
A actividade como jornalista e poeta constitui para Barroso da Fonte um bálsamo refrescante de vida, o ar que respira, em liberalidade só igualada pela prodigalidade que confere sentido ao valor absoluto da amizade, à entrega ao próximo, à defesa do mais frágil, do mais desprotegido. Disso não fala ele tanto, e faz muito bem. Só quem o conhece de perto adquire a preciosa noção da ternura e do desvelo que comporta cada seu gesto. Creio que sempre cultivou a arte como uma forma de transcendência, de ultrapassagem das pesadas agruras da existência, mesmo sem ter, por vezes, plena consciência disso. O nosso trajecto de amizade conta já perto de meio século, apoiado num apreço sem desfalecimento, numa disponibilidade total quando requerida, numa convivência sã e fraterna. Estivemos sempre presentes nos momentos importantes da vida de cada um. Quando há poucos anos me pediram um breve testemunho sobre Barroso da Fonte, escrevi o seguinte:
O livro agora distribuído, da autoria do Coronel Dias Vieira e de João Pedro Miranda constitui um trabalho meritório e bem concebido que merece ser lido, conhecido e apreciado. Fornece uma panorâmica mais alargada e completa do que foi a vida de Barroso da Fonte, como homem, historiador e jornalista.
Quero por fim expressar à Academia de Letras de Trás-os-Montes e aos seus principais mentores o meu obrigado pelo convite para participar neste gesto de elevado significado, revelador de que a Academia não é indiferente aos momentos importantes da vida dos seus associados, demonstração de que os transmontanos e em particular os seus homens de letras continuam sábios guardiões do património de gratidão legado pelos seus maiores, mantendo aceso o farol dessa identidade preciosa que resiste contra ventos e marés, perante a voracidade hegemónica e aniquiladora da diversidade do que é específico, autêntico e de direito próprio.
O Coronel Dias Vieira, co-autor do livro ali apresentado também usou da palavra para enaltecer as qualidades do seu conterrâneo e amigo e também para explicar as pesquisas que fez através da colecção do Semanário A Voz de Trás-os-Montes para escrever os primeiros anos de jornalismo deste que volvidos 60 anos ainda continua a colaborar no Jornal-Escola.
Por António Carneiro Chaves
Retirado de www.netbila.net
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