A aldeia de Limãos, Freguesia de Salselas, localiza-se entre a Serra da Nogueira e a de Bornes. Envolvida pelos três braços da Ribeirinha, afluente daquele rio, o seu nome tinha de brotar do seio da água, pura e cristalina, ventre natural de limos permanentes.
A imensa chã, que a aldeia requisitou para sua larga cama, foi desenhada pela falha geológica, que também conformou o vale da Vilariça e a depressão de Bragança. Na última fase do Terciário, aquela planura foi recoberta com espessos mantos de sedimentos avermelhados, conhecidos no termo da aldeia como os barros, e que proporcionavam tulhas cheias de trigo, até há uns anos atrás.
É de coração aberto que esta gente recebe os forasteiros que lhes vem contemplar e distinguir a alma.
Tradições:
No campo das tradições, as festas e romarias desempenham um
papel importante nas características culturais de um povo, pois através delas
que pode medir a religiosidade dos populares. É aqui que se verifica o fervor
religioso das populações, manifestado nas procissões e missas em honra dos seus
santos de eleição, a quem pedem graças nos momentos de aflição, depois de
homenageados os santos é tempo de instantes mais pagãos, expressos na animação
e diversão alcançadas através da musica, da dança, e do convívio entre as
pessoas, quer sejam da freguesia, quer de outro ponto do País pois é comum
estas festas e romarias serem bastante concorridas por visitantes.
Assim sendo, nesta freguesia devotam-se as festividades a
Santa Joana Princesa de Portugal, realizada no dia 12 de Maio e no segundo
Domingo de Setembro, em Salselas a Santa Eufémia, levada a cabo no 1º domingo
de Setembro, na povoação de Limãos; e a São Miguel, que tem lugar no mês de
Agosto especialmente para os emigrantes, e de novo a 29 de Setembro, no povoado
de Valdrez.
Um aspecto importante das tradições são os cantares e as
danças populares, que, antigamente, divertiam novos e velhos e que se juntavam,
depois do árduo trabalho agrícola e passavam um bom momento de alegria e
diversão. Em Salselas, a tipicidade das danças e cantares é divulgada pelo
grupo dos Pauliteiros da freguesia que, durante as suas actuações, cantam e
dançam, vários temas nos quais se incluem os seguintes:
A erva
Se tu queres que eu te segue
A tua erva Traz-me a gadanha Com a sua pedra, Para a amolar, Traz-me o teu carro Para eu carregar Que segada a tem Que segada está
Se tu queres amanhã
Ir comigo ao campo, A colher a folha Do ulmo branco Da minha ventana Da tua ventana Do teu balcão Se tu queres Que te arrombe a porta Meus amigos Em trio são. |
O malhão
Ó Malhão malhão
Tim, tim, tim (bis) Que vida é a tua Tim, tim, tim
Comer e beber
Ò terrim tim tim (bis) Passear na rua,
Foi o caixeirinho
Foi o caixeirinho (bis) Das perninhas tortas,
Ó Malhão malhão
Tim, tim, tim (bis) Quem te deu as meias Tim, tim, tim.
Foi o caixeirinho
Foi o caixeirinho (bis) Das perninhas feias. |
|
|
A ponte grade
Pela ponte grade
Dergum, dergum, dergum, dão, Vinte e cinco cegos vão, Cada cego leva o seu moço, Cada moço leva o seu cão, Cada cão leva o seu gato, Cada gato leva o seu rato, Cada rato leva a sua espiga, Cada espiga leva o seu grão.
Lá para a serra do Marão
Lá para a serra do Marão |
|
A acompanhar estas danças e cantares, surgem os trajes
típicos dos pauliteiros, composto por vários matérias e com características
muito especiais, diferente da maioria dos trajes do país, deste modo, segundo a
obra dos Pauliteiros de Miranda, da autoria de António Cravo, o traje é constituído
pelos seguintes elementos:
O saio é normalmente decorado com folhos e rendas que se sobrepõe ao saiote interior, quase sempre de cor branca e ás vezes vermelha.
Por cima do saio são colocados quatro lenços de seda de cores variadas:
Um à frente protegendo o ventre, outro atrás protegendo os rins e um em cada flanco, como se fosse o substituto duma túnica fendida ou uma peça de armadura.
O colete é de surrobeco de cor negra ou castanha, enfeitado com fitas ou decorado com desenhos geométricos talhados no próprio tecido, sobre fundos brancos.
O saio é normalmente decorado com folhos e rendas que se sobrepõe ao saiote interior, quase sempre de cor branca e ás vezes vermelha.
Por cima do saio são colocados quatro lenços de seda de cores variadas:
Um à frente protegendo o ventre, outro atrás protegendo os rins e um em cada flanco, como se fosse o substituto duma túnica fendida ou uma peça de armadura.
O colete é de surrobeco de cor negra ou castanha, enfeitado com fitas ou decorado com desenhos geométricos talhados no próprio tecido, sobre fundos brancos.
O chapéu normalmente de cor preta é decorado com fitas de
seda, penas e flores. Este chapéu emplumado poderá simbolizar um capacete com
penacho.
Nalguns grupos de pauliteiros cobrem os ombros, por cima do traje, também com lenços berrantes, estilizando um escudo.
A indumentária mirandesa é sempre acompanhada com dois paus que dão o nome à dança dos pauliteiros, nas mãos de cada homem num grupo de oito.
Nalguns grupos de pauliteiros cobrem os ombros, por cima do traje, também com lenços berrantes, estilizando um escudo.
A indumentária mirandesa é sempre acompanhada com dois paus que dão o nome à dança dos pauliteiros, nas mãos de cada homem num grupo de oito.
Locais de interesse:
A freguesia de Salselas ficou conhecida pelo fabrico da
telha e de carros de bois. Um dos percursos pedestres do Azibo passa por aqui e
tem a denominação de “dos Fornos Antigos” pelos vários fornos de cerâmica aí
existentes, um deles da época romana.
O forno de tipologia Romana, situa-se no lugar dos
Barreiros, inscrito na matriz cadastral rústica com o n.º 1559 da freguesia de
Salselas e pertence à Sr.ª D. Maria Joana Pires. A cerca de 500m na saída Norte
de Salselas para Valdrez pelo caminho público de terra batida e sobranceiro à
ribeira de Salselas.
Foi descoberto em 1998 quando se procedia a trabalhos
agrícolas. Imediatamente, o Sr. Dr. António Cravo responsável pelo Museu Rural
de Salselas e alguns elementos da Junta de Freguesia de Salselas, pediram a
intervenção dos serviços do IPA da Extensão de Macedo de Cavaleiros que se
deslocaram ao local e tendo em vista a sua preservação mandaram entulhá-lo,
constando da base de dados deste Instituto, com o CNS 13218, com uma descrição
sumária visto ter sido só analisado parcialmente.
Um dia de Março de 1998, Manuel António Pereira, natural de
Paradinha Nova – Bragança e empregado rural dum Salselense, andava a decruar na
terra da D. Maria Joana Tiago, com um tractor e reparou que este abrira um
buraco estranho, não muito grande, não tendo feito muito caso disso.
No verão desse mesmo ano, Eduardo Tiago Sarmento, fugia
atrás de uma raposa com o irmão Dinis Tiago Sarmento, na direcção do tal
buraco, sem dele terem conhecimento. Já na propriedade da D. Maria Joana Tiago
deixaram de ver a raposa, mas descobriram o buraco e imaginaram que ela
ter-se-ia escondido dentro. Meteram lá um pau que traziam consigo e o vazio
engoliu-o quase todo, na direcção horizontal e disseram um para o outro “ aqui
há qualquer coisa”.
Depois a notícia foi-se propagando e nesse mesmo verão, dois
familiares da proprietária, puseram o buraco à luz do dia, cavando naquela
zona, até que descobriram qualquer coisa estranha, em vez do “tesouro” que
procuravam.
O forno é composto por dois níveis:
a) Área de aquecimento (nível inferior) constituída por
(praefurnium)boca do forno, que dá acesso à câmara de combustão. A câmara de
combustão está dividida transversalmente por três grossos muretes com aro
central contrafortando-se na estrutura lateral e dando suporte ao leito do
forno, sendo esta a sua principal função, assim como proceder a uma melhor
distribuição do fogo. O interior do forno aparece revestido com uma pequena
capa de barro argiloso de um ou dois cms
b) Câmara de cozedura (nível superior) constituída pela
grelha (leito com 15 orifícios dispostos de forma simétrica) e provável
abóbada, assim leva a supor a ligeira inclinação encontrada nos arranques. O
forno encontra-se encastrado em caixa trilateral escavada na rocha (xisto) e é
totalmente construído em blocos de argila (tijolos) feitos à mão e secos ao
sol.
A estação de Arte Rupestre, é tambem um local importante na
freguesia esitua-se a um quilómetro pela estrada municipal da saída Norte da
Freguesia de Salselas em direcção à povoação de Valdrez, num morro pouco
pronunciado e de vertentes suaves, sobranceiro à ribeira de Salselas,
pertencente aos Srs. Orlando Costa Escaleira e João de Deus Dias.
Tanto pelos registos bibliográficos disponíveis “ Memórias
arqueológico-históricas do Distrito de Bragança: arqueologia, etnografia e
arte” [Alves,1934], “O leste do Território Bracarense” [Neto,1975], assim como
do que verte do trabalho de relocalização efectuado pela extensão do Instituto
Português de Arqueologia de Macedo de Cavaleiros. A suspeição da valoração do
sítio prendia-se com a possível existência no local de um monumento megalítico,
o qual, após a prospecção parcial que foi feita ao local, não foi possível
confirmar.
Todavia foram descobertas, pelo autor no verão de 2001, duas
rochas de xisto “in situ” com gravuras filiformes e no Outono do mesmo ano, uma
montureira ( em olival contíguo) com doze rochas gravadas ,também em xisto, com
a mesma técnica e repertório homogéneo.
Foram descobertas no sítio denominado Cabeço da Anta,
freguesia de Salselas, no verão de 2001, pelo autor, duas rochas de xisto “in
situ” com gravuras filiformes. No Outono do mesmo ano, acompanhado pela sua
mulher, Maria Belmira Mendes, esta, localizou, numa montureira localizada no
meio de um olival, doze rochas com a mesma técnica de gravação e repertório
homogéneo.
João de Deus Dias, proprietário do olival onde se encontrava
a montureira, tinha manifestado o interesse em retirar o amontoado das pedras afim
de definir extremas com Orlando Costa Escaleira. Nesse sentido e na iminência
do desaparecimento das pedras, solicitei à Câmara Municipal de Macedo de
Cavaleiros equipamento e mão de obra necessária para se retirar os blocos com
gravações, não sem antes ter efectuado o seu registo por desenho e fotografia,
só depois de procedeu à evacuação para local seguro e apropriados de cerca de
cinco dezenas de blocos pétreos de várias dimensões e com gravações.
Durante os trabalhos de escavação, 20 de Agosto, compareceu
no local o Dr. Mário Reis, da extensão do IPA de Macedo de Cavaleiros, que foi
posto a par do decorrer dos trabalhos, levado aos locais onde se encontravam os
blocos com gravações, confirmou o interesse do achado.
Pertencendo à freguesia de Salselas estão as localidades de
Limãos e Valdrez.
São vários os registos históricos e arqueológicos desta freguesia, desde a Igreja Matriz datada de 1727, com óptima talha retabular e pinturas nos caixotões do tecto, de época barroca. Destacamos ainda mais três registos religiosos, as Capelas de Sta. Joana, Sto. António e S. Francisco.
São vários os registos históricos e arqueológicos desta freguesia, desde a Igreja Matriz datada de 1727, com óptima talha retabular e pinturas nos caixotões do tecto, de época barroca. Destacamos ainda mais três registos religiosos, as Capelas de Sta. Joana, Sto. António e S. Francisco.
Tem ainda em bom estado duas fontes de águas, uma fonte de
mergulho, muito bem conservada, e a fonte das Águas Santas. Perto de uma das
fontes, no meio da aldeia, encontramos um monumento ao Dr.João Gonçalves,
médico e benemérito que casou e viveu nesta aldeia, autor literário e
histórico. Um outro autor Salselense é António Cravo, poeta e investigador com
vasta obra publicada e residente ora em Macedo de Cavaleiros, ora em Paris.
De destacar ainda o Museu Rural, possuidor de uma invejável
colecção etnográfica das gentes locais.
Do património edificado de Limãos salientamos a Igreja
Matriz, a Capelinha de S. Marcos e a Capelinha de S. Alexandre; solar
Figueiredo Sarmento, do Morgado de Limãos, com capela anexa ainda com a pedra
de armas. As diversas fontes de mergulho, todas diferentes e todas
características, merecem também atenção. Esta aldeia fica no fundo de uma
pequena bacia do barro característico do MONTE DE MORAIS (Rede Natura 2000 e
Biótopo Corine) que no Inverno se encharca de água e é atravessada pelo Ribeiro
de Limãos, cujo pontão na aldeia foi feito há mais de meio século e exibe o
monograma MN (Matas Nacionais).
Um dos troços do rio Azibo corre entre Limãos e Olmos,
moldando a paisagem criando um sulco profundo que é visível da Fraga do
Castelo, um penhasco merecedor de visita. Assim como merece visita, todo o
vale, para os apreciadores de paisagens e natueza.
Bem no centro da aldeia de Limãos podemos encontrar a Casa
dos Pinelas, uma excelente unidade hoteleira de turismo rural.
Na estrada de Salselas para Valdrez, encontra-se um monte sobranceiro, Cabeço da Anta, que está sulcado pela Linha do Tua, inaugurada em 1906 e encerrada nos anos noventa, no qual há vestígios de ocupação antiga, nomeadamente pelas gravuras rupestres.
Na estrada de Salselas para Valdrez, encontra-se um monte sobranceiro, Cabeço da Anta, que está sulcado pela Linha do Tua, inaugurada em 1906 e encerrada nos anos noventa, no qual há vestígios de ocupação antiga, nomeadamente pelas gravuras rupestres.
Na aldeia de Valdrez, é de salientar a sua Igreja matriz com
uma pintura de um mural a Fesco, de época quinhentista e a capelinha com Orago
a Nª Sra. da Conceição e ao Divino Espírito Santo
Artesanato:
Em Salselas podemos encontrar artesanato de ferraria,
Carpintaria para carros de bois e bordados regionais.
Gastronomia:
Nesta região temos como gastronomia típica, calços ou
roscas.
Estes bolos dominam uma tradição que se repete anualmente a 12 de Maio, dia de Santa Joana. Após a missa, os homens dividem-se em dois grupos – solteiros e casados – para licitar o «ramo», como é vulgarmente apelidado o charolo de Santa Joana. Trata-se de uma estrutura de madeira (substituída agora por uma réplica de ferro) com diversos patamares onde são colocadas as roscas para arrematar, geralmente duas por inscrição.
Estes bolos dominam uma tradição que se repete anualmente a 12 de Maio, dia de Santa Joana. Após a missa, os homens dividem-se em dois grupos – solteiros e casados – para licitar o «ramo», como é vulgarmente apelidado o charolo de Santa Joana. Trata-se de uma estrutura de madeira (substituída agora por uma réplica de ferro) com diversos patamares onde são colocadas as roscas para arrematar, geralmente duas por inscrição.
Segundo o director do museu rural, a tradição serve como
exemplo dos diversos relacionamentos entre o culto pagão e a formação
religiosa: “apesar de nalgumas aldeias o charolo estar completamente
cristianizado, por ser incorporado na liturgia da missa e da procissão atrás do
santo, em Salselas ainda está remetido à característica primitiva". As
roscas, bolos de farinha e ovo (entre outros ingredientes), são moldadas em
forma de coroa ou de quarto crescente lunar segundo “os cultos de outros tempos
ao sol e à lua”, complementa António Cravo. Um charolo original em madeira, com
cerca de metro e meio de altura, encontra-se em exposição no museu.
Colectividades:
Associação Recreativa e Cultural da Freguesia de Salselas e
os Pauliteiros
Maria de Jesus Cepeda
Sem comentários:
Enviar um comentário