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Marcolino Cepeda
BARRISMO
Diz-se de Bragança não ser
bairrista, como se se tratasse de uma característica muito intrínseca, senão
mesmo biológica, da sua população.
Parece-nos um tema interessante,
não exatamente para aqui dissecar e aprofundar ou alongar com laivos de algum
pretensiosismo de ordem psicológica ou social, mas antes para apontar
determinados aspetos ou pormenores que, do nosso ponto de vista, poderão
contribuir para uma análise mais alargada e que reputamos cada vez mais
indispensável face aos tempos que correm e aos que virão e nos quais o nosso
bairrismo está a ser posto à prova, de forma particularmente incisiva mas
cuidada e objetiva e, provavelmente, determinante.
Obviamente não estamos a falar do
bairrismo de bons e maus.
Também não nos referimos ao conceito
de bairrismo ditado por uma expressão, de todos nós conhecida e que se me
afigura ingénua e totalmente infundada.
Vamos ocupar-nos do esforço de uma
região em vencer, por si própria, toda a espécie de dificuldades, a juntar às
que lhe são impostas pela situação geográfica e pelos desfavores da natureza.
O que para nós é absolutamente
fundamental é que, a partir de determinada altura, Bragança agitou-se, venceu o
marasmo para que se tinha deixado arrastar e iniciou um percurso de
desenvolvimento a vários níveis.
E é então que, a juntar-se àqueles
que nunca se tinham conformado, surgem muitos outros e convictamente se começa
a revitalizar e afirmar o nosso bairrismo. Revela-se um espírito
verdadeiramente empreendedor, que se mantém, apesar de adversidades de vária
ordem.
É a este dinamismo, a esta
capacidade de gestão e de perspetiva, progredindo e fazendo progredir, que
podemos chamar bairrismo.
Podemos chamar bairrismo a
esforços individuais verdadeiramente notáveis, a juntar ao alargamento de
implantação e o despontar de organismos e coletividades, todos eles voltados
para a defesa dos melhores interesses da região.
Não sendo necessário recuar muito
no tempo, surgem-nos exemplos bem significativos.
Desde finais do século passado,
Bragança viu nascer ou acolheu personalidades marcantes das letras, das artes e
do pensamento que impulsionaram o seu desenvolvimento a impor Bragança nos
centros de decisão.
Muitos houve que, no seu esforço
anónimo e desinteressado contribuíram para o desenvolvimento da sua terra.
E são esses esforços, a par de
outros que, por qualquer motivo, mais se possam notabilizar, que constituem o
verdadeiro suporte, a força que está sempre presente.
As décadas passadas marcaram o
aparecimento de escritores que, pelo seu talento, se têm vindo a impor a nível
nacional. É aqui, também, de assinalar os esforços que em várias ocasiões foram
feitos para impor publicações cuja atribuição fundamental era a defesa da nossa
terra.
Mas, num esforço de participação e
empenhamento a vários níveis, outras coletividades têm surgido e se mantêm, por
vezes, de forma atribulada o que é, aliás, comum, mas tendo sempre presente a
necessidade de agrupar e trabalhar numa causa que torne mais agradável e útil o
nosso quotidiano.
Tentamos, apenas, fazer uma breve
abordagem ao esforço de muitos bragançanos que, ao longo dos anos se têm
empenhado profundamente e têm dado o seu melhor na valorização deste espaço.
Muito desse esforço resultou
inglório e tantas vezes mal compreendido. Mas, o que ficou é bastante e há de
servir-nos sempre e, sobretudo como incentivo.
Continuemos, ainda, a falar do
nosso bairrismo, aquele que entronca com a nossa personalidade coletiva, com a
nossa forma de ser e de estar.
Por tudo isto, defendemos que bairrismo é lutar contra a mentalidade centralista e provinciana, que continua a imperar e a impor-nos receitas inadequadas e fora de prazo. Bairrismo é, por isso mesmo, a consciencialização de todos na assunção e defesa das nossas potencialidades, dos valores culturais que nos são próprios e que nos moldaram.
Bairrismo é, ainda, o sentimento comunitário das nossas aldeias que há que preservar, não como uma coisa fechada, mas procurando o equilíbrio com o progresso e o bem-estar convencional, mas ao qual, pensamos, se deve exigir que as populações tenham pleno acesso.
Devemos ser bairristas na procura
de uma melhor saúde, de um melhor ensino, de um desenvolvimento tecnológico e científico
que permitam uma melhoria significativa das condições de vida das populações.
Assim, em jeito de conclusão,
bairrismo é o sentimento comum pela nossa terra, entendido numa perspetiva de
defesa das nossas potencialidades e valores culturais.
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