cinzento, o dia passa devagar
sem poesia nenhuma
frio, o dia, que o tempo torna voraz
ávido de calor, de palavras
que ditem amor
melodia,
mel,
paixão de corpos entrelaçados
em delírio
e trevas
ou medos
infortúnios
degredos...
poesia.
na minha língua
na tua
noutra, de todas as línguas
bela, como a minha
a nossa
a tua
onde amamos da mesma forma
ou de diferente maneira
e somos, apenas, palavras
poesia.
choro
angústia
maresia,
de mar imenso
embala o meu sono inquieto
turbulento
como a palavra noite
quando um pesadelo rompe,
violento,
como a palavra guerra
e a palavra morte
que mata
culpados e inocentes
poesia.
faço-me mar
montanha
primavera
junquilhos amarelos no meu jardim
quimera...
não há poesia num sorriso triste
só na palavra tristeza
num pequeno ponto
núcleo
origem
momento
que se torna suave brisa
ou tormentoso vento
Maria Cepeda
Sem comentários:
Enviar um comentário