O
investigador Ernesto Rodrigues, que também já foi jornalista, moderou debate
sobre a violência e as formas como é explorada pelos media.
O
jornalismo sensacionalista e a exploração da violência das imagens podem não
ser as melhores formas de veicular a informação. Uma ideia vincada na segunda
edição do “Tua Escrita”, que decorreu no passado sábado, em Mirandela, inserido
no cartaz da Feira do Livro.
O
escritor e investigador transmontano Ernesto Rodrigues critica o jornalismo
sensacionalista, que explora sobretudo temas relacionados com o crime e a
violência, de forma exagerada, com o objectivo de aumentar a audiência dos
telespectadores ou dos leitores. O professor na Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa, que também já exerceu a profissão de jornalista e
publicou vários estudos nesta área considera que o jornalismo televisivo que
arrasta demasiado os temas é uma espécie de telenovela que em nada contribui
para a informação. “Também como antigo jornalista não gosto da actuação de
certos canais televisivos que passam horas e horas repetindo a mesma prosa.
Estou a pensar, por exemplo, na CMTV, que passa horas e horas a falar sobre um
mesmo acontecimento, que se deu em poucos minutos. Pode ser repetido em novos
noticiários, mas não faz sentido estar ali com mil e um comentadores a rebater
sempre o mesmo assunto. Isso é uma espécie de telenovela mas é de preferir as
telenovelas de ficção pura e não insistir em realidades dramáticas, cuja
informação deve ser suficiente mas, em demasia nada acrescenta”.
O
debate com o tema “Violência: pão nosso de cada dia?” juntou autores
transmontanos com publicações que, de alguma forma abordam as questões da
violência. Uma das questões debatidas foi se os meios de comunicação devem dar
tanta importância a certas de formas de violência, nomeadamente a violência das
imagens.
Ernesto
Rodrigues, autor do livro “Uma Bondade Perfeita” foi o moderador do debate que
reflectiu também a sua obra e para o qual convidou a romancista Teresa Martins
Marques e os transmontanos Jorge Golias, José Manuel Pavão, José Mário Leite e
Telmo Verdelho.
José
Mário Leite, natural de Junqueira, no concelho de Torre de Moncorvo incluiu no
debate temas que aborda no seu mais recente romance: “A morte de Germano
Trancoso”. Já o escritor mirandelense Jorge Golias, que publicou o livro
"Capitães da Guiné"refere que a sua obra é, essencialmente, sobre a
paz e que, se este tipo de discussões tivesse acontecido noutros tempos, talvez
hoje não houvesse a manifestação de outros tipos de violência. “A forma mais
violenta que existe na sociedade é a guerra. Se esta discussão tivesse sido
feita há 30 ou 40 anos, nós quase não estávamos aqui a falar de violência
doméstica, de agressão sexual, de corrupção, de uma série de formas de
violência que hoje estão a descoberto na sociedade. Há 40 anos, a comunicação
social não dava este tipo de informação, o que não quer dizer que estas formas
de violência não existissem”, observou o autor. O “Tua Escrita” foi uma das iniciativas
que integrou a Feira do livro de Mirandela que terminou no passado
fim-de-semana.
Jornalista: Sara
Geraldes
Retirado de www.jornalnordeste.com
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