
Mapas e O Espírito da Oliveira é, assim, o título retomado e evocativo das duas exposições que Graça Morais apresenta, em 1984, no Museu de Arte Moderna de S. Paulo e, em 1985, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
O gosto e até a necessidade de trabalhar o grande formato, que já havia anunciado em 1982, com a série Os Cães, desencadeariam, neste período, no seu processo de criação, uma nova forma de expressão, nomeadamente por permitirem uma nova liberdade de traço e de composição. A lona, sem qualquer tratamento prévio e colocada, sem chassis, diretamente na parede, é então o principal suporte de uma série de trabalhos onde, numa quase ausência da pintura, o desenho a carvão e pastel é dominante.
A composição é livre, esbatem-se lógicas ao ponto de misturar universos e espaços temporais muito distintos. Simultaneamente as suas linhas de desenho deixam uma forte impressão de independência em relação ao suporte, isto é, como se fossem inteiramente autónomas e não precisassem da tela para existirem. Na maioria dos trabalhos domina a sobreposição de imagens, mas é também comum a ausência do limite dos desenhos, isto como se tivessem sido abruptamente interrompidos ou suprimidos a um todo, como se tivessem uma continuidade para além dos limites da tela, desafiando o espectador a continuá-los ou a conclui-los.
Numa reinvenção das formas, Graça Morais associa simultaneamente no mesmo plano referentes reais a figuras do fantástico, justapõe planos, faz alusões à mitologia grega ou a cenas medievais, originando o reencontro da ancestralidade com a atualidade, do real tradicional com o fantástico erudito.
Comissariado: Jorge da CostaProdução: Câmara Municipal de Bragança / Centro de Arte Contemporânea Graça Morais
Retirado de www.cm-braganca.pt
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