Um programa cultural diversificado para comemoração dos
553 anos do foral de cidade, concedido por D. Afonso V em 1464, a Bragança.
Foram vários os pólos de atracção destas comemorações que
começaram sábado dia 18 de Fevereiro e se estenderam até dia 20 de Fevereiro, o
dia de aniversário.
Entre as iniciativas promovidas destacam-se a inauguração
das exposições de Souto Moura e Graça Morais no Centro de Arte Contemporânea
Graça Morais, as actuações, na Praça da Sé, dos alunos do Conservatório de
Música e Dança de Bragança e a inauguração do Centro de Interpretação da
Cultura Sefardita do Nordeste Transmontano.
Graça Morais e Souto Moura inauguram exposições em
Bragança
O autor do projecto de arquitectura do Centro de Arte
Contemporânea Graça Morais, Eduardo Souto de Moura, expõe pela primeira vez
obra sua naquele espaço, em simultâneo com uma exposição inédita de desenhos e
textos da própria Graça Morais.
O director do Centro, Jorge Costa, falou do projecto, que
se desenvolve até à próxima Primavera. Esta “é uma exposição inédita centrada
num trabalho que não é habitual mostrar do arquitecto Souto Moura que são os
esquiços. Há uma grande proporcionalidade entre o desenho e o projecto final é
isso que se pretende destacar nesta exposição. Por outro lado, está a pintora
Graça Morais esta é já a 19ª exposição que aqui se faz com a sua vastíssima
obra mas continua sempre a surpreender e apresenta desta vez 50 obras
inéditas.”
A exposição de Souto de Moura expressa a relação entre a
concepção e a concretização da obra. O arquitecto fundamenta só agora ter
aceitado expor no espaço que ele próprio criou. Souto Moura “queria que fossem
rectificadas algumas coisas no espaço que se foi degradando com o tempo ou
pormenores que são menos estéticos dentro do Centro. Ainda não arranjaram mas
pelo menos tenho a promessa que o vão fazer e eu acredito nas pessoas.” Souto
Moura defende que “os arquitectos que se interessam pelas obras e lutam para
que elas fiquem bem mesmo até à última.”
O arquitecto detentor do prémio Pritzker, o expoente
máximo dos prémios da arquitectura, em 2011, explica o que significa esta
exposição. “É um espelho de tudo o que eu já trabalhei e o que aconteceu
enquanto fazia determinada obra. As obras nunca correm bem porque se corressem
bem era sinal de que estávamos satisfeitos e isso é sinal que somos medíocres.
A arquitectura serve para completar a obra de Deus que ficou por fazer, o
objectivo final da arquitectura é a felicidade das pessoas”, esclarece.
Graça Morais traz a público a espontaneidade do seu
quotidiano, com esboços e reflexões sobre momentos de cada dia. “ Muitas vezes
acrescento a palavra porque a palavra reforça a ideia que eu tinha quando
comecei a fazer aquele desenho ou aquela pintura.
“Esta é uma exposição feita de diários sem ordem, porque
eu ao longo da minha vida, talvez nos últimos 30 anos, comecei a fazer diários
com essa intenção de completarem o desenho. A palavra aqui é para reforçar a
imagem e ao mesmo tempo é um diálogo muito secreto comigo mesma” explica a
artista.
A pintora vai mais longe quando confessa que apesar do
carácter mais íntimo desta exposição por ter muito do seu quotidiano, dos
pensamentos, da vida ou daquilo que é enquanto mulher, é agora a altura certa
para mostrar estes trabalhos.
“A partir de um momento que as pessoas começam a
envelhecer sentem que também já podem mostrar outras coisas. Interessou-me
mostrar coisas que nunca tinha exposto, algumas estão repetidas mas expostas de
outra forma, o importante é que os visitantes que vêm ao centro encontrem
sempre algo que os surpreenda”, salienta Graça Morais.
O presidente do município, Hernâni Dias, considera que “o
município de Bragança tem vindo efectivamente a registar um crescimento
turístico significativo, os dados do instituto nacional de estatística apontam
exactamente nesse sentido. O que significa que a estratégia de promoção
territorial que tem vindo a ser desenvolvida tem efectivamente dado frutos”.
Nesse sentido o autarca considera que as exposições são uma boa forma de dar
continuidade à programação cultural, no aniversário do foral, que se comemorou
ontem, com a inauguração do Centro de Cultura Sefardita, também com a participação
de Eduardo Souto de Moura no projecto.
Para o Presidente da Câmara de Bragança “a vertente
cultural é muito importante, desde a qualidade da programação que é definida,
até à qualidade dos equipamentos culturais, que vão ser reforçados com a
inauguração do Centro de Interpretação da Cultura Sefardita.”
Domingo de festa no centro histórico
Ainda em contexto de comemoração pelos 553 anos, os
Brigantinos foram até à Praça da Sé, onde se reuniram para assistirem aos
espectáculos protagonizados pelos alunos do Conservatório de Música e Dança de
Bragança.
Quando questionados sobre a importância deste tipo de
iniciativas os cidadãos têm a opinião unânime que se deveriam repetir várias
vezes ao longo do ano.
Ao final da tarde de domingo, acompanhados pelas bandas
filarmónicas do conselho toda a população foi convidada a cantar os parabéns à
cidade. O dia terminou com o partir de um bolo confeccionado por 12 pasteleiros
da cidade onde se podia ler “553 anos de Bragança- Uma cidade de todos e para
todos”.
Desenho e texto de Graça Morais à conversa com Artur
Pimentel
Um papel na mão de Graça Morais, enquanto conversa com
amigos pode dar uma obra de arte.
O exemplo que reproduzimos foi realizado durante uma conversa
da pintora com o então presidente da câmara de Vila Flor. Conta o ex-autarca
que quando Graça lhe ia colocar algum problema do Vieiro e das suas gentes, a
primeira coisa que fazia era dar-lhe um papel para que o usasse enquanto
conversavam.
O texto é o registo do que ele próprio foi dizendo ao
telefone.
Da figura feminina fica o fascínio do momento breve. Na
exposição estão trabalhos semelhantes, a merecer a atenção do público.
Fica o agradecimento do Jornal Nordeste a Artur Pimentel,
entusiástico admirador de Graça Morais.
Escrito
por: jornalistas Teófilo Vaz / Débora Lopes
Retirado de www.jornalnordeste.com
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