Há dias em que a cama é uma nuvem de algodão.
Sabemos que não pode ser, que não podemos continuar naquela modorra, mas
estamos tão bem ali...
Não vale a pena insistir, esticar um pé para
fora dos edredons... Não. Ela agarra-nos como se fosse o nosso garboso príncipe
encantado, montado no seu belo cavalo branco, olhar de mel, sorriso de seda,
lindo de suspirar.
Temos de ir, mas queremos ficar... Apetece
mandar a responsabilidade para lá de Bagdad. Dizer-lhe que hoje quem manda sou
eu.
A vida é tão curta. A juventude tão efémera.
A beleza tão fugaz.
Só mais cinco minutos, só cinco minutinhos,
pequeninos como os flocos de algodão que envolvem o meu corpo neste céu.
Os cinco minutos acabaram. O telemóvel continua
a chamar-nos. O tempo passa a voar nas asas de todos os pássaros do mundo que
não param para ficar.
O sair daquele paraíso é uma violência
intolerável. Sinto-me prisioneira e as algemas imaginárias que me atam as mãos, aniquilam a minha rebeldia.
Os pés, pousados no tapete, ainda resistem. A
cabeça, contra vontade, luta a sua guerra e vence-se a si própria.
Banho que já estou atrasada, muito...
Um café para despertar, como se fosse
possível.
O carro na garagem...
Um beijo apressado. A máscara esquecida.
Ai que atrasada estou.
Maria Cepeda (Foto e Texto)
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