sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Estilhaço


 chove como quem chora

molhando a calçada

que calcorreio, perdida

na ânsia de nada

que tudo anseio 

nesta triste vida

de insanos sonhos

onde ando perdida,

jamais encontrada,

e, como de permeio,

passos na autoestrada

deixam vestígios

de larga passada

que minha não é

no meu pé de chinesa 

enfio uma meia

de fina tristeza...

por cima, botas de aço

crânios estilhaço

a cada pequeno passo

choro perdido

laço no vestido

frio no regaço

amamenta o filho

de pé, no terraço


De Maria Cepeda

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