O Município de Bragança, encimado por Hernâni Dias, e a Confraria do Butelo e da Casula, cujo Grão-Mestre é Nuno Pires, convidaram ilustres transmontanos e Imprensa lisboeta para um jantar memorável, ontem, 11, no restaurante O Nobre (ao Campo Pequeno), da macedense Justa Nobre. Enquanto chegavam amigos, fomos provando alheira assada, torradas de pão de centeio com azeite e salpicão, batata nova recheada com queijo terrincho, a par de uns copinhos subtis de creme de casulas. Abancámos, depois, para celebrar uns pastéis de Entrudo, ou de Vinhais, rojões de porco bísaro e um azedo com grelos e presunto, antes do, enfim, butelo com casulas esse chourição recheado de ossinhos do espinhaço e das costelinhas, com alguma carne agarrada, qu deixou de ser só comido em sábado de Carnaval, para, com umas cascas de feijão seco, ou casulas, ser um petisco de deuses. Fechámos o acto com um semifrio de castanhas com molho de baunilha, café e marron glacé. Acompanhou-nos um tinto (noutros, branco e rosé) Origem do Holminhos.
Esta gostosa iniciativa anuncia o Festival do Butelo e das Casulas a que se associam 23 restaurantes de Bragança: imagine-se o luxo de correr cidade a celebrar, na véspera, 550 anos, e a recompor-se para novos séculos. No romance «A Casa de Bragança», lá está o «crepitar de rachos na lareira, acesos com pederneira, almas fagulhando à volta, sentadas no escano, em cujo interior se guardava feijão, grão-de-bico, cereal». Comiam-se, já no século XIV, casulas, e, entre «a ceva no fumeiro», não faltava o nosso chourição.
Escrito por Ernesto Rodrigues
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