É
tão honorável fazer política nos altos estratos como na comunidade que nos viu
nascer, assim como, em ambos os casos, pode ser deplorável. Depende da
integridade dos protagonistas ou da falta dela.
A
função política tem sido, desde tempos remotos, objecto de tentativas de
usurpação por parte de oportunistas sem escrúpulos, que a encaram como
instrumento dos seus desígnios inconfessáveis, para mal da história da
humanidade.
As
lições foram tantas, que já deveríamos ter aprendido a reconhecer-lhes o rasto,
evitando que perturbem a construção de sociedades justas, equilibradas e
livres.
Ao
mesmo tempo, os modelos democráticos foram criando aparelhos, onde proliferam
oportunistas atentos, medíocres sem golpe de asa, sempre à espera que as coisas
lhes corram de feição. Quando questionados pelos mais atentos sobre a sua
ostensiva ineficácia, vangloriam-se de ter desenvolvido competências no jogo
político, confundem estratégia com golpadas de chincalhão e dizem acreditar que
os seus movimentos sombrios lhes trarão as migalhas de poder, dinheiro e
prestígio que desejam.
Por
estes caminhos se foi perdendo a qualidade democrática, se instalou o desânimo
em camadas crescentes das populações, se confundiu a actividade política com compromissos
espúrios, se normalizou a corrupção, conduzindo à ruína iminente alguns países.
Por
gente como esta passa o manobrismo sem objectivos, a manipulação encomendada,
as tentativas de limitação da informação, a propaganda balofa e o mexerico em
rede. Deliciam-se num pueril jogo de escondidas, em vez de, com honestidade e
frontalidade, participarem na clarificação das opções que serão tomadas mais
cedo ou mais tarde.
Entretanto,
foram contribuindo para desnecessários equívocos, com penosas consequências,
que os tais esperam não sentir, embalados no clientelismo. Assim se criam
condições para que o povo olhe para a política como um coio, ficando disponível
para acreditar em autoproclamados moralizadores, que vão destruindo as
democracias, suportados no voto livre de quem está farto desta estabilidade
pantanosa.
A
nobreza da política passa pela coragem da autenticidade e pela verdadeira
dedicação à “res publica”, tanto a nível nacional, como local. Quando não se
constroem alternativas sólidas aos poderes vigentes, não se pode esperar que o
eleitorado se deixe envolver por passes de mágica, realizados de forma trôpega,
alimentando segredos de polichinelo, que só contribuem para a generalização do
descrédito a descambar facilmente na chacota.
Dos
políticos espera-se o rasgo do golo, em vez do entediante “brincar na areia”,
até que o povo rosne o merecido apupo. (À consideração dos políticos do
distrito, esperando que nem todos se sintam capazes de ir de derrota em derrota
até à vitória final da instalação num tachinho à medida.)
Escrito por: Teófilo Vaz,
Diretor do Jornal Nordeste
Retirado de www.jornalnordeste.com
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