São
cada vez mais os agricultores que apostam na produção de frutos vermelhos, como
mirtilos ou framboesas mas os morangos parecem ser a opção da maioria dos
agricultores do nordeste.
A
produção de morangos ainda parece ser a preferida dos agricultores que decidem
dedicar-se à produção de frutos vermelhos. A maior rapidez do crescimento da
produção e consequente rapidez na rentabilidade faz com que muitos agricultores
invistam nesta área.
Nuno
Rodrigues, de 31 anos, é produtor de frutos vermelhos em Pinela, no concelho de
Bragança, há quase cinco anos. Os mirtilos estão em forte expansão mas o
agricultor admite que esta cultura “demora mais alguns anos a ser rentável”.
Inicialmente, o produtor começou com uma plantação de sete hectares de mirtilo,
que produziram cerca de uma tonelada do fruto. No segundo ano foram produzidas
4 toneladas e, este ano, Nuno Rodrigues, espera produzir 12 toneladas. Já a
produção de morangos tem-se mantido nas cerca de 40 toneladas por ano, numa
plantação de quatro hectares. O agricultor, que é também empresário agrícola,
tem vindo a criar uma rede de parcerias com outros agricultores, de forma a
conseguir obter uma maior quantidade de produto, destinado à exportação,
nomeadamente para o Reino Unido e Holanda. O sucesso desta rede, está a fazer
com que o projecto esteja a ser alargado para a produção de hortícolas. “É
necessário apostar na organização de produtores, para conseguirmos chegar mais
longe”, sublinhou Nuno Rodrigues, em entrevista ao Jornal Nordeste.
Ainda
no concelho de Bragança, encontramos Pedro Pires, um jovem de 34 anos, que se
dedica à agricultura a tempo inteiro. A produção de morangos na aldeia de Paradinha
Nova é uma das culturas em que decidiu apostar, quando há quatro anos tomou a
decisão de ser agricultor a tempo inteiro, sendo que, já vinha a dedicar-se a
esta área desde 2008. Este ano, pretende aumentar a plantação de dois para três
hectares, o que permitirá obter uma produção de cerca de 40 toneladas. O
agricultor concorda que esta “é uma cultura de risco”, até porque está muito
dependente das condições atmosféricas, mas que “dá frutos” mais rapidamente.
Pedro Pires quer agora apostar na implantação de estufas para garantir a
colheita de morangos no Outono, época do ano em que a oferta não corresponde à
procura, o que faz inflaccionar o preço do fruto.
O
empresário agrícola aposta também na exportação para o mercado espanhol. “A
partir de Maio, quando a produção de Huelva acaba, a oferta espanhola é
insuficiente para a procura. È nessa altura, que o morango português entra no
mercado espanhol, sobretudo o dos produtores da zona oeste de Portugal, que
vendem o seu morango no mercado abastecedor de Madrid. Eu vou tentar fazer o
mesmo, numa escala mais pequena, em cidades de província”, contou Pedro Pires
ao Jornal Nordeste.
Em
S. Pedro Velho produzem-se mais de cem toneladas de morangos
A
freguesia de S. Pedro Velho, no concelho de Mirandela, é cada vez mais
conhecida pela produção de morangos. Em plena Terra Quente Transmontana, os
morangos ganham fama por serem mais doces e por se colherem mais cedo.
Numa
aldeia com cerca de 200 habitantes, há cinco produtores de morangos, que colhem
anualmente, entre os meses de Abril e Novembro, cerca de 100 toneladas do
produto, escoando-o na região, mas também em Espanha. Uma cultura que rende
anualmente cerca de 150 mil euros.
A
criação de um agrupamento de produtores de morangos em S. Pedro Velho pode ser
o primeiro passo para a afirmação do produto no mercado e para evitar a
flutuação do preço destes frutos. Esta é uma ideia que tem vindo a ser
discutida pelos produtores e autarcas e que foi até defendida pelo eurodeputado
José Manuel Fernandes, em Junho de 2014, depois de ter visitado a Feira do
Vinho e Morangos de S. Pedro Velho, no mês de Maio desse ano. Mas a criação do
agrupamento ainda não saiu do papel e os produtores continuam a trabalhar
individualmente. “Apesar de termos feito alguns esforços, não se conseguiu
formar um agrupamento de produtores”, referiu o presidente da Junta de
Freguesia de S. Pedro Velho, Carlos Pires.
A
aposta nesta cultura começou há mais de duas décadas, impulsionada sobretudo
por alguns habitantes da aldeia, que tinham emigrado para França, onde
aprenderam os segredos da produção de morangos. Este ano espera-se que a
colheita comece em meados de Abril. As temperaturas, neste Inverno, estiveram
mais altas, o que poderá antecipar a colheita, ainda que ligeiramente, pois as
temperaturas altas foram compensadas pelas geadas.
A
fama da qualidade dos Morangos de S. Pedro Velho tem levado centenas de pessoas
à Feira do Vinho e Morangos, que este ano se realiza pela oitava vez, nos dias
7 e 8 de Maio.
Jornalista: Sara Geraldes
Retirado de www.jornalnordeste.com
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