terça-feira, 30 de novembro de 2021

Lídia Machado dos Santos - As Paisagens Junqueirianas em A Velhice do Padre Eterno (Editorial Novembro 15€)

1- Qual a ideia que esteve na origem deste seu livro «As Paisagens Junqueirianas em A Velhice do Padre Eterno»?

R- A principal ideia subjacente a esta investigação está, naturalmente, relacionada com a necessidade de apresentar o poeta Guerra Junqueiro à geração atual e até às últimas gerações, uma vez que, não sendo um autor estudado no ensino secundário e, raramente, no ensino universitário, há que despertar para a vida e a obra de um homem imensamente intervencionista no seu tempo, não só do ponto de vista social, mas também político. Além disso, e por se tratar de um autor multifacetado, o estudo de uma das suas principais obras («A Velhice do Padre Eterno») viria a tornar-se, como, aliás, se veio a confirmar, muitíssimo aliciante.

2-Como nasceu o seu interesse por Guerra Junqueiro e pela sua obra?

R- Tal como muitos portugueses, também eu conhecia somente o nome Guerra Junqueiro e a sua origem transmontana. Sabia, contudo, ter sido um político e um sociólogo de génio. Faltava a incursão pela sua vida e pela sua obra. O interesse surgiu no dia em que abri «A Velhice do Padre Eterno» e pasmei perante a força e a audácia das palavras. Pasmei ainda mais quando li «Os Simples» e a restante obra. A partir daí, a busca tornou-se incessante e transformou-se num projeto de Pós-doutoramento concluído em janeiro passado sob a orientação do Professor Ernesto Rodrigues, na Faculdade de Letras de Lisboa. É claro que o interesse não se esgota num pós-doutoramento. Investigar Guerra Junqueiro, nas suas mais variadas facetas, requer um trabalho contínuo e apurado, integrado no seu tempo e para lá deste.

3-Porque considera importante ler “A Velhice do Padre Eterno” nos dias de hoje?

R- «A Velhice do Padre Eterno» é, antes de tudo, uma das pérolas da literatura portuguesa, como também «D. João», «Pátria», «Os Simples», etc. Ler «A Velhice» é ler o período que antecedeu a República portuguesa; é ler sobre a viragem do século no ponto de vista religioso, social e político. Está tudo lá: “a Luz, a Injustiça social, a Morte, o Desespero, a Fome, a Ignorância, a Degradação, mas também o apelo à Fé, à Mudança, à construção de um Mundo Renovado capaz de assentar em valores promulgados pela Paz, pela União e pelo Bem-estar coletivo”. «A Velhice» é um retrato fiel do Portugal de então e representa os grandes temas pelos quais se debateu Guerra Junqueiro” tal como digo em «As Paisagens Junqueirianas em «A Velhice do Padre Eterno»». «As Paisagens Junqueirianas» são isso mesmo – um conjunto de cenários através dos quais o leitor é convidado a ver e a integrar-se, a refletir. Não são cenários/paisagens inocentes. São cenários/paisagens aos quais o narrador pretende atribuir um fundo de verdade para a seguir espicaçar a sociedade do final do século XIX.


Retirado de www.novoslivros.pt 

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