Praia
fluvial de Freixo de Espada à Cinta tem bandeira azul, atribuída pela Associação
Bandeira Azul da Europa , e bandeira de ouro, atribuída pela Quercus graças à
qualidade da água que apresenta. O Douro Internacional é o cenário ideal para
passar uns dias no nordeste transmontano e há cada vez mais gente a fazê-lo.
Pensar
no nordeste transmontano é pensar na paisagem característica da região, nos
monumentos, igrejas ou gastronomia mas talvez nem tanto em praias… E se as
praias do Azibo têm conseguido uma forte mediatização nos últimos anos, talvez
haja outra praia fluvial que ainda é um segredo para muita gente: a Congida, em
Freixo de Espada à Cinta.
Longe
vão os tempos em que os acessos a este recanto à beira Douro plantado eram em
terra batida. Quem tem recordações dessa altura é Manuel Augusto Madeira.
Natural desta vila manuelina, tem 57 anos e há 24 que é nadador-salvador na
Congida. Mas a sua ligação a este “paraíso”, assim apelidado por muitos, vem
desde criança. “Os meus pais eram pescadores e eu cresci aqui. Vivi nesta zona
até aos 18 anos, por isso, conheço este rio e toda esta zona como a palma das
minhas mãos”, contou ao Jornal Nordeste, enquanto contemplava o Douro
Internacional, sem se cansar, ainda que já o tivesse feito várias vezes na
vida.
O
freixenista assistiu ao crescimento das infra-estruturas e do volume de pessoas
a visitar o espaço. Garante que a procura “tem aumentado” e considera que “é
pena que este lugar não seja ainda mais divulgado”, pois acredita que “muita
gente ainda não sabe” da sua existência. Quer continuar nestas funções, que
desempenha durante os meses de Verão, enquanto puder, admitindo que “cada vez é
mais difícil ser nadador salvador, já que “de 3 em 3 anos, é necessário renovar
o curso”.
Ainda
que atraia já muita gente, a autarca Maria do Céu Quintas admite que a Congida
“é um ponto turístico que tem que ser bem aproveitado e divulgado”. A maior
intervenção nesta zona do concelho foi levada a cabo pelo seu antecessor, José
Santos, mas Quintas está a preparar novos projectos (ver caixa) e tem a noção
de que este é um dos pontos turísticos mais fortes do concelho.
O
certo é que o destino Congida ainda não é para turistas de massas mas faz as
delícias àqueles que descobrem casualmente este autêntico postal. Grande
parte dos turistas são espanhóis, mas frequentemente também se encontram franceses,
ingleses ou holandeses. E os portugueses, muitas vezes não são do distrito mas
vêm de várias localidades para descobrir o encanto desta praia do interior e
outros recantos do nordeste transmontano.
É
o caso Joana Sousa e Nuno Venâncio, de Alberca do Ribatejo, no distrito de
Lisboa. “Se isto atraísse muita gente, talvez começassem a vir autocarros
turísticos para aqui e isto ficaria muito cheio, deixando ser aquilo que é,
perdendo o seu lado mais selvagem. Quem quer fugir à confusão vem para aqui e está
mais sossegado, em vez de ter uma multidão de gente”, observou Nuno Venâncio.
Já Joana Sousa contou que foi através de uma pesquisa na internet que souberam
da existência da Congida. “Pelas imagens que vimos na internet, pareceu-nos
muito bonito. Decidimos experimentar. A água é boa e estou a gostar”, contou.
Congida
é praia e piscina
Além
da praia, a Congida tem também uma piscina municipal, com a vista privilegiada
para o Douro. Muitos refugiam-se nesta componente extra de Freixo de Espada à
Cinta. Aqui encontram-se pessoas de todas as idades. Algumas estão alojadas nas
10 Moradias do Douro Internacional, um empreendimento do Município
concessionado a uma empresa, com capacidade para quatro pessoas cada uma.
Outras vêm de fora e há também freixenistas que optam por passar as férias em
casa. “Há muitos jovens que optam por ficar cá nas ferias porque, durante o ano
estudamos ou trabalhamos fora, por isso aproveitamos o Verão para estar com os
amigos da terra”, contou Ana Rita de 26 anos. A amiga Gabriela Santos de 25
anos, refere que prefere a piscina à praia por ser “mais sossegada e menos
perigosa”. No mesmo grupo, Ana Cristina frisa a importância para os jovens
freixenistas que estão fora de “aproveitar os fins de semana e férias” para
conviverem.
E
é assim que muitos passam o Verão, sem o reboliço das praias marítimas ou a
agitação das cidades, num recanto que para muitos ainda é segredo e para outros
é a opção para passar uns dias e respirar a paisagem do Douro internacional.
Autarquia
quer requalificar edifício multiusos e criar parque de campismo
Apesar
de já ter as condições essenciais, a Congida pode oferecer muito mais a quem a
visita. A pensar nisso, o Município de Freixo de Espada à Cinta quer
requalificar o edifício de apoio à piscina, que tem servido para receber o
encontro anual de freixenistas e outros eventos, tornando-o mais moderno e
atractivo.
A
infra-estrutura foi construída na década de 80, tendo capacidade para
instalação de um café/bar no rés-do-chão (que não está concessionado) e de um
salão para refeições, com vista privilegiada, no 1º andar. A autarquia vai
candidatar um projecto a fundos comunitários para a valorização do edifício,
sendo que o orçamento não deverá ultrapassar os 300 mil euros.
Um
parque de campismo e de autocaravanas é outro dos projectos que a autarquia
quer candidatar a fundos do actual quadro comunitário de apoio, sem avançar
pormenores desta ideia., enquanto não tiver financiamento.
Passeios
de Barco
A
Sociedade Transfronteiriça Congida la Barca, constituída pelo Município de
Freixo de Espada à Cinta e pela autarquia espanhola de Vilvestre, organizam
passeios de barco, todo o ano, entre a praia da Congida e la Code (Mieza). Uma
viagem que tem como pano de fundo duas zonas protegidas: o Parque Natural do
Douro Internacional e o Parque Natural de Arribas do Douro. No período de 15 de
Julho a 31 de Agosto há duas viagens diárias, com saída da praia da Congida às
10h30 e às 16h00. A viagem tem duração de 2 horas e os bilhetes de adulto custam
12 euros.
Jornalista: Sara Geraldes
Retirado de www.jornalnordeste.com
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