sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017
Festival do Butelo e das Casulas - abertura oficial
Visite o Festival do Butelo e das Casulas, na Praça Camões, até ao próximo dia 26 de fevereiro.
20 produtores de butelo, casulas e fumeiro
e 14 expositores de artesanato, produtos hortícolas e produtos da terra
esperam por si na tenda, decorre o Festival do Butelo e das Casulas,
inaugurado oficialmente a 24 de fevereiro.
Fora da Praça Camões, o Festival do Butelo e das Casulas “decorre” em cada um dos 26 restaurantes aderentes.
Educação: o irritante labirinto (Editorial do Jornal Nordeste)
Durante
décadas aventureiros sem raiz invadiram o sistema educativo, promovendo o caos,
à espera de ficar à tona no caldo do obscurantismo. Inventam novas vanguardas a
cada passo, gritam provincianas referências em cascata, hoje o Chile, amanhã a
Finlândia, depois a Coreia, num seguidismo de experimentalismos sem conclusões
sólidas, ao sabor de pequenos e grandes interesses corporativos e mesquinhos.
O
efeito tem sido, apesar das ilusões vendidas nas praças das novas Baratarias, o
descalabro generalizado do verdadeiro conhecimento, da sabedoria, confundidos
com espertezas rançosas, ninhos dos germes da ousadia, a medrar nos monturos da
ignorância.
Nunca
houve tanto leitor trôpego ao fim de mais de uma década de frequência da
escola, nunca se escreveu de forma tão caótica, mesmo ininteligível, quando se
está prestes a franquear a ombreira das portas das universidades. No entanto,
têm a supina lata de proclamar estes tempos como os das gerações mais
preparadas de sempre.
Sabemos
todos que, realmente, não é assim. Sentimos, alguns, que nestas décadas se foi
desenvolvendo uma cruel traição, que inviabilizou para sempre o cultivar da
sabedoria por milhões de cidadãos deste país, em nome do resultadismo
estatístico com efeitos gravosos no funcionamento geral da sociedade, uma fonte
interminável de frustrações.
A
educação é o esteio insubstituível da dignidade, da autonomia e da liberdade
autêntica. Não pode ser confundida com facilitismo, mascarado de incentivo à
procura individual sem norte. Dessa forma ficaríamos condenados a recomeçar
sempre o percurso, não saindo nunca do sítio da pantanosa mediocridade. Para
arriscar o percurso prospectivo é preciso partir de conquistas consolidadas,
para que se olhe o horizonte com o ânimo de lhe romper os limites.
O
grande ideal era garantir o direito de todos a participar do conhecimento, cada
um à medida das suas capacidades, do seu esforço e do seu trabalho. Aí se
justificaria a flexibilidade dos professores, libertos das imposições rígidas
do curriculum, partilhando a construção da autonomia de cada aluno, que haveria
de chegar, ao seu ritmo, ao verdadeiro sucesso.
O
que se tem feito é uma forma hipócrita de confusão do sucesso com a
mediocridade, instalando um labirinto cada vez mais enredante, onde nem será
possível esperar pela revolta de um qualquer Ícaro, porque já ninguém sonhará
com asas libertadoras.
Escrito por: Teófilo Vaz
(Diretor do Jornal Nordeste)
Retirado de www.jornalnordeste.com
A Morte de Germano Trancoso
No
Verão de 1968, intervalando longas férias com um retiro no Seminário de
Vinhais, José Mário Leite e eu ganhámos um concurso literário – ele, com o
melhor texto do primeiro ano; eu, com o melhor contarelo do segundo ano (ainda
me lembro do péssimo título: “Passeio matutino”), gloríola com que passei ao
Seminário Maior. Conhecemo-nos há 49 anos.
A
amizade reforçou-se fora da casa amarela, quando (escrevi em prefácio à lírica
de Pedra Flor, 1996) «tertuliávamos nas madrugadas de Bragança, nos cafés ou em
quartos de aluguer, contra um Regime de coisas que nos abafavam. Nasceu, daí,
já após Abril de 1974, aquele grito Com Um Cravo na Boca, como se intitulava a
estreia dramática de José Mário Leite (1957).»
A
dedicação ao «solo genesíaco», semanalmente confirmada em crónica jornalística
– sem já falar na actuação do presidente da Assembleia Municipal de Torre de
Moncorvo –, tem expressão maior na estreia ficcional (A Morte de Germano
Trancoso, Âncora Editora, 2016), com que o autor toma lugar na ainda pouco expressiva
galeria do romance regional. Somos mais ricos no minifúndio do conto, como já
escrevi. Ora, as duas espécies narrativas conjugam-se com felicidade nos 39
curtos capítulos, bastantes para, assentes em títulos significativos,
percebermos como encarreira esta morte misteriosa.
Assim,
“A carta” da cunhada francesa, com que inauguramos, lança o problema – a morte
do irmão Ramiro e do pai Germano, com que se culpabiliza o herói Gabriel –,
mas, numa técnica de retenção própria do policial, a demanda deste nos calores
de 1976 vê-se intercalada por recorrências da memória. Outro modo de suspender
a narração, com que nos abeiramos do conto, é descrever quadros, além de
retratar figuras humanas ou paisagens naturais. Um exemplo daqueles é o
capítulo II, “O correio”; destas, é o cap. IX, “A senhora dona Ana” ou o cap.
XII, “Fraga amarela”. Significa, pois, uma tessitura de rememoração, tipos e
descrições naturais, dentro da qual se organiza a história, jamais alheada de
títulos comentativos e orientadores: aqui, irmanam-se o V e VI capítulos –
“Culpado de quê?” e “Verdades que não se dizem” –, enquanto motores do enredo,
estando neste título o cerne da questão. Afinal, a verdade não salva? Mas,
antes: o que se entende por verdade, não raro janicéfala?
As
derivas desse arcanjo Gabriel – no final «caído, junto à Pedra dos Noves»,
enigma que também o motiva – acontecem, pois, entre rememoração, lugares
marcantes e várias interlocuções. Estas confrontam hipóteses, no esforço de
desencarnar a verdade (quando, ironia!, o Gabriel bíblico anunciou à Virgem a
encarnação). Além dos espaços da Armandinha e do João Gato, perfila-se a
taberna do Pataquim como embrião de dúvidas. Os momentos aí passados, e a
atmosfera do jogo e dos diálogos, saem excelentes, só ultrapassados na visualização
de espaços vistos de cima. Representação vívida de cenários, na ordem da
descrição, junte-se o tempo da lembrança, em que todos os nordestinos
comungamos: as brincadeiras e riscos próprios da infância; a chegada do
correio, que também Raul Rêgo evocou; a fogueira de Natal; a vindima, pisa e
potada de aguardente; etc.
Falta
referir, todavia, a par de acenos místicos (caso da relação entre triângulo e
hexágono na igreja matriz de Moncorvo), outro tipo de memória: a mítica, que
move a acção. “Histórias e lendas” e vários títulos capitulares isso denunciam,
se necessário fosse alertar-nos para princesa moura vertida em cobra, já não
pisada pela Virgem, mas silenciando o seu anjo anunciador, numa estranha
reversão. Se não quisermos ver aqui um romance de aprendizagem (é evidente que
o protagonista, embora casado, adquire conhecimentos), a vitória do Mal parece
contrariar a lição acima, ou seja: as verdades dizem-se, custe o que custar.
Cúpula
de monumento bem cerzido, temos a linguagem, entre um léxico convergindo no
melhor da nossa tradição e um imaginário de ditérios sobrevivendo na apata
candea de Filipa ou na Delgorda (em vez de Delfina) inventada por João Gato.
Vêm disseminados alguns achados estilísticos de mão treinada desde aquele Verão
adolescente.
Escrito
por Ernesto Rodrigues
Retirado
de www.mdb.pt
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017
553 anos de Bragança Cidade
Um programa cultural diversificado para comemoração dos
553 anos do foral de cidade, concedido por D. Afonso V em 1464, a Bragança.
Foram vários os pólos de atracção destas comemorações que
começaram sábado dia 18 de Fevereiro e se estenderam até dia 20 de Fevereiro, o
dia de aniversário.
Entre as iniciativas promovidas destacam-se a inauguração
das exposições de Souto Moura e Graça Morais no Centro de Arte Contemporânea
Graça Morais, as actuações, na Praça da Sé, dos alunos do Conservatório de
Música e Dança de Bragança e a inauguração do Centro de Interpretação da
Cultura Sefardita do Nordeste Transmontano.
Graça Morais e Souto Moura inauguram exposições em
Bragança
O autor do projecto de arquitectura do Centro de Arte
Contemporânea Graça Morais, Eduardo Souto de Moura, expõe pela primeira vez
obra sua naquele espaço, em simultâneo com uma exposição inédita de desenhos e
textos da própria Graça Morais.
O director do Centro, Jorge Costa, falou do projecto, que
se desenvolve até à próxima Primavera. Esta “é uma exposição inédita centrada
num trabalho que não é habitual mostrar do arquitecto Souto Moura que são os
esquiços. Há uma grande proporcionalidade entre o desenho e o projecto final é
isso que se pretende destacar nesta exposição. Por outro lado, está a pintora
Graça Morais esta é já a 19ª exposição que aqui se faz com a sua vastíssima
obra mas continua sempre a surpreender e apresenta desta vez 50 obras
inéditas.”
A exposição de Souto de Moura expressa a relação entre a
concepção e a concretização da obra. O arquitecto fundamenta só agora ter
aceitado expor no espaço que ele próprio criou. Souto Moura “queria que fossem
rectificadas algumas coisas no espaço que se foi degradando com o tempo ou
pormenores que são menos estéticos dentro do Centro. Ainda não arranjaram mas
pelo menos tenho a promessa que o vão fazer e eu acredito nas pessoas.” Souto
Moura defende que “os arquitectos que se interessam pelas obras e lutam para
que elas fiquem bem mesmo até à última.”
O arquitecto detentor do prémio Pritzker, o expoente
máximo dos prémios da arquitectura, em 2011, explica o que significa esta
exposição. “É um espelho de tudo o que eu já trabalhei e o que aconteceu
enquanto fazia determinada obra. As obras nunca correm bem porque se corressem
bem era sinal de que estávamos satisfeitos e isso é sinal que somos medíocres.
A arquitectura serve para completar a obra de Deus que ficou por fazer, o
objectivo final da arquitectura é a felicidade das pessoas”, esclarece.
Graça Morais traz a público a espontaneidade do seu
quotidiano, com esboços e reflexões sobre momentos de cada dia. “ Muitas vezes
acrescento a palavra porque a palavra reforça a ideia que eu tinha quando
comecei a fazer aquele desenho ou aquela pintura.
“Esta é uma exposição feita de diários sem ordem, porque
eu ao longo da minha vida, talvez nos últimos 30 anos, comecei a fazer diários
com essa intenção de completarem o desenho. A palavra aqui é para reforçar a
imagem e ao mesmo tempo é um diálogo muito secreto comigo mesma” explica a
artista.
A pintora vai mais longe quando confessa que apesar do
carácter mais íntimo desta exposição por ter muito do seu quotidiano, dos
pensamentos, da vida ou daquilo que é enquanto mulher, é agora a altura certa
para mostrar estes trabalhos.
“A partir de um momento que as pessoas começam a
envelhecer sentem que também já podem mostrar outras coisas. Interessou-me
mostrar coisas que nunca tinha exposto, algumas estão repetidas mas expostas de
outra forma, o importante é que os visitantes que vêm ao centro encontrem
sempre algo que os surpreenda”, salienta Graça Morais.
O presidente do município, Hernâni Dias, considera que “o
município de Bragança tem vindo efectivamente a registar um crescimento
turístico significativo, os dados do instituto nacional de estatística apontam
exactamente nesse sentido. O que significa que a estratégia de promoção
territorial que tem vindo a ser desenvolvida tem efectivamente dado frutos”.
Nesse sentido o autarca considera que as exposições são uma boa forma de dar
continuidade à programação cultural, no aniversário do foral, que se comemorou
ontem, com a inauguração do Centro de Cultura Sefardita, também com a participação
de Eduardo Souto de Moura no projecto.
Para o Presidente da Câmara de Bragança “a vertente
cultural é muito importante, desde a qualidade da programação que é definida,
até à qualidade dos equipamentos culturais, que vão ser reforçados com a
inauguração do Centro de Interpretação da Cultura Sefardita.”
Domingo de festa no centro histórico
Ainda em contexto de comemoração pelos 553 anos, os
Brigantinos foram até à Praça da Sé, onde se reuniram para assistirem aos
espectáculos protagonizados pelos alunos do Conservatório de Música e Dança de
Bragança.
Quando questionados sobre a importância deste tipo de
iniciativas os cidadãos têm a opinião unânime que se deveriam repetir várias
vezes ao longo do ano.
Ao final da tarde de domingo, acompanhados pelas bandas
filarmónicas do conselho toda a população foi convidada a cantar os parabéns à
cidade. O dia terminou com o partir de um bolo confeccionado por 12 pasteleiros
da cidade onde se podia ler “553 anos de Bragança- Uma cidade de todos e para
todos”.
Desenho e texto de Graça Morais à conversa com Artur
Pimentel
Um papel na mão de Graça Morais, enquanto conversa com
amigos pode dar uma obra de arte.
O exemplo que reproduzimos foi realizado durante uma conversa
da pintora com o então presidente da câmara de Vila Flor. Conta o ex-autarca
que quando Graça lhe ia colocar algum problema do Vieiro e das suas gentes, a
primeira coisa que fazia era dar-lhe um papel para que o usasse enquanto
conversavam.
O texto é o registo do que ele próprio foi dizendo ao
telefone.
Da figura feminina fica o fascínio do momento breve. Na
exposição estão trabalhos semelhantes, a merecer a atenção do público.
Fica o agradecimento do Jornal Nordeste a Artur Pimentel,
entusiástico admirador de Graça Morais.
Escrito
por: jornalistas Teófilo Vaz / Débora Lopes
Retirado de www.jornalnordeste.com
Medalhas de Mérito Municipal distinguem cinco personalidades da cidade de Bragança
Teve
lugar no dia 13 de Fevereiro, pelas 21 horas, no teatro municipal, a Sessão
Solene Comemorativa dos 553 anos da cidade de Bragança, onde foram homenageadas
várias personalidades.
Os
atletas Pizzi, jogador do Sport Lisboa e Benfica e Ricardo Vilela, ciclista da
equipa colombiana Manzana Postobon Team (ver texto página 19), a investigadora
do Instituto Politécnico de Bragança, Isabel Ferreira (Entrevistada pelo "Nordeste com Carinho. Entrevista já publicada), e as médicas Prudência
Vaz e Teresa Ramos, da Unidade Local de Saúde do Nordeste, receberam a Medalha
Municipal de Mérito.
Para
Isabel Ferreira, este é o reconhecimento do trabalho feito e “tem um valor
especial, porque é o prémio da cidade onde eu nasci e decidi viver.
Emocionalmente, é muito importante para mim e é sempre um estímulo forte saber
que o nosso trabalho é reconhecido e importante quando temos um feedback
positivo do nosso trabalho”, referiu.
Para
a médica Teresa Ramos esta distinção “é uma honra e para mim representa o
agradecimento de toda a população”, confessando não estar à espera desta
homenagem por parte do município. Já para Prudência Vaz, natural de Pinelo,
concelho de Vimioso, “é muito gratificante o reconhecimento dos nossos
concidadãos e sinal do trabalho bem desenvolvido”, realçou.
Escrito
por: Jornalista Hélder Pereira
Retirado
de www.jornalnordeste.com
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