reescrever, mas que devíamos observar com serenidade, para descortinar as razões profundas das dificuldades que nos tolhem o futuro: actividades económicas com peso diminuto, insignificância política e agonia demográfica, a alimentar um círculo vicioso que ameaça tornar-se uma espiral desgraçada, um turbilhão que não poupará sequer a memória. Estaríamos então no inferno absoluto.

A história do reino de Portugal, hoje república de uma nação que tem dado provas de resistir às surpresas que o tempo tece, condicionou o devir destas terras e destas gentes, para o bem e para o mal. Durante muito tempo não se pressentiu que a tragédia se insinuava, porque as fronteiras não surgiam eriçadas, os fluxos humanos e materiais não estavam barrados por proteccionismos decididos por poderes centrais que, deliberadamente ou não, em nome do sucesso nacional, criaram condições objectivas para que extensões amplas do território conhecessem ameaças difusas à sua viabilidade.

Os séculos de oitocentos e novecentos tornaram evidentes as consequências da sobrevalorização do imediatismo que, pelos vistos, pode comprometer irremediavelmente a viabilidade de uma economia, de regiões inteiras, de um país, talvez até de um continente.

Então já fôramos envolvidos pelas malhas tecidas por outros impérios, que nos impuseram dependências e nos tornaram simples instrumentos dos seus objectivos utilitários, desapiedados das misérias que marcavam a vida de gerações inteiras, num mapa crescente da desgraça. O alívio estava sempre prometido noutros lugares, brasis, áfricas, franças e araganças ou, pelo menos, na feira lisboeta de vaidades.

Pouco ou nada foi feito, décadas e décadas, pelas lideranças nacionais, na monarquia constitucional, na breve república e no longo Estado Novo, com a excepção heróica do grande projecto de Camilo de Mendonça para a agroindústria no distrito de Bragança, que morreu às mãos das febres infantis do novo regime democrático, que não tem dado mostras de recuperação do sentido de responsabilidade na gestão do território, das oportunidades económicas, da equidade na relação com os cidadãos, nem de capacidade para conceber uma estratégia de desenvolvimento global e equilibrado do país.

A condição de interioridade, em vez de estar delimitada, alastra continuamente, e qualquer dia 90% do país será constituído por arrabaldes esconsos de um longo areal, também ele sem futuro. O desinvestimento agressivo das últimas décadas anulou muitos esforços, aniquilou esperanças, instalou o desânimo. No entanto, nem todos desistimos ainda, apesar da tempestade histórica perfeita, que pode varrer a vida e a coragem que ainda restam.

 

Escrito por Teófilo Vaz, Diretor do Jornal Nordeste

Retirado de www.jornalnordeste.com

Até sempre Amigo


Faleceu hoje, um amigo de todas as horas. Ainda me custa acreditar que esta notícia possa ser verdadeira. Nada me convence da sua definitiva ausência. Sei que, infelizmente, os dias que se seguem confirmarão a evidência do seu desaparecimento desta existência terrena. 

É difícil, Teófilo, não mais responder às tuas provocações. Não mais ouvir a tua análise rigorosa e lúcida. Não voltar a rir das tuas histórias...

Conhecemo-nos há décadas e, durante todos esses anos, desenvolvemos muitos projetos em prol do desenvolvimento cultural da nossa cidade.  

Acompanhei a tua vida familiar, o nascimento dos teus filhos (em plena Praça da Sé, a tua alegria a anunciar o nascimento do teu filho e, anos mais tarde, o teu embevecimento pelo nascimento das tuas meninas) e o teu desempenho enquanto pai. A tua dedicação, a tua alegria com as suas vitórias. O teu saudável orgulho com as etapas vencidas... 

A tua entrega ao trabalho. O teu gosto em ser professor. O teu profissionalismo...

Mas o que mais recordarei de ti será a tua amizade que nunca me desiludiu. 

Até sempre amigo.


Marcolino Cepeda 

FALECEU TEÓFILO VAZ DIRECTOR DE INFORMAÇÃO DO JORNAL NORDESTE E RÁDIO BRIGANTIA



Ter, 29/12/2020 - 09:50


Faleceu, esta madrugada, o diretor de informação do Jornal Nordeste e da Rádio Brigantia.

Teófilo Vaz tinha 65 anos e acabou por morrer, esta noite, vítima de enfarte. Era professor de História e presidente do Conselho Geral na Escola Secundária Emídio Garcia, em Bragança. Foi membro da Assembleia Municipal e candidato à câmara de Bragança como independente pelo CDS. Desde cedo revelou uma grande capacidade de intervenção cívica, fundamentalmente ligada ao jornalismo e à política. Era diretor de informação do Jornal Nordeste e Rádio Brigantia desde 2015. O funeral acontecerá amanhã.


Jornalista: 
Ângela Pais

Retirado de www.jornalnordeste.com