Duas
alunas de Bragança, irmãs gémeas, Inês e Rita Andrade Trovisco, atingiram a
medalha de bronze nas Olimpíadas Ibero-Americanas de química, realizadas na
semana passada, na Colômbia. Estudam agora na Universidade do Porto, depois de
terem feito um percurso notável na Escola Secundária Emídio Garcia.
A
aluna Mariana Garcia, que frequenta a Escola Secundária Miguel Torga, em
Bragança, qualificou-se recentemente para integrar o grupo donde sairão os
representantes do país nas próximas Olimpíadas Internacionais de Química, em
2017.
Há
seis anos outro aluno da Escola Emídio Garcia, Jorge Pedro Nogueiro,
representou o país nas Olimpíadas Internacionais de Química, em Tóquio, com uma
menção honrosa e também nas Ibero-Americanas, no México, donde trouxe a medalha
de bronze. Salomão Fernandes, da mesma turma, venceu as Olimpíadas Nacionais do
Ambiente, disputadas na cidade da Horta, Açores.
Em
2012 Ricardo Rodrigues, da Escola Emídio Garcia, atingiu a medalha de prata nas
Olimpíadas Ibero-Americanas de Química, realizadas em Buenos Aires, Argentina.
Dois
anos depois David Martins, da Escola Secundária de Mirandela, chegou ao ouro
nas Olimpíadas Ibero-Americanas de Matemática, nas Honduras, depois de ter
garantido também a medalha de ouro a nível nacional.
Nesse
mesmo ano Inês Vaz, da Escola Emídio Garcia, foi a vencedora nacional do prémio
“Traduzir”; no mesmo concurso Joana Freitas, de Mirandela, obteve a primeira
menção honrosa.
Já
em 2016 João Francisco Morais, da Escola de Mirandela, atingiu o bronze nas
Olimpíadas Nacionais de Matemática.
Estes
são registos da segunda década deste século. Não é uma lista exaustiva e não se
foi mais atrás no tempo, onde se poderiam encontrar outros feitos notáveis de
alunos do distrito de Bragança.
Trazê-los
para o editorial do Nordeste é honrar o trabalho que se faz nas nossas escolas,
apesar de todas as atribulações que quase nos levam à desesperança e à vontade
de mudar de vida.
Apesar
de todos os condicionalismos que nos vão impondo, alunos, professores e as
comunidades demostram que não desistiremos enquanto tivermos algum alento,
concitando todas as réstias de esperança que sentimos no pulsar de quem resiste
à voragem lançada pelos políticos de meia tigela, sem raiz nem flor que se
cheire.
Se
não bastasse a estatura medíocre, que não lhes permite ver mais longe,
comprometendo cada dia do futuro desta terra e destas gentes, ainda se permitem
desplantes intoleráveis na gestão da educação, numa vertigem insana que faz da
escolas um espaço de funambulismo, como se ensinar fosse obra realizável por
trupes de saltimbancos a contragosto.
Mesmo
assim, por cá, a dignidade da educação ainda não soçobrou, porque as
referências permanecem e o trabalho, redobrado, não faz esmorecer quem não se
acomoda a desbaratar os talentos, à maneira da parábola, nunca demais lembrada,
para não fenecermos sob o manto apodrecido da vergonha.
Estes
são os exemplos maiores. Mas há centenas de alunos do distrito que vão
continuando a dignificar estas terras por esse país, embora saibamos que, por
vezes, o provincianismo “litorês” deixa aflorar o preconceito papalvo,
permitindo-se estranhar que sucessos destes aconteçam em Bragança, como se a
malta das capitais percebesse mais de química do que de cuecas tingidas pelos
humores fisiológicos.
Uma
mágoa fica, apesar de tudo. Estes jovens não vão encontrar forma de dedicar o
seu saber e trabalho à sua terra.
Seja
como for, deixem-nos, ao menos, trabalhar, ensinar e aprender em paz, para não
sermos pasto do arrependimento de ser portugueses.
Por Teófilo Vaz (Diretor do
Jornal Nordeste)
Retirado de www.jornalnordeste.com
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