quinta-feira, 8 de maio de 2025

Há, na vida de todas as pessoas...


    Há, na vida de todas as pessoas, uma fase interessante, conturbada, sofrida. Um dia pode ser o mais lindo de todos os tempos e, ao mesmo tempo uma angústia sem fim à vista. Podemos amar tudo e todos e no momento seguinte, votá-los a uma indiferença atroz.
    Há dias que não passam nunca e dias que acabam mal começam. O amor acontece e é violento, redemoinho de emoções desencontradas, medo de não saber... mas também, há dias e noites serenos.
    Serenos, mas não perfeitos; calmos, mas não amenos. As noites são mais propensas a estes estados de alma que tanto nos afetam. Na minha adolescência, em certas noites, encaminhava-me para a Capela de Santo António e, sentado nos degraus que a circundam, olhava para as estrelas e sonhava.
    Sonhava tentando decifrar os enigmas de que são e somos feitos. Todos os porquês da minha infância bailavam estrepitosamente na minha cabeça e eu tentava colocar um pouco de ordem no salão de baile.
    Só que estes porquês, agora mais e mais transcendentes, faziam com que as respostas não fossem tão simples e lineares como a maioria das que são feitas na primeira infância. Para a maioria delas, não achava resposta que me satisfizesse e, então, quase me apoquentava.
    A noite era estrelada, destes milhares de estrelas que tão nitidamente vemos no nosso céu de Trás-os-Montes, e que na escuridão, quase parece azul... E, então a Lua, uma enorme esfera, Lua cheia, aquela que os lobos e os cães celebram com os seus uivos agourentos que, dizem os velhos, anunciam desgraças.
    Outro mistério, dos muitos insondáveis mistérios para os quais eu não tinha nem tenho respostas. Sei apenas o que vejo; não sei quem ou o quê os colocou lá. Sinto apenas uma aragem fina, diáfana como a vida de todo o ser humano em comparação com a vida do universo ou com a vida do planeta a que chamamos nosso.
    E agora? Sonharei com ela? Não. Sonharei com o princípio de todos os tempos. O que não sei, é quem foi que puxou os cordões para que tudo acontecesse. O porquê das estrelas todas que a olho nu vejo e as que, estando tão distantes, não posso ver.
    Quando o homem chegou à Lua com a Apolo 11, em 1969, preguei os olhos no televisor e não despeguei um instante. Acompanhei a par e passo, tudo aquilo que estava à nossa disposição e o grande fascínio que senti por aqueles homens é comparável ao que sinto pelos nossos Descobrimentos. 
    O que o universo me transmite, em todas as noites de céu estrelado, quase azul, com a Lua a brilhar nas noites de Bragança, em campo aberto, o que aprendi nas noites serenas da minha adolescência, não consigo explicar. Sinto-o profundamente.
    Sei que o Universo é o conjunto de tudo o que existe; o conjunto formado pelo espaço com todos os astros; é o mundo; é a universalidade dos homens. Mas o que será, efetivamente, o Universo? Como se terá ele formado? Há quanto tempo existirá eo que o terá levado a seguir o rumo que seguiu? Por quanto tempo mais existirá?
    É, no conjunto de todos os astros, que encontramos o Sol, a estrela que é o centro do nosso sistema planetário, uma estrela de quinta grandeza que, por acaso ou não, se encontra na nossa Via Lactea.        

Marcolino Cepeda

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