Reivindicação
feita na Norcaça, Norpesca e Norcastanha pelo presidente do município
Bragança
vai a partir de agora adoptar o título de capital da castanha. O presidente do
município, Hernâni Dias, reclamou para Bragança este estatuto na Norcaça,
Norpesca e Norcastanha, já que o concelho é o maior produtor deste fruto seco
no país.
“Não
temos vindo a usar essa terminologia, mas se nós temos 50 por cento da produção
de castanha na Terra Fria Transmontana, as maiores áreas de produção, o maior
número de produtores, as empresas que trabalham o sector, uma instituição de
ensino superior que faz a componente de investigação, só nos falta dizermos às
pessoas as coisas que nós fazemos, que estão cá e à vista, que devem ser
promovidas dessa forma”, referiu. “Perante estes argumentos não poderíamos
deixar de reclamar este título, porque ele é merecido”, explica o autarca.
Ainda
que haja outros concelhos que possam reivindicar este estatuto, como o caso de
Vinhais ou de Carrazedo de Montenegro, no distrito de Vila Real, Hernâni Dias
não tem dúvidas de que Bragança consegue marcar a diferença no que toca à produção
de castanha.
“O
nordeste transmontano tem cerca de 32 mil hectares de castanheiros plantados,
só Bragança representa mais de 7 mil hectares dessa área”, sustenta.
O
autarca mostrou ainda a sua preocupação em relação à entrada de castanha
estrangeira na região, quer da Ásia quer de países europeus e pede ao governo
um controlo mais apertado para a entrada deste produto em Portugal.
“Isso
tem inconvenientes do ponto de vista económico e da qualidade porque a nossa
castanha é de uma excelente qualidade e quando há outra castanha que vem, para
cá e depois é vendida como sendo de cá, se a qualidade for inferior prejudica
obviamente os produtores locais”, explica.
A
15.ª edição da Norcaça, Norpesca e Norcastanha decorreu entre os dias 27 e 30
de Outubro no pavilhão do Nerba com exposição e venda de produtos,
conferências, apresentações de livros, desfiles de moda e demonstrações de
culinária, sendo que a grande novidade foi a presença do maior aquário móvel da
Europa. Houve ainda montarias, concursos de caça e pesca, a prova de Santo
Huberto e uma chega de Touros.
A
organização da Norcaça, Norpesca e Norcastanha acreditou que esta foi uma das
melhores edições dos últimos anos, apesar de não ter ainda divulgado qual o
número de visitantes que passou pelo certame.
Zona
de caça da lombada
Por
mais um ano, a Zona de Caça Nacional da Lombada, situda no concelho de
Bragança, foi um tema debatido na edição deste ano.
O
presidente do município de Bragança aproveitou a presença secretário de Estado
Adjunto e do Ambiente na abertura da feira para reiterar a preocupação com a
gestão da zona de caça nacional da lombada e afirmou que “é uma perda enorme
para a região o facto de não estar a ser devidamente aproveitada”.
O
secretário de Estado José Mendes garantiu que o governo está empenhado em
discutir alterações ao sistema de gestão e deixou a promessa de transmitir as
preocupações à tutela.
“Levo
a questão devidamente sinalizada para a colocar à minha colega, a secretária de
Estado do Ordenamento do Território e Conservação da Natureza, porque
entendermos que os activos e recursos endógenos locais, devem merecer do
Estado, o devido enquadramento para serem explorados no sentido da criação de
valor na região”, garantiu.
A
zona de caça foi o tema do debate que reuniu especialista e contou com a
presença de Armando Loureiro, director do Departamento de Conservação da
Natureza e Florestas do Norte.
O
responsável reconhece que “há trabalho para fazer para mudar e melhorar muitos
aspectos da gestão da Zona de Caça Nacional da Lombada”. Uma das reclamações
prende-se com a falta de fiscalização. Problemas que Armando Loureiro acredita
que se podem resolver, mas com a actuação das autoridades fiscalizadores. “A
autoridade fiscalizadora da caça e da pesca cabe à GNR”, sublinha, recordando
que aquando da extinção dos serviços de guardas florestais e venatórios, as
competências foram transferidas para essa força de segurança.
O
ICNF tem ainda algumas competências de fiscalização e tem um corpo de
vigilantes da natureza, no entanto, o responsável da estrutura acredita que não
pode ser ela a combater a caça furtiva.
O
director do ICNF Norte agendou um conjunto de encontros de trabalho para
discutir metas e objectivos para alteração da gestão com as entidades locais.
O
presidente da União de Freguesias de São Julião de Palácios e Deilão, algumas
das localidades abrangidas por esta zona de caça, mostra-se satisfeito com a
abertura do ICNF em aceitar negociar as alterações à gestão da zona de caça.
Altino
Pires refere que os responsáveis locais autárquicos reclamam “um outro tipo de
gestão, que implique um maior envolvimento dos locais, não só das juntas de
freguesias, das comissões de baldios, caçadores e proprietários dos terrenos”.
O
autarca considera que quase não existe caça menor, “não tem sido feito quase
nada para sua manutenção, há caçadores que conhecem a zona de caça e depois de
lá caçar saem defraudadas”. Quanto à caça maior, falta alimentação o que leva a
que haja prejuízos nos campos agrícolas.
Escrito pela jornalista Olga
Telo Cordeiro
Retirado de www.jornalnordeste.com
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