domingo, 29 de outubro de 2017

Outono em Bragança









Em toda a sua diversidade!
Em todo o seu esplendor!
Quanta cor, senhor, quanta cor,
nesta primavera já velha!
Neste outono estival.

Maria Cepeda (Fotos e texto)

Praça Camões, em Bragança

Duas perspetivas da Praça Camões, onde antes se encontrava o Mercado Municipal.



Sinto falta do velhinho Mercado Municipal e do seu bulício.
As recordações que tenho são muitas. Umas divertidíssimas, outras nem por isso. Pequenas zangas e alaridos; invejas saudáveis, disputas renhidas...
Era uma grande família transmontana!

Marcolino Cepeda
Fotos: Maria Cepeda    

Cadastro florestal simplificado avança e Alfândega da Fé integra projecto-piloto (25-10-2017)



Foi uma das medidas aprovadas pelo Governo no Conselho de Ministros extraordinário deste sábado.
Alfândega da Fé é um dos 10 concelhos que integra o projecto-piloto que vai fazer o cadastro simplificado das terras nacionais. A 1 de Novembro arranca o projecto-piloto tendo o decreto sido apresentado este sábado no Conselho de Ministros.
O sistema de informação cadastral simplificada avança para já de forma experimental, até final de 2018, nos municípios de Alfândega da Fé, Pedrógão Grande, Castanheira de Pêra, Figueiró dos Vinhos, Góis, Pampilhosa da Serra, Penela, Sertã, Caminha e Proença-a-Nova.
O objectivo é perceber a quem pertencem de facto extensas áreas de terreno florestal e para isso o Governo pretende criar um sistema de informação cadastral simplificada que permita a imediata identificação da estrutura fundiária e da titularidade dos prédios rústicos e mistos, e cria para esse processo o Balcão Único do Prédio.
A lei aprovada a 19 de Julho é uma das que integra a chamada reforma florestal que o Parlamento despachou, depois da tragédia de Pedrógão Grande e que foi complementada com as medidas que apresentadas na reunião extraordinária do Governo, de dia 21, para discutir o sistema de protecção civil e de defesa da floresta, na sequência das recomendações e conclusões da Comissão Técnica Independente, que produziu o relatório sobre os incêndios de Pedrógão Grande.
Entre estas medidas, está também o desenvolvimento de projectos de prevenção estrutural contra incêndios e de restauro em cinco áreas protegidas do território nacional, nos Parques do Douro Internacional e de Montesinho, bem como do Tejo Internacional, na Reserva Natural da Serra da Malcata e no Monumento Natural das Portas de Ródão. Os projectos, concretizados em estreita articulação com as autarquias, compreendem acções para a protecção de habitats e espécies, para a prevenção e vigilância contra incêndios e para a reabilitação de infra-estruturas existentes.
O Governo aprovou ainda, no âmbito da promoção da resiliência do território e das infra-estruturas, um Plano Nacional para a promoção de bio-refinarias, que espera possa “contribui para reforçar a aposta de Portugal na valorização das diversas fontes de energia renováveis, nomeadamente através da utilização sustentável de diferentes tipos de biomassa endógena” e que seja capaz de “utilizar os resíduos que resultam da limpeza das florestas portuguesas”, determinou a contratação de 500 sapadores florestais, ou seja, 100 novas equipas e de 50 vigilantes da natureza; autorizou a realização de despesa, pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, para a celebração de contratos de aquisição de serviços para instalação de redes de defesa da floresta contra incêndios e aprovou ainda um plano de actuação para a limpeza das bermas e faixas de gestão de combustível das estradas e rede ferroviária.

Escrito por: Jornalista Olga Telo Cordeiro

Da vergonha à recuperação da honra na política (24/10/2017 Editorial do Jornal Nordeste)




Salazar chegou ao poder cavalgando o medo da desordem, da incúria, da corrupção e do correlativo desastre orçamental, aparecendo como salvador da honra e garante da dignidade do país a que impôs, com a conivência de interesses político-económicos retrógrados, décadas de apagada e vil tristeza.
Pode parecer obtuso vir agora com esta memória para o tempo dito radioso do século de todas as promessas de harmonia e felicidade, a revelar-se fonte de misérias e horrores que quase nos deixam sem esperança em amanhãs nenhuns, no mundo todo e neste jardim de cinzas a meter medo ao próprio oceano. Mas não é, porque não se repetindo a história, a verdade é que os humanos têm uma propensão mórbida para recalcitrar, cada um e as comunidades com eles, numa vertigem de hedonismo que desdenha da ponderação e do bom senso que a experiência aconselha.
Com nove séculos de história a contemplar-nos, vemo-nos enredados em vergonhas que desanimam os entusiastas da democracia e ajudam ao crescimento do desleixo, até que inevitáveis tragédias tragam a dor imensa da negação de qualquer dignidade à nossa passagem por este mundo.
É penoso assistir quotidianamente à expressão da cupidez insana, mas arrogante, de quem chegou a conduzir os destinos do país, mas encarou a função como uma criança caprichosa, sem tino nem horizonte, qual narciso deleitado num pântano de podridão.
Ouvíramos falar de Calígula e de Nero em tempos longínquos, mas o seu poder não era propriamente resultante de processos democráticos. Não reconhecíamos como possível tal erupção sulfurosa nos dias das nossas vidas.
No entanto, a realidade parece não querer dar-nos razão. De qualquer modo, só teremos duas escolhas: a resignação ou o aprofundamento da cidadania, contribuindo para a elevação ética e moral das próximas gerações, que precisam de atenção aguda, mas serena, aos movimentos na realidade política, para não se deixarem enrodilhar em iniquidades que podem reconduzir-nos à miserável condição de bestas.
Se assim fosse, abrir-se-iam as portas ao surgimento de novíssimos redentores, vindos dos infernos, para acabar de vez com a obra imensa que tem sido o percurso civilizacional. A vida democrática comporta riscos que não se podem ignorar, mas também nos tem dado grandes alegrias, com todos os efeitos na dignidade, na construção do conhecimento, nos avanços técnicos e científicos que nos entusiasmam todos os dias.
Valerá a pena olhar para o outro lado da política, onde poderão surgir protagonistas em condições de apaziguar esta moinha que nos rói a alma e nos faz ficar de braços caídos de desilusão. Enquanto deixarmos que as decisões nos passem ao lado, não pedindo contas aos que elegemos e aceitarmos os ditames da obscuridade dos bastidores, estaremos a contribuir para a nossa própria desgraça.
Não é razoável queixarmo-nos das vergonhas da política, porque os políticos estão lá porque nós consentimos, só se mantêm se quisermos e só serão malevolentes se nós formos parvos.

Escrito por Teófilo Vaz, Diretor do Jornal Nordeste
Retirado de www.jornalnordeste.com

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

João Machado em exposição no Museu Nadir Afonso (Lusa em Qua, 25/10/2017)

Exposição “Arte da Cor, composta por cartazes e desenhos



O Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, em Chaves, inaugura, a 28 de outubro, a exposição “Arte da Cor”, composta por cartazes e desenhos da autoria do designer João Machado, um dos profissionais portugueses mais premiados internacionalmente.
Comissariada por António Augusto Joel, a mostra fica em exibição até dia 08 de abril de 2018, anunciou hoje o espaço museológico, em comunicado enviado à agência Lusa.
Os mais de 150 cartazes reunidos para a exposição documentam, entre outras, a contribuição do artista para a definição da identidade da Associação Industrial Portuense, durante a década de 1980, a consolidação da imagem do Cinanima, ao longo de 40 anos, a ligação do autor a causas ecológicas e ambientais e o gradual estabelecimento de uma carreira internacional, distinguida por diferentes instituições na Europa e nos Estados Unidos, ligadas ao design e à ilustração.
Alguns dos motivos destes cartazes serviram ainda como veia orientadora para a criação experimental de peças tridimensionais que procuram explorar as fronteiras entre a obra efémera, o cartaz e a escultura, como destaca a apresentação da mostra.
A exposição apresenta ainda desenhos originais, feitos com tinta-da-China e que, durante a década de 1980, foram reproduzidos em diferentes obras de literatura infantil, bem como desenhos de caráter satírico e iconoclasta.
Muitas das esculturas abstratas, que João Machado fez, evidenciam a contemporaneidade da sua criação escultórica, uma plena sintonia com os movimentos artísticos internacionais e uma interligação com a sua posterior produção 'cartazística', segundo o museu.
Nascido em Coimbra, em 1942, João Machado licenciou-se em Escultura na Escola Superior de Belas Artes do Porto, onde também veio a ser professor de Desenho Gráfico.
Participa, desde 1983, em exposições coletivas e individuais que lhe trouxeram vários prémios nacionais e internacionais, destacando-se o Prémio de Excelência Icograda, em 1999, e a nomeação de Graphis Design Master.
Também recebeu o Prémio Nacional Gulbenkian para a melhor Ilustração de Livros para a Infância, o 1.º Prémio Nacional de Design, em 1989, e os prémios das bienais de Munique e de Leipzig, na Alemanha. Em Denver, nos EUA, em 1999, foi-lhe atribuído o 1.º Prémio para o Logo Film Commission, da Association of Film Commissioners International e, no Reino Unido, teve o prémio European Design Annual.
Ao longo da carreira, expôs em instituições como o Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, a Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, o Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, o Museu Brasileiro da Escultura, em S. Paulo, e o Memorial da Cidade, em Curitiba, Brasil, o Lincoln Center, no Colorado, EUA, e participou nos Dias da Cultura Portuguesa, em Frankfurt, Alemanha, entre outras iniciativas.
Autor de uma vasta obra, a sua paixão pelo cartaz é notória, constituindo a sua peça de eleição, mas revela-se igualmente no design editorial, nas áreas da ilustração e da filatelia.
João Machado é o autor exclusivo dos cartazes do Cinanima - Festival Internacional do Cinema de Animação, desde a sua criação em 1977.

Investigador de Bragança diz que queimadas são contingentes à agricultura (Lusa em Ter, 24/10/2017)




As queimadas são uma prática contingente à existência da agricultura que exige uma relação mais próxima com agricultores para prevenção no uso daquele que é o único recurso de limpeza, em alguns casos, preconiza um investigador de Bragança.
Manuel Ângelo Rodrigues é professor/investigador da Escola Superior Agrária de Bragança e conhecedor da realidade das queimadas usadas no outono e na primavera para limpar os campos de matos e restos de colheitas.
Para este investigador, “tem de haver uma preocupação especial das autoridades que gerem o problema dos incêndios com aquilo que é o meio rural, ter veículos de informação que façam chegar a informação aos agricultores”.
“As autoridades que gerem o território e, nesta caso concreto os incêndios, admitindo que a negligência por parte de agricultores pode ser uma causa de incêndios, é óbvio que eles [autoridades e agricutores] têm de estar intimamente ligados”, defendeu em entrevista à Lusa.
O fogo estará sempre presente nas práticas agrícolas, como explicou, concretamente para eliminar o resultado da limpeza do mato que se acumula junto a pequenas hortas típicas da agricultura de subsistência mais praticada a norte do rio Tejo.
“As pessoas têm sempre pequenas hortas para obter produtos familiares e essas hortas normalmente têm zonas cultivadas, mas confinam com locais onde se desenvolvem matos, silvas, vegetação mais alta. E o que acontece é que elas não podem permitir que os campos sejam invadidos por esse material”, explicou.
Essas bermas dos prédios agrícolas, das hortas, "têm de ser cortadas, têm de ser higienizadas, têm de ser limpas e esse material não tem destino coerente” porque não pode ser aproveitado para lenha para a lareira ou qualquer outro fim.
“A tendência mais lógica é fazer uma pequena pilha e chegar-lhe fogo e isto aparentemente não seria uma coisa muito má até porque não há outros sistemas para esse recurso. O problema é que eles deviam estar é conscientes que deviam ter algum cuidado para não haver incêndios”, afirmou.
Na opinião de Manuel Ângelo Rodrigues, a questão que se coloca é “como fazer chegar a informação a uma população que habita os meios rurais, provavelmente vê pouca televisão e menos ainda outros órgãos de comunicação social”.
“Este tipo de pessoas não estará recetiva a ouvir falar um investigador, não seria uma comunicação mais técnica, mais elaborada que teria efeito, teria que ser uma informação mais local, de uma entidade local, um presidente de junta, uma associação que de alguma forma tenha um contacto mais próximo e com uma linguagem mais simples, mais imediata”, apontou.
Segundo o investigador há ainda outro tipo de queimada agrícola que serve de preparação dos terrenos para as sementeiras, nomeadamente de searas, campos de trigo, arroz, milho, e que são feitas nesta altura do ano, no outono.
Os agricultores queimam os restolhos para facilitar a mobilização do solo (lavra) e a germinação das sementes.
Uma teoria contestada pela comunidade científica que contra-argumenta que, a queimada "tem um aspeto muito nocivo e muito negativo, de uma maneira geral, na fertilidade do solo”.
Faltam os estrumes naturais dos animais nos campos e a ciência defende que “os resíduos das culturas, os restolhos das plantas (são) matéria orgânica fundamental para o solo, ou seja, a palha do trigo, do arroz ou do milho, se for incorporada no solo é uma fonte de matéria orgânica muito importante e é fundamental para melhorar a fertilidade do solo”.
Além disso, explicou o investigador, o próprio restolho cria “um coberto vegetal que de alguma forma também é benéfico, sobretudo porque controla a erosão do solo”, considerada “o maior problema ambiental da bacia mediterrânica”.
As ajudas da União Europeia tentam travar esta prática, na medida em que para receberem os subsídios das medidas agroambientais, inclusive com uma majoração, os agricultores estão proibidos de queimar os restolhos.
Há contudo algumas exceções, já que, segundo ainda o investigador, “nalguns contextos destruir pela queima os restolhos é a única forma, ou pelo menos tem sido vista nalguns casos assim, mais lógica, mais simples de eliminar problemas sanitários como as pragas”.

Retirado de www.diariodetrasosmontes.com