Há cada vez mais apreciadores desta típica iguaria gastronómica, que
atraiu muitos visitantes a Bragança ao Festival do Butelo e das Casulas.
O certame é, desde há cinco anos, uma forma de promover esta iguaria
gastronómica, que se come em especial na época do carnaval. Segundo os
expositores presentes durante os três dias no recinto da Praça Camões, devido à
realização do festival mais pessoas apreciam e procuram os ingredientes para
este prato tradicional. “Tem-se vendido muito mais de ano para ano, as pessoas
começam a ter mais curiosidade em conhecer o butelo e as casulas”, afirmou José
Patrício, dizendo que a feira este ano “superou as expectativas” e que “houve
mais gente que no ano passado”.
Isabel Pereira também acha que “cada ano é um pouco melhor que o
anterior, mesmo as pessoas de fora já sabem o que é o butelo com casulas. Vendi
os butelos todos, no segundo dia já não tinha nenhum”, acrescentou a
expositora.
Os butelos nem sempre chegam para as encomendas. “Trouxemos butelos e
casulas para vender e outros enchidos, mas butelo já só tenho um e casulas
esgotaram”, referiu a expositora Liliana Esteves.
“Há mais venda, a divulgação que foi feita à volta do butelo foi uma
mais-valia. Há cada vez mais procura, eu mandava as pessoas à restauração e
diziam-me que estava tudo cheio”, destacou Luís Mónico, que marca presença no
certame desde a primeira edição.
O presidente do município de Bragança, Hernâni Dias, acredita que este
certame em que participaram 33 expositores e a semana gastronómica do butelo e
das casulas têm atingido os objectivos de pôr o produto no mercado e dá-lo a
conhecer. “É uma forma de divulgarmos este excelente prato que começa a entrar
cada vez mais nas preferências gastronómicas de muita gente, mesmo fora do
nosso território. O trabalho de promoção que tem vindo a ser feito tem sido
bom, porque tem dado bons resultados”, sustenta. O autarca garante que a
estratégia de promoção destes produtos regionais e do festival é para
continuar. “Não deixaremos de continuar com esta dinâmica também para que cada
vez mais o produto seja conhecido, porque é isso que importa e que aqueles que
se dedicam à sua produção tenham o retorno necessário em termos económicos”,
assegurou.
Entre sexta e domingo, o butelo e as casulas foram reis da gastronomia em
Bragança, na quinta edição do Festival do Butelo e das Casulas, onde houve
ainda lugar para outro fumeiro, pão e doçaria, entre outros produtos locais. Para
além da venda e exposição de produtos tradicionais, na feira foi possível
assistir às demonstrações de produção de butelo de forma artesanal e à
confecção do enchido em pote de ferro.
Este ano os mais novos tiveram um espaço à medida, contíguo à tenda de
exposição, onde as crianças puderam brincar, pintar, desenhar e participar em
actividades lúdicas e recreativas, como a hora do conto “Butelo de Histórias”.
Confrarias de todo o país juntaram-se ao festival
O festival incluiu ainda o encontro nacional de confrarias, tendo contado
com a participação de mais de 40 confrarias de todo o país, sendo aquele que
conta com maior número de participantes, segundo a presidente da federação
portuguesa das confrarias gastronómicas, Olga Cavaleiro. “Este foi um encontro
que, de facto, teve muitas confrarias e que é um dos principais encontros em
número de confrarias e confrades, vieram 43 confrarias e cerca de 220
confrades” desde vários pontos do país, incluindo das ilhas, destacou.
Bragança foi o local escolhido para a realização deste encontro porque a
confraria “gosta de descentralizar em relação ao território, todo o território
é dotado de grande pujança gastronómica, geográfica, cultural, histórica e
patrimonial e vir até Trás-os-Montes para conhecer melhor tudo aquilo que
caracteriza esta região”.
Do programa ligado a este encontro fez parte a iniciativa intitulada
“Elogio à cozinha transmontana”, que decorreu no Auditório Paulo Quintela e
contou com a participação de Armando Fernandes, autor da Carta gastronómica de
Bragança e da chef transmontana Justa Nobre, que falou do tema cozinhar as
origens. “Desde que tenho restaurantes nunca esqueci as origens e sempre pus as
origens nas minhas panelas e habituei os meus clientes a comerem um pouquinho
de Trás-os-Montes e agora vou ter butelo e casulas algumas vezes lá no
restaurante [em Lisboa], tenho clientes que já me pedem ”, garantiu. Mas há
outros pratos tipicamente transmontanos que podem ser degustados n’O Nobre,
como cuscus, milhos ou cabrito assado. “Faço os assados tal como a minha mãe me
ensinou, se assar uma carne é com esse tempero que a minha mãe me ensinou”,
garante. Justa Nobre considera que a cozinha tradicional tem vindo a ter um
maior destaque e a ganhar mais adeptos porque “as pessoas já chegaram à
conclusão que já se inventou tudo e mais alguma coisa, mas a nossa cozinha
prevalece sempre e toda a gente gosta dela”.
Ainda no âmbito do 4.º Festival do Butelo e das Casulas decorreu, na
Domus Municipalis, a tradicional cerimónia de entronização de novos confrades
do Butelo e da Casula.
Escrito por: Jornalista Olga
Telo Cordeiro
Retirado
de www.jornalnordeste.com
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