Aos 90 anos
partiu Fidel Castro para a aventura, última quanto sabemos, da eternidade, o
tudo ou nada da existência de cada um de nós.
Marcou mais de seis décadas da história recente, um perfil de profeta, com barba e tudo, a prometer, como sempre fazem os profetas, a salvação para lá do horizonte e a justiça implacável para os incréus, que seriam comidos pelas pragas que ele próprio lançava da sua praça em Havana.
Marcou mais de seis décadas da história recente, um perfil de profeta, com barba e tudo, a prometer, como sempre fazem os profetas, a salvação para lá do horizonte e a justiça implacável para os incréus, que seriam comidos pelas pragas que ele próprio lançava da sua praça em Havana.
A formação
cristã do jovem Fidel, católica, em colégio jesuíta, certamente lhe alimentou a
esperança e a sede de justiça. Terá reflectido, nos seus verdes anos sobre as proclamações
atribuídas a Jesus no sermão da montanha: “bem-aventurados os que têm fome e
sede de justiça porque serão saciados” e “bem-aventurados os puros de coração
porque verão a Deus”.
A sua condição material, de família abastada e próspera, não parecia calhá-lo para a revolução, mas arriscou a vida e o conforto, em nome de um ideal e não perdeu, depois da Sierra Maestra, onde terá ficado perto do Deus que veio a negar, saboreando os puros charutos, que o tornaram um ícone.
Puros provavelmente par-
tilhados com um imitador de Cristo, Ernesto de seu nome, “Che” para milhões de românticos de barba e cabelo ao vento, o argentino Guevara, que fez da revolução o seu único destino, até à morte humilhante, às mãos de um centurião pouco dado a misericórdias.
Aí, em 1967, na Bolívia, não foram bem-aventurados os mansos, como no sermão fora dito. E Fidel também não imitou Gandhi, o pacifista que acabou assassinado. Fez como David, mas transmutou a funda e proclamou uma nova terra da promissão, por mais que não caísse lá o maná de todos os dias, que o céu se fosse tornando tenebroso e o espectro de Job povoasse os dias de gerações desiludidas.
Mas viu surgir herdeiros que lhe reclamam amor filial e prometem honrar-lhe a memória, da Nicarágua à Bolívia, de Angola à Venezuela, garantindo que o seu legado não será esquecido.
Dos actos destes “apóstolos” têm resultado tragédias de verdadeira perdição, com a instalação da anarquia, apesar dos raios e coriscos que lançam contra o mundo e os seus patrícios, no caso da Venezuela a morrerem à fome estendidos sobre uma cama de petróleo.
Francisco, um jesuíta que chegou a Papa, encontrou-se duas vezes com Fidel. Hão-de ter falado desse sermão da montanha e da pureza de coração, que os puros Habanos já pesavam então no alento do envelhecido profeta.
Dificilmente se poderá dizer que Fidel era malevolente, ganancioso, corrupto e outros qualificativos adequados a alguns protagonistas da política. Dir-se-á, no entanto, com propriedade, que era senhor de um orgulho desmedido, um prosélito relutante a ouvir os outros, que não foi capaz da mansidão nem da serenidade, indispensáveis à solidez da coragem.
Talvez do outro lado encontre o “Che” a fumar um puro e possam pensar sobre os caminhos que romperam. Nós, os que ainda por cá estamos, temos também um bom tema para reflexão.
A sua condição material, de família abastada e próspera, não parecia calhá-lo para a revolução, mas arriscou a vida e o conforto, em nome de um ideal e não perdeu, depois da Sierra Maestra, onde terá ficado perto do Deus que veio a negar, saboreando os puros charutos, que o tornaram um ícone.
Puros provavelmente par-
tilhados com um imitador de Cristo, Ernesto de seu nome, “Che” para milhões de românticos de barba e cabelo ao vento, o argentino Guevara, que fez da revolução o seu único destino, até à morte humilhante, às mãos de um centurião pouco dado a misericórdias.
Aí, em 1967, na Bolívia, não foram bem-aventurados os mansos, como no sermão fora dito. E Fidel também não imitou Gandhi, o pacifista que acabou assassinado. Fez como David, mas transmutou a funda e proclamou uma nova terra da promissão, por mais que não caísse lá o maná de todos os dias, que o céu se fosse tornando tenebroso e o espectro de Job povoasse os dias de gerações desiludidas.
Mas viu surgir herdeiros que lhe reclamam amor filial e prometem honrar-lhe a memória, da Nicarágua à Bolívia, de Angola à Venezuela, garantindo que o seu legado não será esquecido.
Dos actos destes “apóstolos” têm resultado tragédias de verdadeira perdição, com a instalação da anarquia, apesar dos raios e coriscos que lançam contra o mundo e os seus patrícios, no caso da Venezuela a morrerem à fome estendidos sobre uma cama de petróleo.
Francisco, um jesuíta que chegou a Papa, encontrou-se duas vezes com Fidel. Hão-de ter falado desse sermão da montanha e da pureza de coração, que os puros Habanos já pesavam então no alento do envelhecido profeta.
Dificilmente se poderá dizer que Fidel era malevolente, ganancioso, corrupto e outros qualificativos adequados a alguns protagonistas da política. Dir-se-á, no entanto, com propriedade, que era senhor de um orgulho desmedido, um prosélito relutante a ouvir os outros, que não foi capaz da mansidão nem da serenidade, indispensáveis à solidez da coragem.
Talvez do outro lado encontre o “Che” a fumar um puro e possam pensar sobre os caminhos que romperam. Nós, os que ainda por cá estamos, temos também um bom tema para reflexão.
Por Teófilo Vaz
Retirado de www.jornalnordeste.com
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