terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Já foi nomeado o grupo de monjas que vai abrir o mosteiro em Palaçoulo


Foi hoje conhecida a nomeação do grupo de dez monjas trapistas que vão ficar instaladas no mosteiro trapista de Santa Maria Mãe da Igreja que vai ser construído em Palaçoulo, Miranda do Douro.
Numa primeira fase são dez as religiosas escolhidas para a equipa fundadora. São provenientes do Mosteiro de Vitorchiano, em Itália, sendo que as funções de Superiora serão assumidas pela Ir. Giusy.
"É uma feliz notícia", destacou D. José Cordeiro, que enalteceu a "feliz coincidência" de o anúncio surgir precisamente no primeiro dia da Semana do Consagrado.
O grupo já iniciou formação em língua portuguesa e da história da Igreja em Portugal.
A bênção da primeira pedra deste mosteiro está prevista, de acordo com D. José Cordeiro, "para o mês de maio", o mais tardar.
O “Mosteiro Trapista de Santa Maria, Mãe da Igreja” surge do Mosteiro de Vitorchiano (Itália), pertencendo à Ordem Cisterciense da Estrita Observância (OCSO) também conhecida como “Trapista”, e fundada em 1098. É um Instituto de Vida Consagrada de Direito Pontifício, formado por Mosteiros de Monjas e de Monges.
Será o primeiro mosteiro a instalar-se em Portugal desde há vários séculos.
Terá capacidade para 40 monjas e é orientado para a contemplação e culto divino, dentro do recinto, seguindo a regra de São Bento.

Escrito por: AGR/SDCS

Retirado de www.mdb.pt

QUEM CABRAS NÃO TEM (EVITE MATAR A GALINHA)



O título desta minha crónica parece ser um nonsense, contudo há uma lógica para o mesmo que a seguir demonstrarei. O provérbio “quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado lhe vem” ficou famoso como justificação de uma decisão judicial no processo Sócrates, no caso, se a memória não me atraiçoa, para a manutenção da prisão preventiva em Évora. Não havendo naquela data provas sobre a sua culpa, havia, segundo o ministério público, indícios suficientes, que sustentavam a sua tese. Contudo, essa “regra” de tempos idos, começa a perder razão e força, nos tempos modernos. Em crónica recente dei conta que quem mais alojamentos “vende” na internet é a AirBnB que não tem nenhuma casa. E é a Uber, que não tem nenhum carro, quem mais fatura no serviço de transporte individual. Poderia citar outros exemplos mas o que hoje importa referir é o caso da energia em que esta situação é ainda mais evidente e peculiar. Há, inclusivamente um novo termo para caracterizar o novo cliente energético: o prosumer. O vocábulo, de origem britânica junta os dois conceitos de produtor (prodicer) e consumidor (consumer). A atual tecnologia permite inclusivamente que seja possível vender energia, sem a produzir. Vejamos como:
Tomemos para exemplo um cliente de energia igualmente que seja também possuidor de um carro elétrico. Estas viaturas atualmente têm baterias que lhes permitem armazenar energia para viagens de distâncias consideráveis! Ora, como é sabido, a viatura particular é, no dia a dia, usada, essencialmente para ir até ao trabalho e regressar. Seguramente usará muito menos que um quarto da energia acumulada na ida e outro tanto no regresso, deixando assim disponível mais de meio depósito... que o feliz contemplado poder vender à empresa onde trabalha. E o que ganharia ele com isso? Ganha ele e a empresa. E todos nós!
A energia elétrica tem preços diferentes segundo as várias horas do dia. É mais barata à noite, mais cara durante o dia e ainda mais durante o período do meio dia que é quando há mais consumo. É mais cara porque a procura é maior e isso chegaria. Mas não só. A produção de base de energia está ajustada ao consumo médio. Os picos de procura são satisfeitos com importação, por um lado, e, por outro, recorrendo a centrais térmicas que usando hidrocarbonetos, produzem energia com um custo mais elevado e com muito maior poluição, libertando várias toneladas de CO2. Como a carga dos carros elétricos se faz durante a noite, quando a energia é barata, é possível entregá-la na hora de ponta a um valor mais elevado e, mesmo assim, menor que o cobrado pelas operadoras energéticas. Todos ganham e o ambiente também!
Vamos agora à galinha que, obviamente, se refere a outro refrão popular, nomeadamente a dos ovos de ouro. E porquê? Porque este novo negócio (em que já há várias empresas a iniciar a exploração) baseia-se na realidade de que a há uma diferença de preço por causa das exigências de consumo. A exploração desse diferencial vem, precisamente, diminuir essa diferença. Em última análise se este negócio for muito bem sucedido e toda a necessidade de energia adicional for compensada por energia armazenada a baixo custo... deixa de fazer sentido pagá-la mais cara pois a situação passa a ser uniforme. Ou seja, quanto maior for o sucesso deste novo negócio, maior é a ameaça que sobre ele paira!
Mas o caminho é esse. Um caminho estreito, pois necessita de um elevado grau de equilíbrio: tal como a galinha que, enquanto enriquecia o seu dono, tinha de recear pela sua vida por causa da possível ganância do mesmo.

Autoria de José Mário Leite

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

VEIGUINHAS SALVOU BRAGANÇA DA SECA MAS O CONCELHO JÁ VOLTOU ÀS RESERVAS DE SERRA SERRADA


Barragem de Veiguinhas já está com a sua capacidade máxima e Bragança já voltou a consumir água da Barragem de Serra Serrada.
Depois de um verão difícil devido à seca extrema, já foi restabelecida a normalidade no abastecimento de água a Bragança. 
No mês de Outubro, o concelho brigantino esgotou as reservas da barragem de Serra Serrada e, juntamente com Vimioso, teve de recorrer à barragem de Veiguinhas para o seu abastecimento. Agora o autarca, Hernâni Dias, garantiu, na semana passada, ao Jornal Nordeste que já voltou tudo ao normal.
 “Neste momento, a cidade de Bragança está a ser abastecida com água da barragem da Serra Serrada, depois destas últimas chuvas e com a neve que entretanto caiu a barragem ficou a 70% da sua capacidade, o que nos permite perfeitamente estar  a abastecer a cidade”, adiantou.
Entretanto, com o regresso da chuva e também do consumo às reservas de Serra Serrada, Veiguinhas está já com a sua capacidade máxima. “A Barragem de Veiguinhas está neste momento com a capacidade máxima, completamente cheia, mas é a situação prevista, aquela barragem servir quando já não houver água em Serra Serrada, que está neste momento com cerca de 70% da sua capacidade total”, esclareceu.
Ainda assim o presidente da câmara de Bragança acrescenta que a situação “ideal é que não haja necessidade de se recorrer a Veiguinhas”.
Hernâni Dias a garante que, por enquanto, acabaram-se as preocupações com o abastecimento de água às populações do concelho de Bragança, depois de um Verão difícil devido à seca extrema. Ainda assim recomenda-se cautela nos consumos. 

Em Vimioso também “já está tudo controlado”

Também em Vimioso a situação da falta de água, assim como da qualidade da pouca que havia, foi uma preocupação constante durante grande parte do ano 2017, mas o presidente da câmara, Jorge Fidalgo, garantiu que “desde Novembro que a situação já está controlada e que Vimioso deixou de transportar água.”
Ao Jornal Nordeste o autarca vimiosense disse ainda que já foram limpos os açudes do Rio Maçãs, que servem Argozelo, Carção, Santulhão e Matela. 
Em relação aos projectos para o alteamento dos açudes do Rio Maçãs, o município aguarda o parecer da Agência Portuguesa do Ambiente. A todo momento e “na esperança de que sejam favoráveis” Vimioso aguarda ainda por um último parecer para o alteamento de um açude do rio Angueira. 

Escrito por: Jornalista Débora Lopes
Retirado de www.jornalnordeste.com

FUNDO AMBIENTAL DESTINA 270 MIL EUROS PARA A RETIRADA DO LIXO DO CACHÃO


O Fundo Ambiental destina para a operação de retirada dos resíduos do Cachão uma verba de 270 mil euros.
São cerca de 40 mil as toneladas de plástico queimado que estão armazenadas no complexo agro-industrial do Cachão e que foram resultado de dois grandes incêndios em 2013 e 2016. Desde essa altura que a luta dos moradores e dos municípios pela retirada dos resíduos tóxicos tem sido mantida e há alguns meses começou aos poucos a remover-se o entulho. 
Esta notícia da atribuição de 270 mil euros para o processo chegou num despacho do ministério do ambiente, emitido na semana passada, que declara quais as intervenções projectadas no âmbito de apoio do Fundo Ambiental e qual o valor destinado a cada uma. 
Agora a AIN vai ter de estabelecer um protocolo com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte para apresentar uma nova candidatura ao Fundo Ambiental e em declarações à Rádio Terra Quente a presidente da câmara de Mirandela disse acreditar que a operação de retirada dos resíduos comece ainda antes do final do primeiro trimestre 2018.

Escrito por: Jornalista Débora Lopes
Retirado de www.jornalnordeste.com

QUE VIDA BOA É A DE LISBOA (Editorial do Jornal Nordeste de 23/01/2018)

A capital da república, que já foi do reino e do quase império, vive dias de júbilo, com os negócios do imobiliário a alimentar patos bravos, moedas a tilintar por todo o lado, um aeroporto congestionado a conhecer um upgrade na consideração da aviação internacional e o Terreiro do Paço a tornar-se o farol da gestão financeira pós-moderna.
Por vezes quase somos levados a sentir aquele frémito que perpassou algumas gerações de há um século, que quiseram acreditar num destino que nos colocaria no olimpo da história, ou o orgulho serôdio de glórias passadas, de que é exemplo memorável a fulgurante embaixada a Roma, com que o rei venturoso embasbacou a cristandade no princípio do século XVI. O pior é que, desses sonhos, caímos rapidamente no pesadelo que foram quarenta e oito anos de apagada e vil tristeza, enquanto outros rasgavam horizontes de liberdade e prosperidade.
O país tem vivido nestes quase nove séculos em verdadeira bipolaridade, embarcando em euforias estonteantes a que se seguem longos períodos depressivos, desanimados, rendidos à miseranda desilusão.
A capital não conheceu destino diferente, apesar dos arrufos de pretensão que lhe vão povoando o tempo, muitas vezes com efeitos gravosos para o resto do território e das gentes.Lisboa não tem sido capaz de assumir a condição de cabeça da república, reincidindo em condutas que de nada servem para que o país mude de rumo. O que sentimos é que a voracidade da capital não tem forma de saciar-se e o país continua a sustentar verdadeiros caprichos dos que, por lá, atingem o desiderato tosco de se sentirem importantes para além das berças, donde partiram ao cheiro não da mirífica canela, mas de essências espúrias que o videirismo cultiva.
De facto, quem vive na capital usufrui de verdadeiros privilégios relativamente à generalidade dos restantes portugueses. Vejam-se as redes de transportes, subsidiadas por todos nós, com frequências que deixariam sem fala qualquer transmontano que possa conceber e esperar alguma liberdade de movimentos. Ele é a Carris, o Metro, os barcos nas travessias do Tejo, a grelha de auto-estradas, tudo partilhado, nos custos, com os desgraçados que deixaram de ver passar os comboios ou os autocarros de carreira, que já nem conhecem a cor dos táxis e também já não têm burros para montar a caminho do médico, dos correios, das finanças, da farmácia, do café… da vidinha mais simples.
Como se isto não bastasse, desde há algum tempo, à malta de Lisboa foi garantido um direito especialmente discriminatório dos restantes. Para entrar no castelo de S. Jorge, monumento nacional, toda a gente paga, menos os que residem no município capital. Não se vislumbra justificação para tal diferença, já que a conservação de tão simbólico espaço edificado é responsabilidade de todos os portugueses.
Os privilegiados lisboetas, que têm comodidades especiais, acesso a serviços como ninguém, ainda se reservam o direito ao abuso, provavelmente exibindo sorriso escarninho do rufia, que se gaba de enrolar os pategos.
Mais um exemplo do desprezo pelo país que a velha capital faz gala em ostentar.

Escrito por Teófilo Vaz, Diretor do Jornal Nordeste
Retirado de www.jornalnordeste.com

QUE SERÁ DE MIM?

Se as coisas acontecem, porque sim,
Que será de mim?

Que será de ti,
Se a manhã entristece?
Se o dia anoitece?
Se a aurora amanhece?
Se chove enfim?
Se não canta o bem-te-vi?
Se a noite dói?
Se grita e destrói?

Que será de nós, porque não,

Se tudo acontece no meu coração?

Poema de Maria Cepeda
Livro "Flor Azul"

POEMA II

Manhã sombria
vestida de gelo
sem ondas de trigo
de punhos caídos.

Onde está a força?

Que rasga o gelo
dá vento ao trigo
faz sol na manhã
levanta o punho e grita?!

Onde está a força?

Que me fará os campos
a manhã
que me dará alento
e gritarei!

A minha força sou eu!!



























Poema de Marcolino Cepeda
Retirado do livro "Tempo de Silêncio"
Publicado em 2003
Fotografia de Jorge Morais

“EM BRAGANÇA A QUALIDADE DE VIDA É MUITO SUPERIOR, HÁ MUITO MAIS PAZ, O NOSSO HORIZONTE NÃO SÃO PRÉDIOS MAS SIM MONTES, NUNCA PODEMOS TER ESSA SENSAÇÃO EM LISBOA!”


São jovens. São “alfacinhas”. E decidiram recentemente trocar o alvoroço da capital pela serenidade de Bragança. A Madalena e o Vítor, têm 23 anos, e andam à descoberta das terras transmontanas. O Jornal Nordeste esteve à conversa com eles para saber como está a correr esta sua aventura no Reino Maravilhoso.

Débora Lopes

Numa altura em que muitos jovens transmontanos estão a fugir para o litoral, à procura de oportunidades, o que é que leva dois lisboetas a trocar a capital por Bragança?
Madalena – O Vítor veio estudar para Bragança, tirar o curso de treinador de futebol e eu basicamente vim à aventura, ver o que é que Bragança tinha para me oferecer e aqui estou.

Vítor quando chegaste cá ficaste de alguma forma surpreendido com o que encontraste?
Fiquei um bocadinho surpreendido. Acho que as pessoas de Lisboa têm um bocado a ideia de que Bragança é um pouco mais aldeia e não tem nada a ver. Alguns amigos (de Lisboa) que fomos convidando e têm vindo cá, têm um bocadinho a ideia de que vão chegar cá, vão ver meia dúzia de casas e acabou mas, de facto, não é assim. Bragança é maior do que isso e mais desenvolvido do que às vezes se pensa por lá. No caminho que fazemos para cá vemos que o norte está bastante desenvolvido e cidades que vamos vendo pelo caminho, como Vila Real, são bastante grandes.

Vocês não conheciam mesmo nada nesta região?
M/V – Nada mesmo. Aliás, tinha a possibilidade de fazer o curso em Faro ou em Bragança e como já conhecíamos bem o sul decidimos aventurar-nos pelo norte e foi essa uma das razões que nos fez vir para cá.

E quais são as principais diferenças que vocês notaram?
Madalena – A principal diferença é logo o tempo, porque aqui faz mesmo muito frio, não tem nada a ver com Lisboa. Quando vamos a Lisboa nos fins-de-semana ou nas férias, lá estamos de t-shirt e aqui temos mais cinco camadas de roupa em cima. Em relação à comida a diferença também é grande. Adoramos comer aqui, é mesmo muito bom. As pessoas também são muito mais calorosas do que em Lisboa, são muito mais simpáticas e acolheram-nos bastante bem e falam-nos na rua, uma coisa que não acontece lá. 
Vítor – Por exemplo, quando nós chegámos e íamos descobrindo e vendo que queríamos ir para um ginásio, ou ter alguma actividade e mesmo a quem não dizíamos que sim, que vamos inscrever-nos no ginásio as pessoas aprontavam-se logo para ajudar em tudo e disponibilizavam-se para auxiliar no que fosse preciso e isso é algo que nunca acontece em Lisboa. 

E por exemplo, actividades culturais, desportivas e outras para passar o tempo, a oferta é muito menor do que a que existe na capital. Mas como vocês dizem, que há muito a ideia de que aqui não se passa nada, talvez para quem vem até seja surpreendente, não?  
Madalena – Sim, a oferta pode ser muito menor mas é mais acessível. Por exemplo, aqui já é a segunda vez que vamos ao teatro e é muito mais acessível do que em Lisboa, que é muito caro e isso é uma coisa a nossa favor mas há imensa coisa para descobrir aqui à volta, outras cidades e aldeias. 
Vítor – Mais do que isso, parece que temos um acesso mais fácil a qualquer tipo de evento. Por exemplo, em Lisboa, quando queremos saber o que vai acontecer no fim-de-semana vamos a um site e há 30 mil propostas e não sabemos onde ir, tudo se paga e paga-se bem e aqui não sabemos que há uma festa dos caretos e vamos e pronto nem é preciso pagar. Temos conseguido divertir-nos imenso, tem estado um tempo espectacular e toda a gente aqui sabe quando há um evento, toda a gente fala e é fácil chegar lá. 

E o que é que estão a achar das tradições transmontanas que já tiveram oportunidade de conhecer, como é o caso dos caretos?
M/V – Por acaso estamos ansiosos pelo Carnaval, porque não conhecemos. Há pouco tempo estivemos numa festa onde houve também caretos e não conhecíamos, nunca tínhamos visto nada assim e gostámos imenso. Outra tradição que nós vimos, em Vinhais, foi a chega de touros que adorámos. As pessoas vivem aquilo de uma maneira muito intensa e gostámos de ver. 

Já disseram que a oferta cultural é muito mais acessível… e relativamente ao custo e qualidade de vida em outros âmbitos também ficaram surpreendidos?
Madalena – Sim, aqui em Bragança têm uma qualidade de vida muito melhor. A casa e as despesas são muito mais acessíveis, apesar de ter sido complicado arranjar casa porque quando chegámos estava tudo ocupado. Em Bragança, talvez devido ao IPB, é complicado arranjar casa. Outra coisa que aqui também é muito mais barato é comer fora e isso é sempre uma vantagem que associamos a qualidade de vida. 
Vítor – Em termos de preços ir aqui a um restaurante com boa comida é equivalente a ir a Lisboa ao pior tasco que existe. Aqui somos servidos de forma excelente. Em Macedo, por exemplo, fomos a um restaurante elegante em que nos tiravam o casaco e pagámos tanto como numa tasca em Lisboa, o que nos fez sentir bastante bem-vindos. E também vemos que apesar das pessoas não terem essa noção, aqui têm uma boa qualidade de vida, claro que existe muito mais despovoamento mas em Lisboa ninguém, ou pelo menos a maior parte das pessoas, têm a capacidade de fazer uma ida e volta de carro para o trabalho, aqui vemos autocarros a viajar com duas pessoas lá dentro, todos os dias enquanto lá muitas vezes nem dá para entrar no autocarro e temos de esperar por outros porque estão demasiado cheios. 

Além de Bragança, Vinhais e Macedo de Cavaleiros que outras localidades já visitaram aqui na zona?
Madalena – Conhecemos Rio de Onor que é considerado uma das sete maravilhas de Portugal, fomos a Espanha conhecer Puebla de Sanabria e Zamora e também já estivemos em Mirandela. Este fim-de-semana vamos conhecer Vila Real e Mesão Frio. Aproveitamos os fins-de-semana para descobrir um bocadinho mais deste distrito e deste Norte que tem muito para ver. 

Mas aqui nem tudo é um mar de rosas… por exemplo, as acessibilidades. Quando foram a Vinhais, suponho que repararam na estrada difícil que liga Bragança a Vinhais…
Vítor – Sim. Mesmo a estrada para Espanha vê-se que existem algumas dificuldades. As ligações podiam estar em melhor estado e talvez facilitasse a movimentação das pessoas e trouxesse até mais pessoas para a própria cidade se houvesse uma facilidade de circulação maior em vez de estradas com tantas curvas, tantos buracos, tantos problemas como têm estas. E por exemplo, recentemente nevou e o trânsito fica muito congestionado o que pode dar origem a muitos problemas. 

Como Lisboetas que estão agora a conhecer outra realidade, que vos era completamente estranha até há poucos meses, acham que em Portugal ainda se canalizam muito os investimentos para o litoral?
Vítor – Eu acho que cada vez mais começa a existir investimento no interior. Isto é a minha opinião, mas talvez não sejam tão bem organizados como devem ser, acho que, de facto, os investimentos são feitos no interior e nas grandes cidades do interior mas não para as desenvolver da forma correcta. Eu tenho o exemplo de Évora, que também é uma cidade do interior, que se foi transformando e modificando para ficar uma grande cidade no meio do Alentejo e que chamou imensa população jovem e adulta, uma coisa que não existia e que criou também mais centros comercias, lojas, serviços, tudo muito bem definido, e que fez com que mais gente fosse também para as cidades periféricas a Évora. 
Essa organização é algo que não vejo tanto no Norte. Por todos os sítios que já passámos aqui, vimos que as coisas não são tão bem delineadas, constroem tudo muito disperso e talvez esta seja a grande diferença. Todavia, acho mesmo que deve haver mais investimento, deve haver mais êxodo urbano, e não êxodo rural, há esse problema ainda, a meu ver.

E o falar transmontano, desde o sotaque às expressões que vos são desconhecidas, como é que se têm estado a adaptar? 
M/V – Sim, para além das pessoas terem um sotaque muito diferente do nosso, reparámos que também usam muitas “asneiras”, coisa que não estávamos habituados lá. 
Quanto às expressões e palavras, há algumas coisas que são diferentes mas com o tempo vamos aprendendo e começamos a ficar habituados. São palavras que já ouvimos, só não estamos habituados usá-las no nosso dia-a-dia. Muitas palavras parece que derivam de outras línguas, como “mata-bicho” e “botar” parece que soa a brasileiro e vem aqui não se sabe bem porquê. A palavra “botar” nós em Lisboa usamos um bocadinho em tom de brincadeira e aqui é mesmo algo normal de se falar. “Botei aqui… botei ali”. 
E, por exemplo, vamos passar uns dias a Lisboa e voltamos a falar como sempre falámos e passadas três semanas já estamos a falar com um bocadinho de sotaque sem nos apercebermos, já estamos a falar à transmontano. 

E quando vão para Lisboa, a vossa família e amigos dizem-vos que já apanharam sotaque daqui?
M/V – Ainda não dizem muito mas eu acho que é muito fácil quando vamos para algum lado começarmos a ganhar algum tipo de sotaque e vamos começando a fazer algumas frases trocando o “V” pelo “B” e nem nos apercebemos. 

E o que é que vos custou mais a abandonar em Lisboa para vir para Bragança?
Madalena – Foi a família, sem dúvida. De resto, aqui a qualidade de vida é muito superior, a confusão é menos, há muito mais paz, o nosso horizonte não são prédios mas sim montes, o que adoramos porque nunca podemos ter essa sensação em Lisboa. 
Vítor – Toda a gente quer aquilo que não tem e nós tínhamos muita confusão e queríamos vir para a paz, assim como se calhar há pessoas daqui que têm exactamente a mesma ideia e querem ir para a confusão, tudo isso faz parte. O que nós gostávamos neste momento era trazer os nossos amigos e a família para cá e ficávamos. Os nossos amigos que nos vêm visitar também deixam esse feedback de que gostavam mesmo de poder vir para cá.

Mas não há momentos em que sentem falta até mesmo dessa confusão em que cresceram?
Madalena – Por enquanto ainda não senti saudades de nada. Por exemplo, uma coisa que me custava imenso era o trânsito, eu tenho a carta mas lá não consigo conduzir, é impossível, e aqui já conduzo. É muito diferente mas, por enquanto, ainda não sinto saudades de Lisboa. 
Vítor – Faz-nos diferença porque apesar de estarmos em Portugal, tal como a nossa família estamos mesmo longe deles. São cinco horas de viagem de carro, que custam muito e sete horas e meia de autocarro custam ainda mais. Isso é o mais difícil porque, apesar de não parecer, é uma grande distância para ir ter com a família e voltar no mesmo fim-de-semana, custa bastante. 
Aquilo que nós sentimos mais falta é o cinema, aqui não há cinema e era um hábito que tínhamos ir bastantes vezes ao cinema e não tínhamos essa possibilidade e às vezes não há as lojas que nós procuramos para determinadas coisas, e claro que tudo isso faz diferença, todas essas infra-estruturas comerciais fazem diferença, sentimos alguma falta disso. Mas pronto, no fundo acabamos por nos abstrair e vamos aproveitando a boa comida, a boa disposição das pessoas e o ar puro que aqui respiramos.   

Aqui dentro das cidades vocês não precisam de pegar no carro para ir a algum lado, isso é também uma vantagem, não?
Madalena – Sim, isso é óptimo. Em Lisboa quando queremos ir a algum lado temos de sair com uma hora ou hora e meia de antecedência e aqui não, é um minuto estás ali, dois minutos estás além e isso é óptimo porque poupa-nos imenso tempo e não precisamos de pegar no carro, é tudo de mais fácil acesso. 
Vítor – E aqui vemos as pessoas, às vezes, dizer que determinado sítio é muito longe ir de um lado da cidade ao outro e em Lisboa era um luxo se as distâncias fossem como em Bragança as pessoas iam lá a pé num instante sem problema nenhum.

Se tivessem que escolher um prato de eleição do que já provaram da nossa gastronomia qual era?
Madalena – Eu escolhia a vitela, qualquer prato com vitela estava escolhido.
Vítor – Eu só não gosto de dobrada, de resto tudo o que me ponham no prato eu como. 

O que é que mais gostaram e menos gostaram nesta vossa curta experiência aqui?
Madalena – O que eu gostei mais foi, sem dúvida, quando nevou porque foi a primeira vez que vimos neve. Foi, sem dúvida, fantástico ver tudo branco foi o momento que mais me marcou. O que eu gosto menos são os cafés onde se pode fumar porque eu não sou fumadora, e respeito quem o é, mas há muitos estabelecimentos aqui que permitem que se fume lá dentro e é uma coisa que me incomoda um bocado. Lá em Lisboa não há assim tantos estabelecimentos ou então tem uma parte fechada só para os fumadores. Aqui são quase todos e isso é a coisa de que gosto menos aqui. 
Vítor – Eu também foi a primeira vez que vi neve, por isso tenho de confessar que fiquei deslumbrado, parecíamos crianças a espezinhar a neve na rua. Sobre aquilo de que gosto menos, para ser sincero, não tenho bem a certeza. Eu gosto muito de poder sair de casa dou dois passinhos e estou ali ao pé do rio, dou um passeio e sinto-me no meio da natureza, em liberdade e isso é algo que eu não consigo fazer em Lisboa, onde no máximo vou a um jardim pequeno que há à frente de minha casa, com a confusão dos carros toda a gente a buzinar e aqui isso não acontece. 

Entrevista de Débora Lopes

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE BRAGANÇA ASSUME-SE COMO A “ENTIDADE PRIVADA QUE MAIS CONTRIBUI PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO DA REGIÃO”


No ano em que comemora os 500 anos de existência, a Santa Casa da Misericórdia de Bragança (SCMB) apresenta programa repleto de actividades e iniciativas para as celebrações.

Com o mote “500 anos a fazer bem”, começaram esta semana e prolongam-se até Dezembro as comemorações dos 500 anos da SCMB, com actividades abertas à comunidade.
Actualmente a Santa Casa disponibiliza serviços no apoio a idosos, infância e juventude, educação, família, deficiência, atendimento e acompanhamento social, acção social, saúde, cultura e a única casa abrigo da região para vítimas de violência doméstica. No total conta com cerca de 340 colaboradores que apoiam mais de 1200 utentes. 
Na passada sexta-feira, o provedor Eleutério Alves indicou que “o momento alto vai ser em Julho”, mês do aniversário, quando está prevista a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Além do dia de aniversário “a semana santa e a semana da saúde serão momentos muito importantes, mas também os colóquios que se vão fazer mesmo no âmbito da violência doméstica que é transversal a toda a comunidade”, destaca ainda o provedor.
No programa constam diversas palestras, com oradores sobre diferentes assuntos, o lançamento de livros e exposições sobre os 500 anos da Misericórdia de Bragança.
Cada mês do ano vai ser sobre uma das valências, divulgando as práticas e serviços prestados pela SCMB, como esclareceu Ana Paula Pires, uma das responsáveis pela organização das actividades.
Janeiro será dedicado aos idosos, Fevereiro será dedicado à componente de inserção social, Março à religião, com a organização da “semana santa” e comemorações da Páscoa. Depois, em Abril, está em destaque a infância, em Maio o desporto e Junho conta com as jornadas museológicas. Julho é o mês de aniversário, tendo por isso mais destaque. Agosto dedica-se aos cuidados continuados, em Setembro estão programados rastreios de saúde para a comunidade, Outubro é o mês da cultura, Novembro dedicado à luta contra a violência doméstica, nomeadamente a violência contra as mulheres. Em Dezembro promove-se a inclusão.

O próximo grande objectivo é a resposta a doentes com problemas mentais

Ainda a propósito da apresentação do programa comemorativo, Eleutério Alves destacou que a Santa Casa da Misericórdia é o maior empregador privado do concelho de Bragança, que “transfere anualmente mais de 4,5 milhões de euros, através dos recursos humanos que tem ao seu serviço. Significa que tem um peso económico grande, para além de tudo aquilo que induz a montante da instituição, de outras empresas que são criadas para responder às necessidades da instituição.”
“O orçamento de sete milhões e meio de euros por ano, só para vencimentos, mais quatro milhões e meio por ano de volume de compras a nível comercial e empresarial, mais a geração de emprego indirectamente em outras empresas”, pelas relações comerciais com a Santa Casa, “na parte privada somos a entidade que mais contribui para o desenvolvimento económico da região não só na promoção de emprego mas no desenvolvimento da sociedade”, acrescentou ainda o provedor.  
Para o futuro os objectivos SCM Bragança passam por fazer crescer a instituição que tem um grande impacto no tecido social brigantino e dar resposta às necessidades da população na área da saúde mental e outros cuidados de saúde.
“Vamos iniciar mais 500 anos e esperemos que quem vier ao longo desse tempo que consiga fazer crescer a instituição e também consigam sobretudo fazer com que as pessoas tenham confiança na instituição. Os desafios têm de ser adaptados de acordo com a necessidade que a comunidade a cada momento apresenta. Em termos de desafio, entendemos que é na área da saúde e da saúde mental que os maiores problemas sociais existem. Estamos já em contactos e vamos a curto prazo conseguir implementar o programa de saúde mental através de negociações. É uma área que está mal resolvida aqui no distrito e temos de trabalhar para que quem precisar de cuidados nessa área possa estar junto da família porque isso é já meia cura”, referiu Eleutério Alves, mostrando-se disponível para criar, juntamente com o Estado, soluções para doentes com doenças como a demência.

Escrito por: Jornalista Débora Lopes

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

FEIRA DA CAÇA DE MACEDO DE CAVALEIROS A CRESCER E A ATRAIR CADA VEZ MAIS VISITANTES


Esta é uma Feira que surge de uma festa de caçadores, há 24 anos, que acabou por dar lugar a um dos eventos de referência a nível nacional, reunindo milhares de caçadores e curiosos no Parque Municipal de Exposições, onde estão instaladas as naves que já são insuficientes para albergar todos os expositores que procuram o certame.

Benjamim Rodrigues, Presidente da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros:

Este é um momento icónico no âmbito do turismo de Inverno, tendo em conta que é um dos maiores eventos cinegéticos do país. Traz muitos visitantes, representando um móbil importante em termos económicos para o concelho e para a região, uma vez que mexe com os concelhos vizinhos, até porque só nós, no concelho, não temos capacidade hoteleira para dar resposta a tanta gente durante os dias da feira.
A Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros tem preparado um investimento de cerca de 80.000 euros que se deverá multiplicar várias vezes ao nível do investimento que fica no concelho, tendo em conta o que os visitantes deixam ao nível da hotelaria e comércio local, não só durante os dias da feira, mas também ao longo de todo o ano.
O que começou como uma festa ou uma feira, vai para 24 anos, sendo que como feira da Caça e Turismo, vai fazer 22 anos, é uma iniciativa que toca já vários pontos importantes como o desporto, a competição, o turismo, a economia, faz mexer economia da região.
Esta é uma feira que pode crescer ainda mais. Tem potencial para isso, há ainda muita coisa por fazer. Por exemplo ao nível do turismo de Inverno. Eu dou um exemplo: neste momento estamos a investir na criação de cursos só virados para a cinegética e para o turismo de época, portanto, em breve penso que podemos arrancar com esses cursos, porque vemos grande potencialidade e é óbvio que temos que ter gente criativa, gente que inova e gente com capacidade técnica para este tipo de organizações. A Feira da Caça e Turismo funciona como um âncora para desenvolver e potenciar o turismo de Inverno e de natureza.
Temos já muita gente que vem especificamente para esta feira, com uma grande vontade de participar no espectáculo que é a natureza e a sua dinâmica com animais selvagens como é o caso das montarias, que atraem sempre muita gente de fora.
Tendo em conta que esta feira continua a crescer, não colocamos fora de hipótese aumentar para mais um pavilhão, uma outra nave, porque já se justifica, tendo em conta as solicitações que têm chegado, atendendo ao número crescente, fundamentalmente de expositores espanhóis.
O regresso da corrida de galgos é este ano uma das novidades promete animar ainda mais a feira. Para além disso estão previstos passeios no âmbito da biodiversidade, o contacto com a natureza, o cercado com os corços, temos ainda um centro interpretativo que é único a nível nacional, onde criam exemplares e onde pode ser vista uma exposição em parceria com o Safari Club Internacional, tudo isto reunido são motivos que certamente serão do agrado de todos.

Com a Feira da Caça à porta, falámos com o Presidente da Federação de Caçadores da 1.ª Região Cinegética, Artur Cordeiro, que se mostra optimista relativamente ao sector, apesar dos números apontarem para uma perda de caçadores de ano para ano, estimam-se que neste momento sejam cerca de 370 mil em Portugal. Aponta o dedo ao Instituto da Conservação da Natureza que atrapalha mais do que ajuda os caçadores, bem como o próprio Estado que está mais preocupado com taxas e licenças do que tratar dos reais problemas do sector. Assume ainda que as próprias associações e federações deviam juntar-se mais para trabalhar em conjunto e reconhece que há ainda muito trabalho por fazer pelos próprios agentes que têm a obrigação de promover a caça. O responsável pela federação das associações de caçadores da 1.ª Região Cinegética reconhece que, a dimensão por vezes demasiado reduzida das estruturas associativas não permite organizar e estimular a caça como esta mereceria.

Como analisa o actual momento que atravessamos no sector?
Artur Cordeiro - Nós estamos num meio em que o tipo de caça que tem vindo a conhecer um crescimento significativo é a caça maior. Há dez anos julgava eu que teríamos atingido o pico do interesse neste tipo de caça e, como já se percebeu, tem continuado a ganhar adeptos e espero que daqui a dez anos possa continuar a dizer o mesmo. A razão para que isso aconteça tem a ver com a possibilidade de ver aqui animais ainda em estado selvagem. Às vezes diz-se em tom de brincadeira que, aqui ao lado, em Espanha, os javalis são de “granja”. Nós não queremos isso, queremos javalis nascidos e criados no campo. É verdade que começamos a esticar um pouco a corda quanto ao número de batidas que se estão a fazer, mas também é verdade que o javali tem proliferado bastante, uma vez que não tem predadores. O único predador poderia ser o lobo mas não há lobos em número suficiente para poder ser considerado como tal. O javali tem vindo a revelar-se muitas vezes uma praga, no entanto o Instituto da Conservação da Natureza proíbe a caça em muitas destas áreas, depois claro, temos javalis a ir beber à praia.
O panorama ao nível da realidade da caça mudou. Hoje temos uma geração de caçadores mais formada e sensibilizada para como se devem comportar com a caça. Eu ainda sou do tempo em que havia caçadores a quem tudo o que saísse era para matar. Hoje não é assim, não podemos fazer isso. Sabemos que se o fizermos estamos a impedir o normal desenvolvimento da espécie.

Caçar é um desporto caro?
A. C. - Pode ser encarado como um desporto caro, embora nas aldeias continue a ser possível ser caçador sem precisar de despender muito dinheiro. O problema tem mais a ver com as obrigações legais como taxas, licenças, livretes, mais obrigações para guardar e registar as armas. Se começarmos por aí, é verdade que pode começar a ser visto como um desporto caro e cheio de burocracias. Compreendo o esforço da polícia em ter acesso a um registo mais fiel das armas que existem.

Mas é verdade que há ainda alguma falta de união dos caçadores e dos diferentes organismos que os representam?
A. C. - O que devíamos fazer, e que não estamos a fazer, era criar um melhor entendimento entre as diferentes organizações da caça, acho que ganharíamos todos. Poderia ser um bom motivo de discussão desde logo para uma das próximas edições desta feira, por exemplo.
A existência de associativas é também um factor de desenvolvimento e união locais, por norma são exemplos de boa convivência.

E a caça furtiva, continua a ser um problema?
A. C. - Nem me fale nisso. Continua a ser um grande problema. Na maior parte dos casos são pessoas locais que saem à noite e chegam de madrugada. Os meios de fiscalização são insuficientes para controlar esse problema. Estão mais preocupados em ver se as placas estão bem colocadas.
Acredito que esta feira serve também para sensibilizar as pessoas para esta questão, assim como também potencia o aparecimento de novos caçadores que se vão motivando com aquilo que aqui se vai mostrando. Eu sou um optimista, por isso acho que as coisas vão melhorar.


POPULAÇÃO DE REBORDELO CONTESTA REDUÇÃO DE HORÁRIO DO BANCO


Único balcão bancário da localidade vai passar a estar aberto apenas três dias por semana.
A população de Rebordelo, no concelho de Vinhais, manifestou-se na passada sexta-feira, dia 19 de Janeiro, contra a redução do horário de funcionamento da Caixa de Crédito Agrícola (CCA), a única dependência bancária da localidade.
O presidente da junta da localidade, Marcos Pimentel, conta que dia 12 recebeu com desagrado a informação de que o banco, que actualmente está a funcionar durante todos os dias úteis, vai passar a estar aberto apenas três dias por semana. “Fui informado que iria ser reduzido o horário de funcionamento do balcão de Rebordelo da CCA Agrícola. Desde logo, manifestámos a nossa indignação. Sabemos e é visível que o balcão tem muito movimento, é bastante necessário em Rebordelo, presta imensos serviços, não só para a população de Rebordelo mas também de aldeias vizinhas”, afirmou. Marcos Pimentel teme que o movimento diminua na localidade com este novo horário. “As pessoas que vêm à Caixa, também utilizam as bombas de gasolina, o comércio, cafés e restaurantes, vêm aos correios. Retirando dois dias, são dois dias em que as pessoas já não vêm a Rebordelo e por isso a nossa indignação com a medida”, destacou.
O autarca diz que o impacto “é enormíssimo, Rebordelo é a maior aldeia do concelho de Vinhais e com maior peso económico, há cerca de 100 empregos directos nas empresas e instituições da localidade”.
O presidente do município de Vinhais, Luís Fernandes, também se associou a este protesto pacífico em frente à agência do banco, porque considera que o encerramento por dois dias é uma decisão injusta que vai prejudicar bastante a freguesia e as aldeias limítrofes que também usam o banco em Rebordelo. “O melhor, o mais justo e o mais necessário para o concelho e para a freguesia seria continuar aberto os cinco dias da semana. Em nosso entender nada justifica uma decisão destas”, referiu.
De um concelho vizinho, juntou-se ao protesto o presidente da junta de São Pedro Velho. Carlos Pires afirmou que apesar de ser de uma freguesia do concelho de Mirandela, esta situa-se a “a cerca de 7 quilómetro de Rebordelo e há habitantes da freguesia que têm conta aberta neste balcão e também sofrem com isso”.

Habitantes não aceitam medida
Os presidentes da Junta de Rebordelo e da câmara de Vinhais, acompanhados de uma comitiva de empresários e representantes do lar e da cooperativa agrícola da localidade reuniram já com a administração da CCA do Alto Douro, cuja administração se encontra em Bragança, e receberam a garantia de que o balcão não iria encerrar. Ainda assim a população não está satisfeita com a redução do horário e por isso manifestou-se em frente à dependência bancária de Rebordelo.
Carlos Miranda, que mora em Rebordelo acha que a medida vai prejudicar os habitantes da freguesia. “Uma pessoa tem aqui as coisas à mão e depois tem de se deslocar a 20 ou 25 quilómetros, quem não tem transporte, tem de pagar táxis. Perde a freguesia, as freguesias vizinhas, todos perdem”, protesta.
Maria Martins também está contra o encerramento por dois dias da CCA. “O serviço é muito importante e muito bom, faz muita falta, sem a caixa não podemos fazer nada, se precisarmos de dinheiro de repente ou de tratar de algum assunto temos de ir até Vinhais”, diz.
A população contesta a decisão até porque dizem que a dependência bancária tem muito movimento. “Este balcão é usado a 100%, o bancário está aqui desde as 9 horas e só sai à 7 da tarde, é sinal de que tem muito trabalho, tem sempre muito movimento”, argumenta outro habitante de Rebordelo, João Pimentel.
Francisco Manuel Baía tem um café mesmo ao lado da dependência bancária e acha que o novo horário “vai trazer muitas coisas de mal para o negócio”. “Não nos sentimos à vontade, porque a caixa é útil aberta 8 horas por dia e os cinco dias por semana, a trabalhar só a meio tempo é evidente que não nos sentimos tão confortáveis”, diz temendo também que o movimento no café diminua.
Questionada acerca desta decisão, a administração da CCA do Alto Douro justificou que “o contexto económico e demográfico da região tem vindo a alterar-se substancialmente desde a abertura da agência” há mais de 20 anos, apontando esse como o motivo que “dita a necessidade de reorganizar a estrutura interna da CCAM, nomeadamente a Agência de Rebordelo”. Em comunicado, acrescenta-se que “não pode deixar de notar-se a crescente diminuição de população, com impacto no decréscimo da actividade agrícola e, concomitantemente, dos demais sectores de actividade”. No comunicado enviado ao Jornal Nordeste a administração refere ainda que “estes fenómenos são alheios à CCAM”, que, refere-se, “sempre envidou os melhores esforços para, através da sua acção, dinamizar a economia regional e defender os interesses da população”.
Confirmando que a CCA de Rebordelo passará a funcionar às segundas, terças e quintas-feiras, no horário habitual, a partir do início de Fevereiro, a administração assegura que “ninguém em Rebordelo deixará de ter acesso aos serviços da CCAM ou verá afectada a sua qualidade e abrangência”, garantindo que a medida “não contempla o encerramento do balcão”.
Questionada sobre a possibilidade de redução de horário ou encerramento em outros balcões no distrito de Bragança, a administração não prestou qualquer esclarecimento.

Escrito por: Jornalista Olga Telo Cordeiro

Saloio traz a eletrónica da cidade e o folk do campo ao Praça 16

O primeiro concerto do novo ano no Praça 16 acontecerá no dia 25 de Janeiro, quinta-feira, e traz Saloio  até Bragança, um dos nomes que vão dar que falar no panorama nacional da música independente em 2018.



Saloio é Leonardo da Rocha, cantor, guitarrista e compositor portuense. Foi membro d'O Abominável, com quem lançou "Que só o Amor me Estrague" (2013) e "Enteléquia" (2014), que tiveram destaque e transmissão em várias rádios nacionais, como é o caso da Antena 3. Com O Abominável pisou palcos de Norte a Sul do país, entre os quais se destacam o Festival Paredes de Coura, o Hard Club, o Plano B ou a Casa Independente.
Saloio  junta a eletrónica da cidade ao folk do campo. Encara a música como uma oração e dá o pão nosso de cada dia a quem quiser alimentar a alma. O primeiro EP "$VL010" foi lançado em Novembro de 2016 e deu o mote para o concerto que deu no Rádio (no Porto), enquanto finalista do festival Termómetro.
Saloio  oferece batida ao ambiente e ambienta-nos às batidas que acompanha eximiamente com a guitarra e a voz. O segundo disco chegará em 2018, alguns dos temas incluídos neste novo trabalho poderão ser ouvidos em primeira mão no Praça 16. O concerto tem início marcado para as 22:30 e as entradas custam 4€.b


“Mobilidade Urbana Sustentável: que futuro para Bragança?” é o tema em debate no Praça 16

“Mobilidade Urbana Sustentável: que futuro para Bragança?”, é este o mote da conversa que irá decorrer na próxima terça-feira, 30 de Janeiro, a partir das 21:30 no Praça 16. 


A exemplo de outros talks já realizados no mesmo espaço, a tónica da discussão estará na procura de soluções e na geração de ideias, num ambiente informal, aberto e descomprometido.
Poucos dias depois da realização do Lisbon Mobi Summit, um dos mais inovadores e relevantes eventos na área da mobilidade urbana, o Praça 16 promove um talk sobre a temática da mobilidade, num evento que pretende juntar à mesma mesa decisores públicos, agentes privados, investigadores e académicos, mas que visa, sobretudo, ampliar o debate à sociedade civil, para informar, sensibilizar e discutir com comunidade local marcantes como o IPBike, o Plano de Mobilidade Urbana Sustentável (PAMUS), entre outros.